quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O estadista e o flanelinha

O que falta para Ricardo Teixeira, o maior cartola brasileiro, presidente vitalício da Confederação Brasileira de Futebol, ser tratado como um verdadeiro estadista?
Aqui no Pará, na província, onde as pessoas dão tudo de si para demonstrar ao mundo a sua condição de mentalmente colonizadas, faltou muito pouco para ele ser recebido com honras militares, com direito a salva de tiros e a passar a tropa em revista.
Mas não faltou o beija-mão.
Hospedado na suíte presidencial do Crowne Plaza, o cidadão, que só viaja de jato executivo, roda pela cidade com escolta feita pela Polícia Militar. Entenderam, cidadãos? A Polícia Militar está fazendo segurança privada para esse camarada, mas devidamente custeada pelo contribuinte, por mim e por você. A diferença é que eu me irrito com isso. A maioria das pessoas, não. A maioria das pessoas acha que está tudo bem e que deve ser assim, mesmo. E o governador do Estado, que o recebeu para beijar-lhe a mão em troca de uma Copa América em 2015, também acha.
Só quero saber quem está pagando a conta do hotel...

***

Enquanto isso, a imprensa nacional repercute as cenas de patética histeria na porta do hotel, em honra dos lindíssimos e sofisticados jogadores brasileiros, em especial a bola da vez, o Pônei Maldito.
Falando nisso, uma amiga minha disse tudo: coloque uma flanela na mão dele e veja se alguém reconhece. Se basta um par de óculos para ninguém reconhecer o Clark Kent, uma flanela na mão do moçoilo acabaria com o "colírio" da Capricho.

9 comentários:

Paulo André Nassar disse...

isso sem falar da diretoria do meu Clube do Remo que anda se mobilizando pra homenageá-lo publicamente no Mangueirão...

autor disse...

Pois é, o pior é Paysandu e Remo, historicamente desprezados e prejudicados pela corja da CBF, organizarem homenagens para este cidadão.

Num país sério, este homem estaria na cadeia. No Brasil, é capaz de ter mais poderes que os presidentes da República, do Congresso e do STF juntos. Lamentável e vergonhoso.

André Uliana disse...

Confesso que hoje eu fiquei realmente com vergonha.

Uma garota falando que "O amor pelo ..... (não lembro qual deles era) foi algo que aconteceu inesperadamente e que ela apenas deixou fluir o sentimento." Dava até pra pensar que era a noiva do cidadão falando, de tão íntima dele que era.

Foi demais pra mim. Tive que desligar a televisão porque eu não aguentava outra parecida.

Ter orgulho de ser paraense tá ficando difícil.

Anônimo disse...

Yúdice.

Você já viu boi no pasto? É como vejo o povo brasileiro, sempre numa mansidão bovina, nunca se mexendo para nada.

Que inveja tenho dos aposentados franceses, que sairam aos milhões(não milhares) às ruas no ano passado, defendendo suas aposentadorias.

Que inveja tenho dos bravos estudantes chilenos, que saem às ruas aos milhares, reivindicando não só melhores condições de estudo como outras questões sociais mais abrangentes. Aqui, ao contrário, o que vemos é uma UNE cooptada pelos 30 dinheiros(ou melhor, milhões) recebidos do Governo Federal.

Aqui, ao contrário, o que vemos são as fantásticas manifestações feitas via Orkut ou agora pelo Facebook, numa militância de mentirinha, que se faz com o indivíduo comodamente sentado em sua casa, à frente de um computador.

No Rio de Janeiro, por exemplo, tais manifestações, como algumas "pela paz" são ainda mais patéticas : basta colocar uma linda toalhinha branca na janela e o dever cívico estará cumprido.

Pergunto : o que muda com a toalhinha branca? Os bandidos ficarão temerosos delas? Remendar-se-ão? Claro que não.

Esses(as) histéricos que se amontoam à frente do hotel , desperdiçam uma energia que poderia iluminar todo o Arquipélago do Marajó. O pior é que os adolescentes são minoria no meio deles. A maioria é de marmanjos e marmanjas.

