O chato dos paineis simultâneos é que obrigatoriamente você perderá boa parte do que um evento lhe oferece. No caso do V Congresso da ABEDi, em todos os casos eu gostaria de assistir a ambos os paineis do mesmo horário, restando-me ficar na vontade e aproveitar aqueles dos quais puder realmente usufruir.
Esta manhã, assisti ao painel sobre "Metodologia da pesquisa e interdisciplinariedade", com meu querido Prof. Antônio Maués, Deisy Ventura e José Luiz Bolzan, estes dois da UNISINOS (RS). A dengue impediu a presença da quarta painelista.
O primeiro usou sua experiência no Direito Constitucional para demonstrar a importância da Filosofia, na construção de conceitos que não podem ser criados pela ciência jurídica.
A segunda, enfaticamente, defendeu o uso de métodos de outras ciências, quando necessário, citando o exemplo de sua própria tese de doutorado, na qual precisou buscar na Química, na Física e na Economia, fixando-se na segunda sobretudo, para encontrar um método capaz de analisar as assimetrias entre o Mercosul e a União Europeia. Isto porque, nas ciências sociais, ou pelo menos na jurídica, ainda não foi desenvolvido um método para investigar assimetrias entre objetos cognoscentes.
O terceiro mencionou uma experiência de sua IES, na qual se concebeu um curso de Direito sem disciplinas, mas com programas de abordagem — algo tão revolucionário que a ideia sequer foi oficializada numa proposta, porque a sua novidade (!) faria com que o MEC e a OAB jamais a aprovassem, além de motivos operacionais, tais como encontrar professores capacitados a lecionar de um modo completamente inusitado.
Esta é uma síntese altamente superficial, mas o tempo não me permite aprofundar melhor o conteúdo discutido esta manhã. Mas ainda tenho esperança de arrumar uma folga, no final de semana prolongado, para registrar algumas impressões mais detalhadas.
PS — O painel de hoje foi um soco no estômago daqueles que acham que alguma disciplina jurídica é a "essência da alma humana" ou coisas metafísicas do gênero. Bobagens, para ser mais exato.
Para muito além das vaidades de quem ama a sua área de atuação, resta cada vez mais claro que o Direito, mesmo, sozinho não é nada. Imagine as suas particularidades.
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