quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ecos de um jogo

Eu até acertei o placar, mas infelizmente errei quanto a quem venceria o jogo. E não se tratou apenas de vencer o jogo, mas de botar a mão numa taça não sei de quê. No final, para delírio dos meus deslumbrados conterrâneos, os brasileiros se sagraram campeões, diz que jogando bem, e ainda por cima com aquele sujeito do cabelo estúpido dando margem a mais babação de ovo. É, o jeito é eu me conformar.
O muito que tenho escutado desse jogo revela patuscadas de todos os lados. Veja-se Galvão Bueno, p. ex., um dos maiores pés-no-saco da TV brasileira. A certa altura, disse que em Belém chove todos os dias, entre 3 e 4 da tarde. Comentário imbecil. Ele deve ter perguntado para alguém que já esteve por dez minutos aqui em Belém sobre alguma curiosidade acerca da cidade e o cabra se saiu com essa. Aí o néscio muito bem remunerado repete, sem pestanejar. Não sabe que a urbanização desenfreada, o desmatamento, a verticalização e outros fatores mudaram o regime de chuvas na cidade. Além de que o calor aumentou bastante, não chove todos os dias na cidade. E se chovesse, como antes, seria "a chuva das duas, que não pode faltar", como já dizia a antiga canção "Bom dia, Belém".
Mas duro mesmo é aturar o ufanismo irracional do paraense. O clichê do dia é "Belém não perdeu a copa: a copa perdeu Belém!"
Putz. Tem gente que acredita mesmo nisso. Com certeza, os medalhões da FIFA e da CBF estão neste exato momento em profunda depressão, arrependidos do erro cometido. Com certeza. Até eu estou com pena.

9 comentários:

Anônimo disse...

Tá bom, tá bom, mas não se irrite!

Anônimo disse...

Sobre o "ufanismo irracional", o ser humano é emocional e racional, sendo que faz bem extravasar nossas emoções "irracionalmente" às vezes.
Experimente também!

Yúdice Andrade disse...

Não estou irritado, das 16h34. Às vezes, tenho a impressão de que a minha paciência é infinita. Ou a minha comiseração, talvez.

Mas eu experimento, sim, das 16h38. O mais das vezes com música. Tenho os meus mecanismos de transbordamento. Mas uma coisa é extravasar; outra, perder o senso.

Marcelo disse...

Caro Yudice,

Acho que cada um tem o direito de ter a sua opinião (aliás este é o seu arbítrio). No mínimo elegante visitar um blog de opiniões, que respeito e leio para saber o que você diz, e respeitar. Entretanto, também me vejo tentado a deixar minha opinião a esse respeito. Não fui ao jogo e muito menos fiquei radiante de ver meninas em idade escolar se esgoelando e me fazendo passar vergonha alheia por alguém que nem sabe quem elas são. Mas como paraense, conheço o orgulho que o povo tem por essa terra.
Me envaideceu, assim como a muita gente ver o nome do nosso estado, que já não tem um grande reconhecimento fora, ser falado em todos os telejornais nacionais exaltanto a paixão e o nacionalismo na hora do hino (que por sinal me fez chorar). Me deixou feliz e orgulhoso ter o nome do estado inteiro falado aos quatro ventos de forma positiva, sem escândalos na saúde ou meninas sendo violentadas por presidiários. E me deixou feliz também ter a ilusão que o estado quer estar unido e progredindo sempre (sem aprofundamentos). Mesmo com algo como um jogo da seleção, que pra muitos é tão pequeno. Mas para quem não tem nada, uma migalha é muito.
Eu me dei por satisteito, entre gramado ruim e tietes histéricas, de no fim de tudo ter visto, mesmo que só pelo dia de hoje, o nome do meu estado brilhar, pois amo esse lugar. E pelo menos o dia 28 de setembro de 2011 ficou bem, pro Pará e pra Belém, porque terminou bem.

Um grande abraço

Thais disse...

Confesso que também fiquei feliz por ouvir o nome do meu Estado sendo falado em todos os telejornais nacionais de maneira positiva e o povo paraense sendo aplaudido. Depois da vergonha que foi a pancadaria promovida pelos torcedores "apaixonados" (ou irracionais) do Paysandu e América RN no último domingo, esta foi a melhor forma de mostrar que somos muito melhores do que somos geralmente mostrados por ai.
Entrentanto, acreditar que fui a Copa que perdeu Belém e não Belém que perdeu o Copa, é simplesmente ridículo! Com o perdão da palavra!

Amar minha terra e minhas origens, não quer dizer que devo ser cega.
É nítida a falta de condições para tal evento em Belém!

