Um pouco mais cedo, esta noite, eu assistia com minha esposa ao 19º episódio da 2ª temporada do ótimo seriado Numb3rs ("Matéria escura"), quando vimos uma cena em que o personagem Larry Fleinhardt convida a agente do FBI Megan Reeves para um encontro.
A questão é que Fleinhardt é um gênio da Matemática e passou toda a sua vida concentrado na ciência. Era o típico nerd, na escola, que não possuía o direito, sequer, a uma mesa no refeitório. Aqueles clichês da cruel sociedade norteamericana. Hoje, é um adulto preso ao estereótipo do gênio, que trata com naturalidade dos assuntos mais complexos do universo, fala com uma linguagem empolada que me parece altamente divertida e tem enorme dificuldade em interação social. E Reeves é uma loiraça boa de briga, com uma pistola por baixo do blazer. Ou seja, um improvável casal.
No episódio em questão, vemos o começo do relacionamento amoroso entre os dois. É o dia em que Fleinhardt toma a iniciativa do primeiro convite. E o que ele propõe? Um jantar, um show ou um espetáculo terpsicórico. Isso mesmo: um espetáculo terpsicórico. Reeves sorri, diz não saber o que é a terceira coisa, mas aceita o jantar.
Sem saber o que era terpsicórico — e apaixonado pela Língua Portuguesa —, fui obrigado a pausar o programa e correr para a Internet. Sob o temor de esquecer a palavra, fiz a busca imediatamente. Não dormiria com essa dúvida me corroendo. Felizmente, tais consultas hoje em dia são muito fáceis. A boa e velha Wikipedia está aí para quebrar o nosso galho. Graças a ela, supri a minha ignorância no campo da mitologia grega e soube que Terpsícore foi uma das nove musas, filhas de Zeus e Mnemósine. Eu já ouvira falar delas, notadamente de Eutherpe, da música. Mas não conhecia Terpsícore, musa da dança, arte da qual não sou lá o maior entusiasta.
Em suma, o tal "espetáculo terpsicórico" era tão somente um espetáculo de dança, em linguagem de gente. A palavra sofisticada me levou a acreditar que era alguma coisa do arco da velha, bem ao gosto de um gênio da Matemática.
Portanto, a palavra de hoje é terpsicórico. Acabamos de aumentar o nosso vocabulário e a nossa cultura geral. Há outras palavras muito interessantes para se compartilhar. Que o diga o Tanto.
Terpsícore
no óleo sobre tela de Jean-Marc Nattier (1739)
3 comentários:
Puxa, pior que eu sabia o que era terpsicórico... E comigo nunca acontece de nos episódios que eu vejo usarem uma expressão desse calibre... Que azar!
E eu, com Sky em casa, perdendo isso??? Não acredito...
Eh...eh...eh...
André, o bom desses seriados é que, embora na maior parte dos casos sejam apenas entretenimento, volta e meia aprendemos alguma coisa interessante. Mas é preciso acompanhar bons seriados episódio a episódio. Ou então dar sorte.
Pela palavra ou pela dança, Ana?
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