terça-feira, 12 de outubro de 2010

Menina mutilada

Se é verdade que a vida imita a arte, isso tanto pode implicar em imitações belas quanto terríveis. Frequentemente, quando navego pelos portais de notícias, fico com a sensação de que todo o mundo é um teatro onde dramaturgos grotescos encenam, sem cessar, versões de carne e osso de O poço e o pêndulo, celebérrimo conto de Edgar Allan Poe.

Veja-se este caso da jovem Aisha, agora com 18 anos. Vendida pelo pai aos 12, como quitação de uma dívida, tornou-se escrava de um talebã. Bem se pode imaginar a rotina de torturas físicas e sexuais, além da exploração do trabalho. A reificação absoluta de um ser humano, a quem não se reconhece sequer o direito de fugir.

No final das contas, terminou severamente mutilada e abandonada. Tremo em pensar que ela teve "sorte", porque sobreviveu e pode encontrar pessoas que, agora, trabalham pela reconstrução de seu rosto e de sua autoestima.

E como somos todos sensíveis à beleza, não nos passa despercebido o quanto essa menina é bela.
Folgo em saber que ela está tendo a sua segunda chance. Boa parte das vítimas não tem sequer a primeira, ainda mais no contexto de guerras que não terminam jamais.

4 comentários:

Ana Miranda disse...

E a gente, em um dia ruim, se dá ao luxo de se achar injustiçado e que a vida é uma droga.
Sem palavras...

Adrian Silva disse...

É verdade, Ana Miranda. É pura verdade... só que infelizmente também não podemos deixar de viver nossas vidas pensando somente no outro, pois esquecendo de nós mesmos, estaríamos nos prejudicando, deixando de viver primeiramente para si. Bem da verdade, o que se pode fazer é o "mínimo" frente a toda sorte de males que sondam os demais. Para cada cidadão, o mínimo de bem deve ser feito (uma gota de solidariedade), o mínimo.
Vocês já assistiram o filme "Corrente do Bem" com Haley Joel Osment? É um excelente filme que trata sobre essa temática, eu recomendo.

Yúdice Andrade disse...

É esse tipo de raciocínio que procuro fazer sempre que me deparo com esses dramas humanos.

Essa particularidade que destacas, Adrian, pode ser resolvida através de uma busca de equilíbrio.

Anônimo disse...

Meu Deus, o que fazer?