Na eterna guerra entre os sexos, um dos temas mais recorrentes é a habilidade das mulheres na condução de veículos automotores. Ou a falta dela.
Mote constante de debates e sobretudo piadas, com frequentes casos de mulheres ofendidas, o folclore em torno do assunto vai do deboche puro e simples até argumentos de caráter científico. Por exemplo: segundo a Neurociência, a capacidade de orientação espacial dos homens é melhor do que a das mulheres. Por isso, os homens sabem se locomover melhor, inclusive quando dirigem. Mas isso, claro, é um padrão, cuja confirmação na prática dependerá de diversos fatores, p. ex. a educação recebida.
Acabo de saber, pela via insuspeita do Kibeloco — de onde tirei a simpática imagem ao lado, mostrando uma vaga de estacionamento para mulheres —, que na Coreia do Norte elas são proibidas de dirigir. O motivo? "Barbeiragem".
Ficamos com a impressão de que se trata de uma medida recente, mas clicando no link, chegamos a uma reportagem da Folha Online, revelando que a proibição já existe há uma década e se estende às bicicletas! O motivo, realmente, é o excesso de acidentes que as mulheres já teriam causado.
Lendo a matéria, qualquer graça que a manchete pudesse ter desaparece. Vemos que a Coreia do Norte, um país sem democracia, sem eleições livres, sem liberdade de expressão, submete a população feminina a uma terrível exploração: elas trabalham demais, porém não existe contrapartida no que tange a direitos. Nem calças compridas se pode usar. Em caso de desobediência, a pena é de prisão com trabalhos forçados.
Coreia do Norte: mais um país ausente de minha lista de viagens.
4 comentários:
Se na sua lista a Coreia está fora, na minha nem preciso dizer, né?
Nem entro em debates sobre barbeiragem feminina.
Acho que têm mulheres que dirigem bem, assim como têm mulheres que dirigem mal. O mesmo se aplica aos homens.
Dirigir bem ou mal, na minha humilde opinião, independe do sexo do seu condutor...
Sobre a Coréia do Norte, sem comentários: Uma ditadura que é um cadáver morto-vivo de regime comunista não merece outro destino que não a putrefação histórica ou uma bela intervenção humanitária, via ONU.
Agora, sobre gênero e condução, meu amor ao rigor me pede que faça a seguinte distinção: Uma coisa é abordar o assunto pelo ponto de vista individual e outra coisa é abordá-lo pelo ponto de vista estatístico. Pelo ponto de vista individual, a Ana Miranda tem toda razão: Um indivíduo pode ser homem e dirigir bem ou mal, um indivíduo pode ser mulher e dirigir bem ou mal. Contudo, pelo ponto de vista estatístico, chega-se a conclusão de que os homens dirigem com mais habilidade e autoconfiança. É isso, aliás, que faz com que, no Brasil, sejam eles que sofram mais acidentes graves (uma estatística comumente referida para dizer que as mulheres dirigem melhor, quando na verdade elas dirigem mais cautelosamente, exatamente porque não dirigem melhor). Isso vai ao encontro da questão neurológica da melhor orientação espacial dos indivíduos do sexo masculino (mais uma vez, estatítica, e não individualmente).
Obs.: Como pode ser que alguém objete: "Mas será que dirigir mais cautelosamente não é dirigir melhor?", antecipo-me e digo que não. Habilidade é uma coisa, cautela é outra. Quando se pergunta quem dirige melhor, não se está perguntando por cautela, e sim por habilidade. Se você é alguém bastante preocupado com segurança, pode ser que prefira ser conduzido por um motorista cauteloso, mesmo que pouco habilidoso, que por um motorista habilidoso, mas pouco cauteloso. OK, essa opção é sempre possível. Mas isso apenas torna, na sua opinião, a cautela preferível à habilidade, não faz com que cautela e habilidade sejam a mesma coisa.
Concordo plenamente com suas palavras, André, e confesso que nunca tinha pensado por este lado, mas preciso completar que, em termos de resultados, se a habilidade e a confiança causam mais acidentes, mais eficiente é a cautela.
Não esperaria concordância vinda de uma mulher, Ana. Com efeito, há maus espécimes de qualquer coisa em ambos os sexos. Embora haja tendências e padrões, também. Alguns livremente escolhidos.
André, André, já se acumula a minha dívida contigo, por tornar tão instigantes questões que não teriam a mesma profundidade não fosse o teu olhar filosófico.
Polyana, sei valorizar a cautela como modo de vida. Mas muita cautela, no trânsito, também é causa de acidentes. Talvez a habilidade tenha mais valor importância, neste caso específico. Mas bem entendido: habilidade não significa ousadia, apenas precisão técnica. Aliada á responsabilidade, fica perfeito.
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