Esse é mesmo o país das contradições. Aqui em Belém é pior ainda. Exemplo desse paradoxo são uns três hospitais infantis conveniado com o SUS, localizados no centro da cidade (Magalhaes Barata e Serzedelo Correa) e que quase todos nós sabemos quem são, inclusive os órgãos de defesa da criança, MP, Justiça e o escambau. Em que suas enfermarias mais parecem aquelas "tendas de guerra". Pra se ter uma idéia numa enfermaria de aproximadamente dez metros quadrados, comporta onze leitos para crianças com idade que vão de meses aos 13 anos. O que é mais dramático é o improviso e as condições da total falta de conforto, pois enquanto nas salas de descanso dos médicos, postos de enfermagem, salas de r-x, consultórios..., todas tem ar refrigerados, já a poucos metros, nas superlotadas enfermarias o que tenta amenizar o insuportável calor de mais de 35° Celsius são precários ventiladores ( é terminantemente levar esses aparelhos de casa), ou agüenta brisa ou se abana. Naturalmente com esse clima tórrido de verão dá vontade de tomar uma água gelada (neles não é tão gelada assim e muito menos mineral), mas não tem copo. Na hora das refeições..., é melhor nem comentar. Pra tomar banho tem de entrar na fila, pois banheiro é só um pra atender uma multidão. Para as pobres e cansadas mães e avós resta a paciência e quando chega a noite ou cochilam sentadas em cadeiras duras ou deitam no chão, vencidas pela fadiga. E por aí seguem o calvário de quem depende do sistema público de saúde. Saúde?! Isso tudo por que são pra crianças que necessitam de assistência e conforto. Agora pode aparecer um comentário dizendo que a grana que o governo repassa é muito pouco pra comprar esses pequenos confortos. A propósito, alguém sabe por onde passa a prestação de contas disso tudo?
Estamos tão acostumados a pensar em Pronto Socorro e Santa Casa que não nos damos conta de que o universo de desmandos é ainda maior. Depois que minha filha nasceu e teve problemas de saúde, percebi como Belém é carente de recursos para atendimento infantil. E olha que ela tem plano de saúde e nunca tivemos problemas para utilizá-lo. A oferta de serviços é que é ruim, mesmo. Isso me angustia, o que talvez tenha aumentado minha predisposição a me impressionar com o teor do comentário ora reproduzido.
Falta, então, o Ministério Público mostrar que tem conhecimento desse descalabro e tomar providências. Porque não adianta esperar por iniciativas espontâneas.
2 comentários:
Oi Yudice, só pra botar lenha na fogueira vai mais uma:E vergonhosa a falta de prioridade à saúde pública deste estado, Ela deve ser direito de todos, ou seja, universal, além de ter qualidade no atendimento. Os usuários devem ser respeitados, principalmente as crianças. O que infelizmente não acontece na rede conveniada com o SUS em Belém. A exemplo do Hospital Santa Terezinha que prioriza o bom atendimento e a humanização aos médicos, já as crianças que dependem do SUS vão para o caldeirão (enfermarias). Os funcionários, com raras exceções, tratam os pacientes e familiares com aborrecimento, como se fossem um estorvo. Outra dificuldade é a quantidade reduzida de técnicas em enfermagem e a situação piora quando elas desaparecem e as crianças choram de dor ( a clinica é especializada em traumo), quando deveria ser o contrário. Estranho é o comportamento dessas enfermeiras à noite, elas se trancam em seus aposentos refrigerados e não querem ser incomodadas. Enquanto isso as crianças continuam seus calvários de dor, calor e choro no caldeirão. Isso é um tremendo desrespeito e ninguém faz nada. Que a elite institucional experimente dar uma passadinha lá pra sentir o “calor humano”.
Jane
A sua contribuição, Jane, se soma ao comentário anterior, aqui reproduzido, para demonstrar um cenário triste que boa parte da população simplesmente desconhece. E que pode respingar em todos nós.
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