É claro que o povo brasileiro está muito interessado em ver elucidado o caso Isabella Nardoni. Isso que dizer conclusões definitivas e consequências. Não implica, necessariamente, que as pessoas estejam empenhadas num acompanhamento diuturno de todos os passos do casal suspeito, seus parentes e até visitantes. Já vejo muitas pessoas manifestando cansaço, diante da TV, assim que começa o noticiário.
Na cobertura do final de semana, as diligentes equipes de reportagem listaram quantos automóveis entraram ou saíram das residências das famílias Nardoni e Jatobá, sempre com os vidros peliculados para tornar impossível a visualização do interior. Não se sabe onde o casal dormiu, mas na casa do pai de Alexandre as luzes foram totalmente apagadas a uma hora da madrugada!
Não precisamos de tanto.
Pense nas implicações de tamanha voracidade sobre as pessoas que não são suspeitas de nada. O pai de Alexandre foi categórico: estão todos em prisão domiciliar. Não é figura de linguagem. Como por os pés na rua, sabendo que um grupo de desconhecidos não dará trégua, fustigando com intermináveis e delicadas perguntas? É assim que os inocentes vão pagando a pena, também. Sobretudo os filhos do casal, afastados de seus pais por dez dias. Uma criança de três anos, que já entende a ausência, mas não compreende os motivos. E um bebê de seis meses, com necessidades ainda muito primárias, mormente em relação à mãe. Não dar ao casal um mínimo de privacidade, neste momento, é sacrificar essas crianças. Ainda mais porque seu futuro pode conter uma enorme lacuna, se um, ou ambos os pais, vier a ser condenado mais à frente.
E o que dizer do sujeito que sai de casa, percorre sabe-se lá quantos quilômetros, só para ficar na porta dos Nardoni acompanhando pessoalmente os acontecimentos? Só para gritar alguma frase de efeito, quando Alexandre aparece? Esses, decerto, são os consumidores preferenciais dessa imprensa sufocadora.
Felizes também devem estar os senadores e deputados federais. Graças ao caso Isabella, eles andam meio esquecidos. E político esquecido... já sabe.
PS — Não deixe de ler uma interessante abordagem no Flanar, acerca dos efeitos que o caso estaria provocando sobre as crianças, que poderiam comprometer a relação com os pais.
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