terça-feira, 20 de julho de 2010

Os ecos do ENEM

Nos últimos dias, a diuturna cobertura sobre o "caso Bruno" sofreu um abalo: a mídia começou a dar atenção ao resultado do ENEM. Como era de se esperar, quem tem de que se orgulhar, orgulha-se. Quem muito pelo contrário, ou se explica ou faz cara de paisagem. No Pará, cujos indicadores de desempenho, mais uma vez, foram tétricos, optou-se por fazer cara de paisagem de manguezal degradado.
Nosso Estado não possui nenhuma escola bem cotada no ranking do ENEM. Nenhuma. De novo. E não adianta usar o velho argumento de perseguição, de que somente instituições do Centro-Sul são bem avaliadas, porque a segunda melhor escola do país, segundo o último ENEM, é do Piauí. Sim, do Piauí, o Estado mais pobre da federação. Entre as 20 melhores aparece o Maranhão, também outro Estado paupérrimo e dominado por politiqueiros pós-graduados em malinagens com a coisa pública. Mas não o Pará.
Para aqueles que não se conformam em ficar de fora de uma lista, lá vai: a pior escola privada do país é do Pará, especificamente de Altamira. Se eles já se explicaram, não sei. Mas pensando bem, por que se explicariam, se o governo do Estado nada tem a dizer senão que a culpa pelo mau desempenho é dos estudantes?
Meu Deus, quanta vergonha para nós!

3 comentários:

Pensar Liberta disse...

É triste, meu amigo. Educação pública de qualidade continua sendo apenas um conceito, uma teoria, uma bandeira política para fins meramente eleitoreiros. O que deveria ser realidade, é uma frustrante raridade. Até quando?

Ana Miranda disse...

Caríssimo Yúdice, não estrague suas férias. Deixe para ficar "nervosinho" quando você voltar para casa. (brincadeirinha)
Minas tem alguma escolas no ranking, aliás, Juiz de Fora tem.
Eu entendo bem sua preocupação, afinal de contas, a Júlia ainda vai estudar muito em escolas da sua linda Belém.

Yúdice Andrade disse...

É pena, Adelino, que certas experiências-modelo sejam apenas isso: experiências e modelo, em vez de ser uma rotina disseminada pelo país.
Até quando? Até aprendermos a votar. Mas isso talvez seja a menor parte do esforço. Há uma enorme necessidade de mudança de certos valores sociais.

Nem cheguei a ficar nervoso, Ana. Na verdade, eu já esperava um mau resultado assim. Mas se eu não o lamentasse publicamente, não seria eu...