quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Discordâncias sobre a juventude atual

A respeito da postagem "Público de qualidade", duas abaixo desta, o comentarista Bruno deixou a seguinte manifestação:

Discordo em grande parte do colocado. Estamos lidando com uma juventude cada vez mais dinâmica, pressionada por uma avalanche de informação inimaginável a poucos anos atrás.
Não é só isso. A cada geração, em média, o QI sobe em 10 pontos.
A perda de interesse em blogs da juventude nada mais é do que mais um passo (com pontos positivos e negativos) desta evolução. Quanto ao fato dos maiores de 30 anos manterem o foco na blogosfera parece-me mais inépcia a mudança, à inovação, à evolução.
Um jovem de 14 anos não quer ler três páginas de um livro infantil? Prefiro pensar que é por ser entendiante e pouquíssimo recompensador. Você bem falor que cabe aos autores de blogs captar a atenção do leitor. Nos livros não é diferente. Ele (o jovem) precisa mais do que isso para ser estimulado. Também precisa aprender melhor a expressar o desânimo. "É grande" não expressa a verdadeira razão.
Lembro do quanto, em minha juventude, os video games eram criticados, como alienadores, que contribuíam para a "imbecilização". Esta mesma geração cresceu, se tornou muito mais eficaz no mercado de trabalho e provou com estudos todos os benefícios da jogatina (excetuando-se, claro, os casos de vício e dependência comuns a diversas atividades).
Não cometamos os erros de dizer que "os desenhos animados de antigamente eram muito melhores" ou que "as músicas de antigamente eram melhores". Hoje se produz conteúdo em uma quantidade incalculável. Claro, a maioria sem valor, mas há muito de bom (e criticamos de forma generalizada por pura ignorância). O importante é perceber o valor dentro de seu respectivo tempo. E manter todo o valor merecido por aquilo que passou.
Mas, de fato, a mudança é global. O mundo em que eles vivem cada vez mais prescinde de fronteiras. E todo esse processo é inevitável, apenas devendo ser adequadamente conduzido. Não é fácil, mas considerar "imbecilização" é, na minha opinião, o receio da mudança expressado de forma tão equivocada quanto o "é grande".
Ah, e eu adoro futebol! E Pelé ainda é o Rei pelo gênio que foi em seu tempo. Se jogasse hoje como jogou em seu tempo, não seira capaz de acompanhar a velocidade e força física estabelecidos no futebol. Mas isso não diminui em nada a genialidade dele e de sua geração.

Caro Bruno, você diz que discorda de mim "em grande parte", mas eu diria que nossa discordância é maior do que você pensa. Vamos por partes:

1. Antes de mais nada, a postagem não teve a intenção de estabelecer uma superioridade moral ou intelectual dos balzaquianos (como eu) sobre os mais jovens, como decerto é o seu caso, dada a defesa empolgada da faixa etária. E, como ideia rápida que é, usou a generalização como recurso retórico, aceitando todos os riscos dessa opção, mas sem o propósito de generalizar para ofender ou passar atestado de burrice. Frequentemente, a generalização é um recurso necessário na comunicação e, por si só, não é um mal.

2. Já li sobre os avanços intelectuais e até físicos da humanidade, nas últimas décadas. Mas convem encará-los com cautela, mormente diante do argumento por você empregado. Os jovens, hoje, têm um extraordinário acesso a dados, mas dados não necessariamente são informação e informação não é necessariamente conhecimento. Informação não trabalhada de pouco ou nada serve. Aliás, uma das mazelas de nosso tempo é que se sabe tanta coisa (quantidade) que, no final das contas, não sabemos nada ou muito pouco (qualidade). Qualquer adolescente hoje em dia sabe uma miríade de coisas que não passaram pela cabeça de um Ruy Barbosa, p. ex. Creio que não preciso prosseguir nesta explicação, certo?

