Se eu tivesse posto minha filha no colo e corrido com ela para a escola, talvez tivesse dado tempo. Mas como permiti que ela caminhasse, em seu passo previsivelmente lento, não consegui entrar no carro antes que a passeata dos trabalhadores da construção civil em greve começasse. Resultado? Entrei no carro, liguei o ar condicionado e o CD player e... esperei... esperei... esperei.
Segundo o sindicalista no carro-som, hoje é o 6º dia de greve e o 8º de obras paradas. O sindicato faz uma campanha agressiva, obrigando os trabalhadores a aderir ao movimento. Hoje, gritava que não adiantava se esconder ou se agarrar no ferro (duplo sentido?), pois eles sairiam, mas voltariam em uma hora, uma hora e meia, e os trabalhadores teriam que sair. Uma adesão voluntária do tipo compulsório.
O Batalhão de Choque da Polícia Militar acompanhava toda a movimentação, suponho que por existir uma ordem judicial que impede os manifestantes de chegar a menos de 20 metros dos canteiros de obras (risos). Motociclistas bloqueavam a rua inteira, propositalmente. O caos no trânsito foi inevitável. Eu que o diga.
Espero que essa campanha salarial se resolva logo, porque muita gente está padecendo com essa greve — e não são os empresários do setor.
8 comentários:
As vezes eu fico me perguntando a quem eles realmente querem atingir com esse tipo de manifestação. Por que não é necessário muito tempo para chegar a conclusão de que os grandes prejudicados são os que precisam se utilizar das ruas para chegar a seus compromissos, em sua imensa maioria trabalhadores como os operários da construção civil.
Certamente também essas manifestações tem um viés político-partidário, posto que os sindicatos todos são vinculados a algum partido.
Sou leigo em matéria de leis, mas será que a polícia não poderia/deveria intervir coercitivamente nesses casos de fechamento de ruas, considerando que o direito de uma minoria (trabalhadores/manifestantes) está interferindo no direito de ir e vir da imensa maioria da população?
Um abraço.
Acho lamentável que muitas vezes (que não seu caso que esperou pacientemente) a população, de modo geral, age contra os movimentos paredistas como se não fizesse parte do corpo social.
Sempre com o discurso: "Eu que não tenho nada a ver com isso sou prejudicado por causa desse bando de vagabundos."
Tendenciamos a fragmentar os problemas sociais como se fosse somente de uma categoria. Claro que incomoda, mas é uma ação necessária muitas vezes, desde que não se tenha o viés puramente político-partidário.
Abraços primo
Jean, lamento informar mas, se eu esperei longamente, não foi por compreensão do movimento paredista, mas tão somente porque não tinha escolha. Não me colocaria numa situação em que não teria como me movimentar e exporia o veículo a riscos.
Já fui muito prejudicado por greves ao longo da vida, por isso admito minha pouca simpatia ao velho método reivindicatório, mesmo reconhecendo que, muitas vezes, não resta ao trabalhador senão essa estratégia. Reconheço, respeito, mas também penso que o mecanismo já se mostrou falho em inúmeras situações.
Seja como for, a greve é um movimento entre trabalhadores e empregadores, que não deveria atingir os milhares de belenenses que precisam chegar aos seus trabalhos, escolas e demais compromissos. Aqui, estou mais próximo do pensamento do Cléoson.
Acontece, meu querido Jean, que aqui em Belém, há anos, desenvolveu-se uma mania de que tudo, qualquer coisa mesmo, é motivo para fechar ruas e enlouquecer a coletividade. Não temos mais paciência com isso porque os abusos já nos levaram à exaustão. Eles querem criar um incidente para chamar a atenção? Montem um acampamento na sede da empresa! Coloquem um carro-som na porta da casa do patrão. Incomodem as pessoas certas, não aqueles que nessa história são apenas vítimas.
Se eu tivesse demorado um pouquinho mais para chegar à escola, teria ficado preso num engarrafamento com a Júlia dentro do carro. Aí terias visto uma postagem muito mais raivosa.
não entendi porque tinha tanto vendedor de comida ambulante aderindo à greve,ou pelo menos,marchando junto com os grevistas.pedreiros nas horas vagas?embora eu goste de ver movimentações por exercícios de direitos(algo que considero difícil de ver aqui no brasil),admito que também é irritante,pra quem tá de fora e pouco ou nada tem a ver com a situação.egoísmo básico ,creio eu.isso não é indireta pra ti,yúdice.tô falando no geral,mesmo.
Acho um absurdo essa forma de reinvindicação em que os grandes prejudicados são pessoas que nenhuma vinculação tem com a querela de patrões e empregados. Eles deveriam ir acampar na frente das construtoras ou casa de seus associados que com toda certeza pouco se importam com o fato de obstruirem as ruas de Belém.
O fato é que o direito de greve é assegurado(felizmente), mas o direito de greve não é o direito de atrapalhar a vida dos outros cidadãos, acho que o Estado deveria garantir que os grevista não prejudiquem as vidas das pessoas tanto quanto assegura o direito de greve.
Reinvidicar as coisas é algo normal, aceitável e lícito, mas fazer isso às custas de prejudicar milhares de pessoas é no mínimo imoral.
Das 15h58, não sabia da curiosa adesão dos vendedores ao movimento dos pedreiros. Mas não me espanto. É comum, por estas bandas, pegar carona nas manifestações alheias, para reforçar pretensões externas. Mas não creio que a medida dê certo. No mais, é capaz de essas estranhas adesões terem ocorrido só mesmo na base do "vou fazer onda".
Não achei que o comentário continha qualquer indireta para mim.
Na frente das casas eu não digo, das 16h37, porque isso obstruiria uma rua. Por isso sugeri dentro da sede das empresas.
E os fins não podem justificar os meios, certo, das 6h09?
Na verdade que tá ganhando são os empreiteiros gananciosos, que lucram milhoes de reais. Pagam salários de fome e determinam condiçoes precária de trabalho a esses operários.
Postar um comentário