Não é da melhor nitidez a imagem abaixo, mas ela é uma cena da simulação de uma colisão a apenas 65 Km/h, na qual o adulto não consegue segurar a criança que está em seu colo.
No vídeo, muito mais ilustrativo, a que você pode assistir neste link, a criança é literalmente arremessada no ar. Fosse dentro do habitáculo de um automóvel, a criança daria com a cabeça no assento dianteiro, se tivesse sorte. Se não, espatifar-se-ia no painel do veículo, duro o suficiente para esmigalhar o pequeno crânio.
Chama a minha atenção a resistência das pessoas em usar os chamados "dispositivos de retenção" — bebê conforto, cadeirinha e assento elevatório. Existe uma crença aparentemente natural, apesar de contrária aos fatos e ao bom senso, de que a criança estaria mais protegida no colo de um adulto, que a protegeria em caso de acidente. E há, também, a necessidade de reconforto íntimo dos adultos, buscada no ato de manter a criança no colo. Além do mais, na cadeirinha, principalmente na fase inicial (voltada para trás), a criança tem muito mais propensão a se entediar e chorar. Contudo, precisamos saber o que é mais importante. Se o bebê for acostumado, desde o primeiro momento, a andar no equipamento adequado, ele se sentirá à vontade. O problema é que os adultos, de regra, estragam primeiro, para depois tentar consertar.
Sempre vejo crianças soltas dentro dos carros. Às vezes, pulando, espremendo-se entre os assentos dianteiros ou com a cara ou os braços para fora. Os adultos sempre partem da leviana premissa de que não vai acontecer nada. É a técnica do que-que-tem-?
Nem preciso dizer que minha Júlia sempre andou no bebê conforto e, depois, na cadeirinha. Ela reclama, volta e meia, mas não adianta. Ela mesma diz "não tire!", de dedinho em riste, quando a coloco sentada. Está se referindo ao cinto de segurança. E, hoje, ela já sabe dizer que vai andar na cadeirinha sem charará nem chororô. E viajamos todos descansados, inclusive porque o papai aqui não é dado a homenagear o acelerador, ainda mais agora, quando há tanta coisa em jogo: não apenas a vida de minha filha, mas a minha, mesmo, que preciso estar aqui por ela.
A confusão será grande a partir de 6 de junho, quando começar a fiscalização — e a possibilidade de multas — contra os motoristas que conduzirem crianças fora dos dispositivos de retenção. Como convencer as pessoas de algo que elas não compreendem ou, pior, rejeitam? Essa é uma multa que não vou receber, mas a questão não sou eu.
Nos anos 1990, o cinto de segurança irritou muita gente, mas hoje é um condicionamento bastante natural. O kit médico também, mas se revelou uma besteira e teve breve existência. Já os tais dispositivos trazem problemas adicionais: são caros (pelo menos os confiáveis) e ocupam muito espaço no assento traseiro, comprometendo o conforto de quem viaja ao lado da criança. E se forem duas crianças? Acabou o espaço para um terceiro passageiro, na maioria dos modelos. E se as cadeiras só puderem ser instaladas nas laterais, como o passageiro vai entrar no veículo? Passando por cima do bebê? E as famílias grandes, etc.?
Pelo visto, o mercado dos veículos de sete lugares e de vans vai crescer.
Mais sobre o assunto:
http://g1.globo.com/carros/noticia/2010/04/uso-de-cadeirinhas-nos-carros-sera-obrigatorio-partir-de-junho.html
3 comentários:
Pois é, Yúdice, como fazer com duas crianças? Meu banco de trás acabou mesmo. Mudamos a cadeira do Enzo, em virtude do seu crescimento, pra uma que ocupa menos espaço, mas a Vitória chegou e se apossou do outro lado do banco, deixando um mísero espacinho no meio. A nova cadeira do Enzo permite que uma pessoa passe por ela, com algum esforço, mas definitivamente a confusão será grande quando começar a fiscalização.
Só me preocupa o fato de que a lei vai entrar em vigor às vésperas da Copa, quando as atenções invariavelmente se voltam para o evento. Tomara que a mídia faça a sua parte e dê o devido destaque à nova exigência. Pelo bem das crianças.
Adelino
Imagino como ficará a situação em táxis.
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