3. Ao dizer que os maiores de 30 anos se mantêm ligados aos blogs por resistência à mudança é uma generalização, especulativa e incorreta. Cada vez mais pessoas, inclusive idosos (presumivelmente mais avessos à tecnologia), aderem aos blogs. Isso não é resistência: é assimilação! Creio que os fatos desmentem sua conclusão. Trocar blogs pelo Twitter não sugere vontade de abraçar o novo. Não vejo a menor relação de uma coisa com outra.

4. A despeito de sua bem intencionada suposição, o meu parente de 14 não quis desistir da leitura por ser avançado demais para ela. Foi preguiça, pura e simplesmente. A ideia de pegar o livro foi dele, que estava plenamente consciente do que tinha nas mãos. Você acha que gosto de livros destinados a crianças de 2, 3 anos? Lógico que não. Mas os leio por uma finalidade específica. E não posso dizer que são ruins, pois são adequados ao público a que se destina. Infelizmente, esse público não lê sozinho.

5. Caro novo amigo, preciso dizer que arte boa e arte ruim sempre existiu e sempre existirá. Mas, no geral, as músicas e os desenhos de antigamente eram mesmo muito superiores aos de hoje, salvo raras exceções. Há argumentos técnicos para justificar isso, mas eu, lamentavelmente, não tenho a qualificação necessária para tentar explicar. Quanto aos videogames, melhor nem comentar, pois eu os odeio com uma força que só se satisfaria se eles fossem eliminados do mundo. Joguinho besta de computador pode.

6. Finalmente, o problema não é o futebol, mas a imbecilidade em torno dele. No mais, Pelé foi um jogador extraordinário. Não sei nem me interessa se o melhor, mas extraordinário. Infelizmente, ele só foi bom nisso. No mais, é uma pessoinha bem detestável.

Às ordens para debater. Um abraço.

20 comentários:

Arthur Laércio Homci disse...

Adoro esses debates com qualidade, mas quero apenas fazer referência a um ponto em que concordo com o Bruno, mesmo não discordando do Yudice.

Falar que as coisas de antigamente eram melhores dos que as de hoje não é algo muito simples. Apenas as pessoas que viveram as duas épocas têm condições de fazê-lo, e mais, apenas se essas pessoas tiverem vivido as duas épocas na mesma intensidade.

Uma pessoa como eu, 24 anos, que gosta de coisas mais antigas, não pode fazer qualquer tipo de comparação, pois não vive no pretérito. As coisas que sei do passado, principalmente relativas à cultura em geral, foram filtradas pelo tempo, de modo que só restaram aquelas que realmente conseguiram superar essa barreira, e, evidentemente, tinham conteúdo qualitativo par isso.

Não obstante, muita coisa ruim foi produzida no passado (músicas, livros, desenhos etc), num ritmo menor, é verdade, dada a ausência de tecnologia para tanto, mas não chegaram a nós por pura falta de qualidade.

Em suma, as gerações mais se completam do que se comparam.

Ana Miranda disse...

Na minha curtíssima época de adolescente, (casei-me aos 15 anos e logo passei ao mundo dos adultos)todos os meus amigos adoravam ler. Lembro que competíamos para ver quem pegava mais livro na biblioteca escolar e na bilioteca pública. Adororávamos discutir os livros lidos, tecer comentários, e o mais engraçado é que quanto mais falávamos mal de um livro, mais ele era lido.
Não sei, mas na minha época (coisa de gente velha isso, né? "Na minha época") acho que a juventude era mais "papo cabeça" sim.
Acho os jovens de hoje mais voltados para o prórpio umbigo, é claaaaaaaaaaaaaaaro que isso não é regra, pois eu mesma vivo rodeada de uma juventude super engajada, que passa seus finais de semana procurando soluções para os problemas dos menos favorecidos, enquanto poderia estar com seus (as) namorados(as), mas penso que no meu tempo (eh...eh...eh...) esse número de jovens era infinitamente maior.
Acho que a juventude de hoje perde muito em música, em desenhos, em jogos...
Genteeeeeeeeeeeeeeeee, nós brincávamos na rua, onde não precisávamos de brinquedos caros, movidos à pilha e que fazem tudo sozinhos, precisávamos um dos outros para a brincadeira ser legal.
Ah, bons tempos aqueles!!! (eh...eh...eh..., vixi, estou velha mesmo)

Frederico Guerreiro disse...