E esse -super- esterismo? Gritos, choros, escândalos. Como uma adolescente de 15 anos pode aparecer na tv dizendo que, desde criança, sempre foi louca pelo dito mais novo astro da seleção brasileira se até pouquíssimo tempo nem se ouvia falar dele? Ninguém sabia quem ele era, ele mesmo ainda era uma criança!
Nossa, senti vergonha alheia!

Me arrepiei e me emocionei sim com mais de 40mil pessoas cantando o hino nacional, e se estivesse lá faria o mesmo, mas me pergunto cadê todas essas vozes quando é preciso protestar contra as regalias absurdas de muitos políticos que não fazem p... nenhuma pelo nosso Estado ou pelo nosso País, ou contra a falta de compromisso com as pessoas que necessitam dos hospitais públicos da nossa cidade? Esses protestos merecem 40mil vozes e muito mais!

Outros não. Para ser sincera, sou contra manifestações, protestosinhos promovidos por ditos lideres estudantis que enchem a boca pra falar, gritar e, principalmente, perturbar o meu almoço e de dezenas de outras pessoas - que já é extremamente exaustivo no RU da ufpa - com discursos bestas, com exigências exageradas! Com gritos do tipo: Maneschy, pode esperar que a sua hora vai chegar!
E ainda querem o meu apoio...
Pelo amor de Deus, aonde isso irá nos levar??
Acredito que temos que fazer primeiro a nossa parte, fazermos jus ao dinheiro que cada cidadão investe em impostos pra nós, estudantes de universidades públicas, termos professores, salas de aula, biblioteca. Valorizando o que temos através do empenho com nossos estudos é que iremos poder mostrar a 40mil pessoas ou mais que precisamos mais e merecemos seu apoio e suas vozes. E não, gritando aqui e ali e depois indo fumar... na beira do rio.

Em resumo, gostaria mesmo que ao invés de estarem gritando, se empurrando, se matando na porta do hotel para serem notadas, - ao ponto de aparecerem com uma placa: Me engravida, Neymar - essas pessoas estivessem "se matando" de estudar para melhorar as notas e os índices da educação do nosso Estado!
Isso sim, me daria mais orgulho!

Luiza Montenegro Duarte disse...

Ih, Yúdice, acho que a CBF não está nem um pouquinho arrependida. Segundo "O Liberal" (é bom ponderar), já desmentiram a promessa de que Belém seria subsede da Copa América. Pode até vir a ser, mas promessa, não há.

Channa disse...

Cara, você anda muito estressado nesses últimos posts! Faça uma caminhada, mais sexo e seja tolerante! Tá ficando chato "ouvir" suas lamúrias sobre tudo e todos aqui no blog... Ah, existem excelentes terapeutas em Belém...

Yúdice Andrade disse...

Marcelo, dá gosto de receber uma crítica como a sua: elegante, educada e construtiva.
Realmente, os aspectos que você destacou (ou talvez a forma como abordou) dão razões para a alegria dos paraenses. Foi uma bonita festa, sem dúvida. Minha irresignação fica por conta de uma maioria que não consegue pensar dessa maneira lógica e articulada que você apresenta e cai num deslumbramento vazio, como se nós fôssemos o melhor dos mundos e ninguém nos desse o devido valor.
Já me cansei da mentalidade do colonizado e do discurso do coitadinho. E nunca fui de ufanismos. Esses são os meus pontos, mas recebo com humildade as suas justas ponderações.
Grato e volte sempre.

Thais, eis o meu problema: as pessoas pensam que quando eu critico, é porque não gosto do meu país, do meu Estado, da minha cidade. Muitíssimo pelo contrário: eu amo pra caramba. Não fosse por isso, não doeriam tanto as safadezas que vemos o tempo todo.

Luiza, até agora está uma dança de rato. O governo do Estado jura pela fé da mucura que a Copa América de 2015 já está anunciada para Belém. A FIFA, ou CBF (sei lá, tanto faz), não confirma. Estranho, não?

Morri de rir, Channa. Eu ando reclamando de tanta coisa mas a crítica aparece numa postagem sobre futebol. Sintomático.
Mas um blog é isso, Channinha: reflexo do temperamento do seu titular. Fazer o quê? E olha que, com todo o meu mau humor, você não deixou de me visitar, como deixa claro em sua mensagem. Logo, você anda curtindo a minha marra, não?

Channa disse...

Claro, que curto!
Parodiando um certo forró cearense: Você é turrão, mas eu gosto de você!

Abraço,

Channa