quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Cara de cumaru

"Quem vem cá e diz que o povo não quer mais impostos está indo na contramão do mundo [...] Nós não podemos nos acovardar."

A pérola acima foi bostejada pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), cumprindo o seu papel de líder do partido governista na Câmara. O "acovardamento" seria uma alusão ao aumento dos impostos nos Estados Unidos e na França, como se por lá o povo tivesse aplaudido a medida. Lembre que os franceses são chegados em atear fogo na cidade quando se aborrecem com o governo.
Até entendo que ela deva defender o governo, mas poderia fazer isso elucubrando sobre como a saúde no Brasil ficaria maravilhosa com a criação da CSS (Contribuição Social para a Saúde), substituta da CPMF. Não precisava partir para a baixaria e passar um recibo tão dramático de debilidade mental sugerindo que o povo quer novo aumento da carga tributária. O povo quer, sim, saúde pública de melhor qualidade, mas para isso, como até os débeis mentais sabem, basta aplicar corretamente os recursos já disponíveis.
O surto de insanidade do parlamentar aconteceu ontem, na sessão da Câmara dos Deputados que apreciou projeto de lei complementar sobre investimentos em saúde. No meio da proposição, a indecente recriação da CPMF, com novo nome e uma alíquota de 0,1% sobre operações financeiras. Felizmente, a Câmara rejeitou essa parte do projeto. Até segunda ordem, amém.
Para a correta compreensão do título da postagem, esclareço que cumaru (Dipteryx odorata) é uma árvore da família das leguminosas, cujas sementes possuem diversos usos medicinais e cosméticos. Mas sua menção aqui se deveu ao fato de que uma consulta rápida pela Internet apontou o cumaru como sendo uma das madeiras mais duras que existem. Dura e resistente como a patifaria dos políticos que, ao contrário das espécies naturais, nunca correm risco de extinção.

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