Sem sombra de dúvidas vivemos a era do culto ao lixo. E persiste o erro de medir a inteligência por pontos, a ponto de superestimar os estímulos ao "novo ser humano", até que um dia nascerá um ser perfeito, já com manual de instrução embutido no bumbum do bebê, nosso hamster moderno.
Seria bom se os jogos eletrônicos, o futebol ou a música chinfrim ao menos treinassem os jovens a usar a verdadeira inteligência, aquela que converge os conhecimentos acumulados para um uso produtivo, não apenas para responder a alternativa correta ou ao indigesto "politicamente correto"; a tal sublimação do aluno nota dez, nosso herói da meritocracia, maior mimo intelectual que nossa sociedade competitiva foi capaz de produzir. Nesse caso o foco está na pessoa, não no conhecimento como um bem comum de uma sociedade, colocado em proveito de todos. Não modificou nada, não criou nada, apenas reproduziu com excelência o que recebeu.
Não há nada de novo na cultura atual que não seja lixo. Tudo se copia e nada se transforma a ponto de superar o passado. Qual será a herança cultural que essa geração vídeo game/futebol deixará para as futuras gerações? Será que não vão continuar bebendo da fonte do passado?
A propósito, o termo adequado não é "imbecilização" (embora eu concorde em parte), mas sim "alienação".

p.s.: tenho dois filhos jovens: um de 22 e outra de 16. Vou lutar até a morte para que não caiam na tentação do senso cumum. Afinal, o mundo em que eles vivem é o mesmo que o meu, o seu, o nosso...

Polyana disse...

Devo dizer que, exceto na questão dos videogames, que adoro (e sou causa do ódio do meu marido por eles), concordo totalmente com os argumentos do Yúdice. E acrescento a seguinte informação: o QI não é mais uma medida confiável ou desejável como o principal norte da inteligência humana. E nem estou falando no QE, que muita de QI alto precisa desenvolver, mas de outras habilidades que o QI não mede, como capacidade de entender a si mesmo (inteligência intrapessoal) e de se relacionar com os outros (inteligência interpessoal), ou até mesmo a inteligência predominante no Pelé, a corporal, entre outras vertentes das nossas habilidades. Ter acesso a um monte de dados não desenvolve a ponto de aumentar em 10 pontos as habilidades matemáticas, lógicas e espaciais das pessoas. O que faz isso é um ambiente estimulante e variado, com desafios constantes e crescentes. Sei que a frase soa genérica demais, mas dá pra ver que ela não se refere a uma quantidade crescente de dados. Podemos ter acesso hoje a mais informação do que nossos avós recebiam em um mês, mas eles absorviam e analisavam mais do que nós a informação que recebiam. Hoje no Brasil temos muito mais analfabetos funcionais do que analfabetos de fato. Isso é um problema para a quantidade de informação que chega, e nem é absorvida, nem mesmo filtrada, pois o senso crítico também fica prejudicado.
Bem, essa discussão pode continuar por muito tempo ainda. Só queria terminar dizendo que os desenhos animados para a faixa etária da Júlia, e até 3 anos, são realmente muito melhores hoje do que antigamente. E que o Capitão Planeta até tinha boa intenção, mas era um saco!!!!!

Anônimo disse...

O Bruno mandou bem.

Anônimo disse...

Yudice, seu comentário foi preconceituoso. Você colocou todos os jovens como alienados e debeis mentais no corpo de seus argumentos. O jovem bruno, contra argumentou de forma magistral , colocando-o no seu devido lkugar.

Yúdice Andrade disse...

Arthur, és um cara especial - na inteligência, na sensibilidade e nos objetivos de vida. Gostei muito do teu comentário, o qual me remete a novas reflexões.
É verdade que, para comparar as produções de épocas distintas, o ideal seria que tivéssemos vivido ambas (note-se a omissão proposital da preposição "em"). Pois não se trata simplesmente de conhecer a obra, mas de ter vivido o que ela representou em sua época. Um jovem hoje pode assistir à triologia "O poderoso chefão" e achar arrebatador, mas nunca saberá exatemente como o grande público se sentiu nos anos em que os filmes foram lançados, como eles foram sentidos e entendidos. É uma lacuna impossível de fechar, por isso precisamos nos adaptar a esse fato e julgar as obras - ou as eras - com cuidado.

