sábado, 17 de setembro de 2011

Acima do esperado

Tudo começou com uma percepção minha de que a turma estava muito parada e que, provavelmente, eu é que não estava oferecendo motivação bastante. Decidi, então, transformar a habitual aula expositiva num estudo dirigido, sendo temas os tipos de lesão corporal seguida de morte, lesão corporal culposa e violência doméstica, com ênfase na "Lei Maria da Penha". Os textos escolhidos se revelaram um pouco longos e não foi possível apresentar os trabalhos na primeira aula. Eis que, na seguinte, o primeiro grupo me surpreendeu.
Já ao entrar na sala, percebi cadeiras arrumadas para que o grupo todo se sentasse à frente. Os sete acadêmicos se posicionaram e começaram a explicar o célebre caso do índio pataxó, incendiado vivo por jovens de Brasília há uma década, para basear o estudo sobre a diferença entre homicídio (dolo eventual de matar) e lesão corporal seguida de morte (intenção de ferir com resultado morte provocado pelo excesso da conduta).

Ana Laura Catarino, Rinaldo Braga, Paulo Eduardo Reis, Lorrane Rangel, Larissa  Bahia, Geórgia Rodrigues e Marina Braga, comigo ao fundo, após a apresentação. Pessoalmente, somos todos mais bonitos!

O grupo, mesmo sem ter recebido orientações nesse sentido, reuniu-se durante a semana, procurou maiores informações sobre o caso e o debateram, tanto que alguns deles mudaram de posição sobre ter havido dolo ou culpa, até se dividirem naturalmente e formarem dois trios, em lados opostos, na hora da apresentação. Ao centro, Lorrane era a relatora do caso, que depois revelou sua conclusão pelo dolo.
Para qualquer professor, é uma grata surpresa pedir algo e receber muito mais. No fundo, é o que todos queremos, mas não é sempre assim que acontece, quando falta compromisso. E esse compromisso chega a valer mais do que o conhecimento em si. No caso da noite desta sexta-feira, os sete valorosos acadêmicos mostraram as duas coisas. Elogiei-os pelo que fizeram e também pela forma de se expressarem (voz clara, fluindo em ritmo contínuo e seguro). Só me preocupei com o risco de a divergência evoluir para vias de fato! Mas claro que isso não aconteceria. Foi apenas o ardor da juventude, uma energia que o professor deve saber aproveitar, trazer para o seu arsenal de estratégias de ensino.
Muito obrigado, Ana, Rinaldo, Paulo, Lorrane, Larissa, Geórgia e Marina.

Um comentário:

Cris Mattos disse...

Apaixonante, não é?

Se eles soubessem o quanto este tipo de atitude representa para nós, professores, teríamos este tipo de atitude todos os dias... rs...

Abraços,
Cristiane.