quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fantasma ou histeria coletiva

Somente ontem tomei conhecimento do estranho caso, ocorrido no início deste mês, das sete estudantes, entre 12 e 19 anos, que passaram mal, na Escola Municipal Eduardo Barbosa, área rural de Itatira, interior do Ceará (a 221 Km de Fortaleza), após terem supostamente recebido a visita do Espírito de um colega falecido há sete anos, o qual teria até falado com elas. Em eventos posteriores, outras pessoas teriam experimentado sintomas desagradáveis — dores musculares e de cabeça, palidez, calafrios, náusea, paralisia muscular, aumento dos batimentos cardíacos e pressão alta —, chegando-se a um total de 25 vítimas, incluindo pais de alunos.
As aulas chegaram a ser suspensas. Não faltaram pessoas propondo a ocorrência de um transe, mas o médico da cidade vizinha, que recebeu as sete primeiras alunas, foi categórico ao falar em características de histeria.
Com efeito, o aparentemente assustador episódio está sendo explicado por um psiquiatra, uma psicóloga e um padre-parapsicólogo como sendo um caso de histeria coletiva. O sítio PsiqWeb, que sempre costumo recomendar, porque possui conteúdo psiquiátrico acessível a leigos, possui um artigo muito interessante sobre histeria.
Claro que as pessoas prefeririam uma explicação transcendental. O Espiritismo explica detalhadamente essas manifestações. Materialização, psicofonia, mediunidade, tudo isso pode ocorrer. Contudo, um espírita que se preze considera todas as possíveis explicações convencionais, digamos assim, antes de defender categoricamente que se trata, mesmo, de um fenômeno espiritual. Para mim, o que temos ali é nada mais do que disseram os especialistas: histeria coletiva, seguido talvez de simulação pura e simples, que pessoas poderiam realizar para fomentar o clima de terror.
Resta saber qual foi o fato gerador de uma reação tão extrema. Esta sim parece ser a grande questão que a comunidade de Itatira tem a enfrentar. Por que seus jovens não estão felizes?

4 comentários:

Tanto disse...

Eu prefiro a tese de fantasma. É bem mais interessante (não que a tese de histeria coletiva seja desinteressante).

Artur Dias disse...

Caro Yúdice:
Episódios de "possessão", como classificaram os evangélicos locais, vêm sendo registrados desde 2007, 2008, entre os jovens indígenas da etnia Galibi - Marworno, da terra Indígena Uaçá, Oiapoque - AP. Eles vêm se deparando com rápidas mudanças no modo de vida, por conta do anúncio do asfaltamento da BR 156, que corta a terra indígena. A Estrada em si não é um mal, até é vantajosa para os índios, mas atrai forte migração. Outro aspecto importante é que cada vez mais as relações de troca e solidariedade se substituem pelo meio monetário. Pais ficam divididos entre conservar os meninos no trabalho do roçado ou mandá-los estudar na cidade, onde se pode chegar a professor indígena com salário de R$ 1500,00. Possuir tênis, mp3 player e outros objetos de consumo virou, dependendo da condição econômica da família, motivo de frustração ou de ostentação, mas no fim de tudo, a identidade indígena sofre um abalo por demais forte. Os jovens, como uma espécie de "fusível" da sociedade, são os primeiros a sentir essas mudanças.

Ana Miranda disse...

Igual ao filme "As Bruxas De Salém".
Eu, como uma descrente total, concordo com histeria coletiva.

Yúdice Andrade disse...

Sem dúvida que o fantasma seria mais interessante, Fernando. E mais útil. Para que as pessoas comecem a abrir seus olhos para certas realidades alternativas, digamos assim.

Que informação valiosa, Artur! Jamais ouvira falar a respeito. Vou procurar mais informações.

Um excelente filme, Ana, útil também para conhecer aspectos históricos do Direito Penal.