Yúdice Andrade disse...

Interessante, Ana: ontem minha esposa disse a mesma coisa sobre um livro criticado negativamente ser mais lido. Como não convivi com pessoas que liam (exceto meu irmão), não posso fazer esse julgamento, mas seria uma postura adequada a pessoas que pretendem ter opinião própria, querem conhecer, não se contentam com pouco. Exatamente o que não vemos hoje, como regra.
Também brinquei muito na rua, com as crianças das casas próximas. Brincadeiras coletivas que as crianças de hoje sequer sabem que existem e que farei minha filha conhecer.

Yúdice Andrade disse...

Fred, já sabes que não concordo integralmente com o teu julgamento sobre o que é produzido hoje, notadamente nos campos da arte e do entretenimento. Penso, p. ex., que a fotografia se beneficia das inovações tecnológicas, permitindo ao fotógrafo-artista a possibilidade de compor cenas simplesmente inimagináveis há alguns anos. A materialização de uma fantasia que só existia em sua alma.
É o tal separar o joio do trigo, que sempre lembramos.
Também divirjo um tanto no que tange à meritocracia, porque admito que sou meritocrata, embora não sectário: não desprezo o setor de baixo (afinal, sou um professor); tento, isto sim, puxá-lo para cima, convencendo-os a querer o mesmo mérito. Pode ser um erro de abordagem, mas venho fazendo minhas adaptações ao longo dos anos.
E só para deixar consignado: detesto o modelo competitivo de sociedade.
No mais, teu comentário sobre valorizar o conhecimento como um bem para a humanidade foi muito pertinente.

Yúdice Andrade disse...

Polyana, teu comentário técnico merece maior atenção.

Pelo visto, o Bruno ganhou um fã clube por aqui. Isso, é claro, se não foi ele mesmo quem escreveu os comentários anônimos.
Qual seria o meu "devido lugar", cara pálida?
Sobre ser preconceituoso, a explicação que dei ao próprio Bruno poderia dissipar tal impressão, mas não sei se você o leu ou, se leu, se entendeu. Acima de tudo, veja que, à exceção de você(s), todos os demais comentaristas foram capazes de desenvolver seus raciocínios, em vez de fazer um simples juízo de valor irritadinho.
E não diga que os elogio porque concordaram comigo, porque o Fred Guerreiro emitiu opiniões contrárias ao meu pensamento e, como nos conhecemos pessoalmente, já sabemos de antemão o que esperar, portanto ele sabia que o seu comentário seria objeto de discordância. E ainda assim o elogio.

Anônimo disse...

É complicado generalizar algo tão heterogeneo como o público de um blog ou o gosto dos jovens. Fato é que o mundo atual é comumente chamado de dinâmico, seja pela mídia ou pela opinião de professores em sala de aula, isso atrai uma grande massa aos meios de comunicação mais rápidos, por isso, entendo, ser mais fácil utilizar o twitter (e nem preencher os 140 caracteres!), do que se destinar a escrever um bom conteúdo em um blog ou até mesmo lê-lo.
Essa dinamicidade atropela até o português. "Td bm q se abrevie. Mais iscrever axim jah eh demais!" Uma coisa é abreviar, outra é mudar as palavras já existentes com acréscimos de letras desnecessárias, o que faz mudar totalmente o sentido da frase. Tenho asco de quem mudou o 'coração' por 'corassão' e depois simplificou em 'S2'. Reflete diretamente a falta de leitura.
Quanto ao video game, sou defensor dos jogos. Hoje, tenho grande vocabulário de inglês proveniente dos jogos que me divertiam na infância. Além do supérfluo, como noções de estratégias diversas. Certa vez li um artigo na super interessante, que em sua defesa do video game, indagava o que seriam dos livros se, por ventura, os jogos eletrônicos tivessem surgido primeiro.
E as brincadeiras de rua de outrora, vão aos poucos desaparecendo por culpa de uma (in)evolução que preocupa os pais em deixarem seus filhos brincarem na porta de casa. Mas era muito bom jogar bola no asfalto, pique-esconde...