Será que têm tanta determinação também para brigar por uma educação melhor ou por um Posto de Saúde que funcione decentemente? Pintam e decoram as ruas em época de Copa do Mundo, mas são incapazes de contribuir com R$ 2,00 para comprar a tinta que pintará a escola do seu filho.

Assim, não vejo futuro melhor. Não adianta sermos a 8ª economia do mundo e termos situações sociais tão esgarçadas, tão precárias.

Kenneth Fleming

Anônimo disse...

BRASILILILILILILILIL.
DIGA NEYMARARARARARAR

Yúdice Andrade disse...

Paulo, eu até ia contemporizar, falando que isso é coisa de dirigente para dirigente, mas acho que a manifestação do Victor é mais correta e por isso a subscrevo.

André, tu juras que ela se expressou com toda essa graça e elegância? "Fluir o sentimento"?! Estou impressionado. Onde ela terá lido isso, para decorar?

Meu caro Kenneth, é claro que a esta altura já percebeste que temos a mesma opinião sobre o tema. Aduzo, apenas, que no Brasil uma pessoa que se empenhasse numa luta pela qualidade do posto de saúde de seu bairro, seria imediatamente menosprezada e ridicularizada. A classe média o tacharia de esquerdista idiota, desocupado e vagabundo. Os mais humildes, que talvez se beneficiassem da luta, lamentarão que as coisas nunca mudarão e teriam sua atenção facilmente desviada para alguma bobagem.
É uma lástima.

Das 11h42, eu digo "Brasil" todo dia. Já o nome desse jegue eu não preciso pronunciar. Só torço para que ele nunca mais marque um gol na vida e assim nos livremos dele o quanto antes.

Frederico Guerreiro disse...

É nessas horas que uma sociedade mostra seu lado mais vazio, carente e sem referências.

Anônimo disse...

Esse é mesmo o país das contradições. Aqui em Belém é pior ainda. Exemplo desse paradoxo são uns três hospitais infantis conveniado com o SUS, localizados no centro da cidade ( Magalhaes Barata e Serzedelo Correa) e que quase todos nós sabemos quem são, inclusive os órgãos de defesa da criança, MP, Justiça e o escambau. Em que suas enfermarias mais parecem aquelas "tendas de guerra". Pra se ter uma idéia numa enfermaria de aproximadamente dez metros quadrados, comporta onze leitos para crianças com idade que vão de meses aos 13 anos. O que é mais dramático é o improviso e as condições da total falta de conforto, pois enquanto nas salas de descanso dos médicos, postos de enfermagem, salas de r-x, consultórios..., todas tem ar refrigerados, já a poucos metros, nas superlotadas enfermarias o que tenta amenizar o insuportável calor de mais de 35° Celsius são precários ventiladores ( é terminantemente levar esses aparelhos de casa), ou agüenta brisa ou se abana. Naturalmente com esse clima tórrido de verão dá vontade de tomar uma água gelada (neles não é tão gelada assim e muito menos mineral), mas não tem copo. Na hora das refeições..., é melhor nem comentar. Pra tomar banho tem de entrar na fila, pois banheiro é só um pra atender uma multidão. Para as pobres e cansadas mães e avós resta a paciência e quando chega a noite ou cochilam sentadas em cadeiras duras ou deitam no chão, vencidas pela fadiga. E por aí seguem o calvário de quem depende do sistema público de saúde. Saúde?! Isso tudo por que são pra crianças que necessitam de assistência e conforto. Agora pode aparecer um comentário dizendo que a grana que o governo repassa é muito pouco pra comprar esses pequenos confortos. A propósito, alguém sabe por onde passa a prestação de contas disso tudo?

Yúdice Andrade disse...

Mas ao dizer isso, Fred, o errado provavelmente é você!

Das 23h16, fiquei impressionado com o seu comentário. Vou repercuti-lo.