Há mais ou menos um mês, estávamos eu e minha esposa na porta do parquinho de diversões do Boulevard Shopping enquanto nossa Júlia passeava de carro com o Snoopy, quando me deparei com pessoas arrumando uma loja que ainda ia inaugurar. Já se podia perceber, inclusive pelo nome (que não divulgarei porque isto não é um jabá, e sim uma ponderação honesta), que se tratava de uma loja infantil. Comentei que os donos haviam sido inteligentes em locar um espaço de cara para o parque.
Ontem, porém, constatei que os donos foram mais espertos do que eu pensava. A loja vende uns poucos brinquedos, fantasias e cacarecos, mas o objetivo verdadeiro é outro: eles vendem um espaço de lazer. A maior parte da loja foi destinada a construir umas casinhas temáticas, cada uma com um tipo de brinquedo. Além disso, há outros brinquedos, notadamente os capazes de desenvolver habilidades (como massa de modelar), bem como simpáticas poltronas infantis, para as pequenas comadres trocarem ideias.
Pelo uso do espaço por uma hora, você paga 30 reais. Admite-se uma permanência mínima de meia hora, pela metade do preço. Há necessidade de se registrar e a responsável explica os procedimentos de segurança: crianças menores de dois anos permanecem acompanhadas por alguém indicado pela família. Acima dessa idade, podem ficar sozinhas com as monitoras, mas só saem do recinto na companhia da pessoa que as tiver deixado lá. Eis a grande sacada, revelada pela simpática senhora, falando com Polyana:
— A senhora pode deixar seu filho conosco e fazer suas compras sossegada, ir ao supermercado, a uma reunião...
Sentiram? O discurso está pronto. Você é dona de casa? Deixe seu filho conosco e vá cuidar de seus afazeres! É uma profissional liberal ou empresária? Deixe seu filho conosco e vá para sua reunião, audiência, etc. É uma dondoca? Deixe seu filho conosco e vá para sua academia, salão de beleza, etc.
Em suma, vão ganhar uma grana legal. A maior parte do lucro virá de um investimento que já foi feito e que pedirá manutenção moderada. Isso é saber como se usa a cabeça. Ou o coquinho, como diria a pequena Júlia.
3 comentários:
Na minha época não tinha nada disso...
Uma grande sacada mesmo. Vou conferir com a Maria ou o Carlos.
E a atendente é ao menos parecida com aquela babá de Pernambuco?
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