Polyana disse...

Puxa, "hamster moderno" foi forte... faz a gente refletir. Hoje em dia existem milhões de apelos (para os pais) para desenvolverem ao máximo o potencial dos seus filhos e eu confesso que não estou imune. Os conhecimentos sobre psicologia infantil e cognição dos bebês aumenta a cada dia (o que deveria fazer com que os novos pais repensassem as táticas educativas em vez de repetir a fórmula usada com eles, mas isso é outra discussão) e surgem produtos até para mim absurdos, como aqueles cartões com desenhos e palavras para bebês de menos de 8 meses, com o objetivo de criar "superbebês" que teoricamente sabem contar e ler. Obviamente que os bebês aprendem a responder como se deve, mas sem refletir sobre o assunto, e sem saber o significado, só reflexo. Foi como quand a Júlia me chamou de mamã a primeira vez. Ela tinha 5 meses e eu tenho certeza que não sabia que aquele som significava "a pessoa mamãe", mas só sabia que produzir o som provocava um efeito em mim (e que efeito, hehehe).
É mais ou menos o que acontece com os jovens. São superestimulados o tempo todo, pressionados para serem inteligentes, bem sucedidos, espertos, felizes (a pressão para ser feliz é enorme). E, como não conseguem lidar com tudo isso, acabam fazendo só o "parecer". Colocam frases de impacto no seu Twitter, sem necessariamente refletir sobre isso. Só "causar". Ou "chocar".
Devo dizer, entretanto que discordo do Fred em relação aos alunos nota 10 e concordo mais com o Yúdice. Não necessariamente um bom aluno só repete o que lhe foi repassado. Pelo menos não com os professores certos. Ok, na maioria das vezes, não. Mas não se pode desmerecer o interesse dos alunos em conseguir os louros do estudo, nos moldes que ele é hoje. Além do mais, para o bom aluno MESMO, o conteúdo de sala de aula não é suficiente.

Polyana disse...

Ah sim: o ponto que mais discordei das considerações do Bruno foram justamente as que ele diz que o jovem não lê porque não encontra nada desafiador para ler. Fala sério! Quer dizer que não lêem porque só tem porcaria publicada? Existem zilhões de livros por aí! Só não acha um que combine com você quem não procura! O interesse na leitura começa no procurar um bom livro e querer achar, e não só ficar esperando que alguém te diga pelo Twitter qual é o livro que está bombando...

Bruno disse...

Amigos,

Primeiramente quero manifestar minha satisfação por participar de um debate de tão alto nível, com pessoas de bom senso. Ainda mais com conterrâneos. Ao Yúdice, muito obrigado pelo espaço aberto! Fiquei surpreso hoje. Mas não fui eu que coloquei os comentários anônimos nem tampouco concordo com a grosseria.

Gostaria de esclarecer que realmente fui generalista. Infelizmente o espaço e o tempo aqui nos obriga a ser. Claro, para tudo há exceções a serem consideradas. Como Yúdice tinha colocado uma visão, quis expor uma contrária. Certamente há pontos em comuns e intermediários em tudo isso.

Ainda, justamente não posso concordar com colocações (generalistas) como a de alguém na lista do tipo "Não há nada de novo na cultura atual que não seja lixo". Plagiando o lixo da cultura contemporânea, prefiro não comentar!

Yúdice, você concordaria comigo se eu disse que a preguiça está ligada (pelo menos em parte) a uma falta de estímulo? Foi esta a minha intenção.

Quando citei a questão do QI, não quis dizer que concordo e que acho que é a única forma de medir a inteligência de um ser humano. Claro que não! Mas, não podemos ignorar que é um indicador (dentre muitos outros) de que algo está mudando (e evoluindo). Também não disse que a causa disso é o volume de informação que hoje acessamos. Darwin certamente explicaria melhor do que eu.

