No final do mês passado, uma americana de 21 anos se irritou com o choro da filha, de apenas 10 meses, e soprou fumaça de maconha em seu rosto, "para acalmá-la". A mulher foi presa e agora responde em liberdade pelo crime de abuso infantil, que equivale mais ou menos à figura dos maus-tratos (art. 136 do Código Penal). Não por esse episódio isolado, apenas, mas por outras agressões e ameaças.
Por mais que eu sinta raiva dessa mulher, considerando que seu cérebro já deve estar bastante prejudicado pela cannabis, fico ainda mais indignado com a mãe dessa pobre que aparece aí ao lado (sim, é um ser humano, de 4 anos, embora pareça mais uma boneca de plástico), que "montou" a filha para uma performance na qual imitaria Dolly Parton. A "montagem" incluía enchimento para dotar a criança de nádegas e seios, além de roupas coladas para definir as suas "curvas".
Embora a primeira ideia que nos ocorra é que essa mulher fuma baseado temperado com cocô desde tenra idade, supostamente ela agiu apenas porque isso é normal. Afinal, não se trata de uma ação gratuita, mas uma condição para que a filha participasse de um concurso de beleza, o que já vem fazendo desde os 9 meses. Você não leu errado: eu escrevi "9 meses".
Você se lembra da "aposentadoria" da menina de 6 anos?
É ainda mais doentio que todo o universo em torno desses concursos, tão comuns na competitiva sociedade americana, chancele esse tipo de comportamento ou minimize a sua gravidade. Segundo a mãe alucinada, o uso de seios e nádegas falsas dá um bônus extra. Ou seja: a organização dos concursos estimula a sandice. O estilista da criança, que a reportagem afirma discordar da mãe, diz apenas "não ser um grande fã do equipamento" e, mesmo assim, espera que os juízes encarem como algo "de bom gosto". Em suma, a pequena está num covil!
O engraçado, para não dizer trágico, é que os tais concursos são de beleza infantil, mas nenhum deles fomenta a apresentação das candidatas como crianças de verdade, ainda que arrumadinhas para competir. O objetivo é vender minimulheres, o que na minha cabeça só faz sentido se você olhar tais certames sob a perspectiva de um pedófilo. Graças a Deus, eu não consigo. Por que, em vez de imitar Dolly Parton, rebolando e gemendo sobre um palco, não colocar as crianças para fazer o melhor desenho, inventar uma cantiga de roda totalmente nova, mostrar um truque que ensinou para o seu bicho de estimação?
Compare o olhar, a expressão — e a alegria — das duas meninas que ilustram esta postagem. Ao lado de qual você gostaria de estar?
Escrevo com preocupação porque toda ideia estúpida estrangeira acaba chegando por aqui e virando moda. Quem discorda é que está errado. Faço meu protesto enquanto ainda há chances de me darem alguma razão.
3 comentários:
Isso é uma estupidez. Os próprios pais roubam o que há de melhor para as filhas, a infância, fazendo-as pular a melhor fase da vida, assim deformando-as. Mas algum dia essas (crianças) vão ter uma recaída e resolver ser infantis quando não deveriam. "Taí a consequência".
Essas meninas jamais viverão suas próprias vidas porque apreenderam a viver a vida dos pais. Triste.
O resultado é um deslocamento que elas dificilmente compreenderão o que é e como surgiu. Talvez só com terapia. Enquanto isso, podem sofrer e fazer sofrer.
Não sem tempo, então olha isso aqui: http://extra.globo.com/noticias/mundo/mae-veste-filha-de-tres-anos-como-prostituta-para-concurso-de-beleza-2605040.html
Como disseste há um tempo atrás, daqui a pouco até pra ser mãe tem que ter psicotécnico. Quero ver a reação dessa mãe, caso isso venha a acontecer, tristemente, no futuro.
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