A sexta e última

Já fui fã de umas tantas coisas, mas nunca me descabelei ou perdi o sono por nenhuma delas. Sempre fui avesso a excessos e olho com uma antipática desconfiança as pessoas que se matriculam em cursos para aprender a falar klingon ou que só faltam se autoflagelar para estar na cabeça da fila, para a sessão de estreia do filme que amam, principalmente se for à meia noite. Ah, claro, e para os que vão fantasiados, se achando, às vezes se submetendo ao vexame de (tentar) reproduzir o figurino de Matrix no calor lancinante de Belém do Pará.

Mas isto sou eu e há muita gente disposta a fazer de um tudo para demonstrar a sua paixão, como burlar procedimentos de segurança e colocar, na Internet, o primeiro episódio da sexta e última temporada de Lost, antes mesmo de sua exibição na TV americana. Para que isso? Esperar e ficar cheio de ansiedade faz parte do jogo bom do entretenimento.

O episódio que dá a largada do último ano da controvertida série foi exibido ontem à noite nos Estados Unidos, mas houve a tradicional prévia no Hawaii, onde a série é gravada. E é justamente nessa hora que os descontrolados gravam a imagem no telão, até com celulares, e colocam na rede mundial. Há, inclusive (coisa de nerd), todo um esforço, nem sempre bem sucedido, por garantir uma boa qualidade das imagens e do som, para gerar legendas e demais providências necessárias ao proveito do material.

Este ano, o público brasileiro que tem acesso à TV paga esperará apenas uma semana para ver o episódio, um prazo bastante decente, mas que não pode ser suportado por muitos. Estes recorrerão aos programas de compartilhamento de arquivos e, em dois dias talvez, já poderão usufruir das emoções finais.

Eu estou na espera, na expectativa boa que move o jogo do entretenimento.