Quando citei Pelé, de fato me referi ao jogador de futebol. Aliás, é de muito tempo que temos em nossa cultura o culto a pessoa, independente se merecido ou não como consequencia do destaque profissional. Bom exemplo é o Cazuza.

Mas, continuo sem concordar com você sobre os desenhos (aqui aproveito para incluir as animações) e video games (sem em momento algum desmerecer os joguinhos besta de computador e os sempre eternos Tom & Jerry, Pica-pau, etc. etc.). Eu vejo todos que o meu tempo permite. E, mais uma vez discordando de um dos comentaristas, os jogos desenvolvem sim a inteligência. Claro, nem todos os aspectos da inteligência já citados.

Polyana, eu não quis dizer que só tem porcaria publicada. Só quis dizer que aquela leitura não o estimulou a prosseguir. Seja pelo conteúdo, pelo meio (um formato que, convenhamos, provavelmente não o agrade tanto quanto ler o blog do tio) ou pelo simples desejo inconsciente de "filtrar" diante de tanta coisa. Não sei o(s) motivo(s) e não sou qualificado para avaiá-los, mas estão lá.

Quanto aos meus dois filhos, não luto para que não caiam na "tentação ao senso comum". Prefiro dar (ou tentar) o discernimento necessário para compreender e lidar com o mundo que os cerca. Que eles caiam nesta tentação e conheçam todos os aspectos. E que tenham a capacidade de aprender e escolher.

Enfim, tentei comentar alguns dos muitos pontos que foram colocados e certamente pequei por omissão em muitos. Seremos vencedores à medida em que juntarmos o melhor de cada um dos "mundos" (certamente uma missão bem mais difícil do que o quebra-cabeças de 24.000 peças) e que aqui permaneça (em sua maior parte pelo menos) um debate proveitoso.

Obrigado!

Polyana disse...

Bruno, continuemos, então: eu concordaria com você se meu sobrinho estivesse lendo um livro para si. Mas ele estava lendo para a Júlia, e se dispôs a fazer isso quando pegou o livro pra ela. Ao virar a folha e ver que a história tinha 3 páginas, em vez de uma só como pensou inicialmente, ele reclamou, dizendo "mas eu tenho que ler tudo isso?". Eu não consigo ver os motivos que você aponta nesta situação porque não era pra ele. E, se o motivo foi achar que a Júlia não merece este "esforço/sacrifício", então é porque ele não gosta mesmo de ler. E foi isso que entristeceu o Yúdice e a mim.
O segundo ponto é: tudo que eu entendi que você tinha dito sobre QI você afirma que não foi o que quis dizer. Então, por favor, elabore melhor o que o Darwin explicaria pois agora percebo que não entendi mesmo o que você queria dizer em primeiro lugar.
O terceiro é seu comentário sobre a luta por não cair no senso comum. Ora, a luta é justamente essa: tentar dar o discernimento necessário para compreender o mundo. Esse é o difícil. Se tiverem este discrenimento, a chance de cair em tentação é pouca. Veja que cair em tentação signifca que entraram em contato com o fator discutido aqui e escolheram não "cair".

Yúdice Andrade disse...

Ei, Bruno, gostei tanto de ti que já somos amigos de infância! Espero que voltes aqui outras vezes e me ajudes a manter debates tão interessantes como este tem sido. Um forte abraço.

Belenâmbulo disse...

Meu amigo, que inveja!
Uma caixinha de comentários como essa é uma verdadeira injeção de ânimo ao blogueiro.

Abraço

Yúdice Andrade disse...

Esta postagem foi bastante feliz. Espero que isso te estimule a sair da fase de "revolta contra o próprio blog". Sentimos a tua falta.

Anônimo disse...

Nada melhor do que argumentar utilizando-se do respeito e da amizade.

Isto é o que chamo de civilização: apesar das diferenças, saber expor seu ponto de vista.

Alexandre

Yúdice Andrade disse...

Verdade, Alexandre. Esta postagem me trouxe grandes alegrias.