terça-feira, 22 de junho de 2010

Quem será esse fulano?

Esta vai como uma homenagem a minha querida Luiza Duarte, do Sobre o mundo e etc., que tem um carinho especial por tipos como o abaixo retratado.


Inconformada com a repercussão da morte do escritor José Saramago no Twitter, a modelo Solange Gomes provocou seus seguidores, questionando seus conhecimentos culturais. "Pergunta que não quer calar...rs, será que aqui todo mundo sabe quem é Saramago? Ou foram correndo falar com o Tio Google?", escreveu a morena, perguntando se as pessoas precisaram consultar algum site de pesquisa para obter informações sobre o escritor português.
Após ser criticada por algumas pessoas, que não receberam bem os questionamentos da modelo e a provocaram sobre seus conhecimentos literários, ela retrucou: "Gente, nem de ler eu gosto... aprendo com a vida!", finalizou.
Em tempo: Solange Gomes é "modelo/atriz/apresentadora", conhecida por desfilar nos carnavais de Rio de Janeiro e São Paulo (seminua) e posar para revistas masculinas (nua).
(Terra, com informações do Diário Online)

Este episódio não merece maiores comentários. Direi, no máximo, que se tivesse morrido algum ex-BBB, a modelo-atriz-apresentadora provavelmente estaria penalizada. Mas não podemos criticá-la. Afinal, ela pelo menos foi sincera, além de que um sujeito que se dá ao trabalho de seguir esse tipo de figura no Twitter bem merece levar na cara a pergunta que ela fez.
No mais, sempre acho curiosa essa afirmação de que "aprendo com a vida". Algo semelhante foi dito anos atrás por Adriane Galisteu, quando lamentou não ter cursado faculdade. Não por causa do curso em si, porque ela aprende com a vida, e sim por causa das amizades acadêmicas que ela deixou de fazer.
Enfim, no tempo dos meus avós, "eu aprendo com a vida" era coisa que moça de família não diria...

5 comentários:

Ana Miranda disse...

Caríssimo Yúdice, está tudo bem contigo, né?
Polyana fez aniversário ontem, com certeza ganhou muito carinho do maridão e da filhota, né não?
Então, é isso aí.
Beijos para você e sua linda família!!!

Yúdice Andrade disse...

Na verdade, Ana, o dia podia ter sido bem melhor. Polyana passou o dia enfurnada em salas de aula, aplicando provas, coisa que eu fiz à noite. E devido a uma defesa de monografia que começou com uma hora de atraso, atrasei também a minha prova e só me liberei às 22h10. Isso acabou frustrando a expectativa dela de um jantarzinho, pois estávamos cansados e, sobretudo ela, estressados.
Mas adiamos o evento para a próxima quinta. No mais, está tudo bem. Grato pela preocupação. Espero que, aí por Minas, tudo esteja em paz.

Luiza Montenegro Duarte disse...

Devo dizer que a referência é muito bem vinda, pois pensei em escrever sobre a figura, mas o tempo não permitiu. É absolutamente lamentável, porque ela sequer tem noção do absurdo que falou. Ela não imagina o ridículo ao qual se submeteu. Por um momento, imaginou que a maioria dos leitores era tão ignorante quanto ela que sequer conheciam Saramago. Claro que, em se tratando de Brasil, havia uma grande chance de ser verdade, mas, a despeito de a imensa maioria dos estudantes brasileiros não ter lido nenhuma obra do escritor, eles já ouviram falar seu nome, pois suas obras estão em grande parte dos conteúdos exigidos nas escolas e no vestibular. Então, o público ao qual a mensagem chegou é minimamente instruído a ponto de saber quem é Saramago. Sinto um prazo inenarrável ao constatar que a tal Solange Gomes (esta sim, digna de procura do Google!) passou uma baita vergonha!

Anônimo disse...

Sinceramente, importa-me pouco a ignorância da personalidade em questão em assuntos literários e sua indiferença à formação acadêmica. O comentário dela é que me importa bastante. Ela aponta um diagnóstico correto: O volume de pessoas que lamentaram a perda de Saramago é infinitamente maior que o volume de pessoas que efetivamente conhecia e compreendia sua obra. E isso é sinal de um problema ainda maior. O acesso fácil à informação pela internet estimula a criação de um rebanho de ignorantes pseudo-intelectuais, que se sentem tranquilos quanto a não possuirem cultura porque, mediante consulta a enciclopédias eletrônicas e ferramentas de busca, podem facilmente conseguir os elementos com que fingir possui-la. Acho até que quem efetivamente lia Saramago deve ter se ofendido menos com a pergunta provocativa da modelo do que aquele que apenas alega tê-lo lido, porque esse, sim, foi ameaçado em sua máscara pseudoliterária. Obviamente não me refiro ao Yúdice, que sei que era leitor de Saramago e que está reportando o ocorrido no twitter apenas a título de curiosidade e de posicionamento sobre um fato de repercussão. Mas me refiro, sim, a um grande número de falsas viúvas de Saramago, mais interessadas no bônus da herança que no ônus do casamento, o que, nesse caso em particular, é estar mais interessado no falso prazer do prestígio imerecido que no verdadeiro prazer da alma bem cultivada.

Yúdice Andrade disse...

André, como sempre trazes uma abordagem muito maior e profunda, que desestabiliza a que fiz, ou pelo menos a conduz para níveis mais elevados.
Mas penso que a Luiza está num caminho também bastante válido: mesmo quem jamais leu Saramago sabe, ao menos, que se tratava de um grande escritor, um intelectual de valor, um polemista trabalhoso, etc. Era uma ignorância quanto à obra, mas não quanto ao personagem e seu valor.
Creio que podemos tirar conclusões consensuais do episódio. Mas, seja como for, e inclusive por conta do estereótipo, a modelo-atriz-apresentadora não escapará da pecha de gostosona burra que construiu para si.