quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Monitoria

Fui monitor da disciplina Direito Penal por dois anos consecutivos, quando acadêmico da Universidade Federal do Pará, sob a orientação do Prof. Hugo de Oliveira Rocha. Decidi me submeter à seleção porque, aos 19 anos, já sabia que minha destinação era a docência e via naquela oportunidade um treinamento para a carreira com que sonhava. A vida foi generosa comigo e me permitiu consumar meu objetivo, tornando-me professor, em setembro de 1999, e a partir de fevereiro de 2000, assumindo a cadeira justamente de Direito Penal.

Fica fácil perceber que a monitoria significa muito para mim. Dou um valor enorme a essa atividade acadêmica, que serve não apenas para aqueles que têm pendores para a docência. Mesmo quem não pretende seguir tal carreira, mas gosta de estudar, pode utilizar a monitoria para aprofundar seus estudos, fazer pesquisas, treinar a oratória, vencer a timidez, dentre outras utilidades. O mais das vezes, contudo, a monitoria é procurada por quem considera a docência como opção pessoal. Vou abstrair a particularidade do desconto na mensalidade, porque esse é um aspecto digno de nota, mas certamente menor.

No começo deste ano, o CESUPA lançou o edital da monitoria de 2011. A procura foi enorme, o que me deixou muitíssimo satisfeito. No que tange ao curso de Direito, único do qual me atrevo a falar, foram 90 as inscrições deferidas (portanto, a procura foi ainda maior). Mas a comemoração termina aí.

Dos 90 candidatos, apenas 30 compareceram para fazer a prova escrita. Ignoro os motivos. Só sei que dá pena ver tantos FF na lista, o que me leva a especular se não teria faltado um pouco de reflexão na hora da inscrição. O aluno precisa pensar com cuidado se realmente deseja a monitoria e se está em condições de se submeter à seleção. E deve, ainda, dedicar horas para a preparação, posto que a cara e a coragem não são boas aliadas nessa hora.

Tantas desistências são um sintoma e devemos nos preocupar com ele. Ainda mais porque o processo seletivo começa com uma avaliação de histórico escolar e muitos dos desistentes possuíam notas elevadas nesse quesito.

Por fim, dos 30 alunos que efetivamente realizaram as provas, apenas 9 lograram aprovação. 30%. Um índice baixo e preocupante. Duas disciplinas ficaram desguarnecidas. Precisamos extrair desses dados conclusões pragmáticas para o futuro, a fim de preparar melhor nossos alunos, inclusive, quanto a deixá-los mais conscientes sobre fazer ou não essa opção.

Sendo possível que algum dos candidatos reprovados tome conhecimento deste texto, faço questão de deixar claro que não lhes faço nenhuma crítica, nem julgo comportamentos ou razões. Ao contrário, dou-lhes meus parabéns pela tentativa e externo uma preocupação institucional, bem como o meu desejo de que possamos crescer a partir daqui.

8 comentários:

Anônimo disse...

Caso de delegados que deixaram escrivã nua é arquivado

A Corregedoria da Polícia Civil arquivou o inquérito que investigava dois delegados suspeitos de abuso de autoridade durante a prisão de uma escrivã de polícia que atuava no 25º DP, no bairro de Parelheiros (zona sul de SP).

Conforme a denúncia, os policiais Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves, ambos da Corregedoria, tiraram a calça e a calcinha de uma escrivã que era investigada pelo crime de concussão, quando um servidor exige o pagamento de propina.

Imagens que foram divulgadas ontem pelo blog do jornalista Fábio Pannunzio (www.pannunzio.com.br) mostram que durante a prisão em flagrante da escrivã os delegados determinaram que a mulher tirasse a roupa para checar se ela havia escondido dinheiro de propina dentro da calcinha.

O caso aconteceu em junho de 2009. Ao longo dos 12 minutos do vídeo, a escrivã diz que os delegados poderiam revistá-la, mas que só retiraria a roupa para policiais femininas. Mas nenhuma investigadora da corregedoria foi até o local para acompanhar a operação.

O vídeo abaixo traz trechos cedidos pela TV Band (cuja íntegra da reportagem pode ser vista aqui) que mostram imagens do incidente:

SEM ROUPA

Ao final, o delegado Eduardo Filho, uma policial militar e uma guarda civil algemam a escrivã retiram a roupa dela e encontram quatro notas de R$ 50. A escrivã foi presa em flagrante e, após responder a processo interno, acabou sendo demitida pela Polícia Civil. No mês seguinte, seus advogados recorreram da decisão.

"Foi um excesso desnecessário. Ela só não queria passar pelo constrangimento de ficar nua na frente de homens", disse o advogado Fábio Guedes da Silveira.

Para a Corregedoria, não houve excessos na ação dos dois delegados. Segundo a corregedora Maria Inês Trefiglio Valente, eles agiram "dentro do poder de polícia".

O promotor Everton Zanella foi ouvido no inquérito que investigou os policiais e disse que a retirada da roupa foi uma consequência do transcorrer da operação.

"Houve apenas um pouco de excesso na hora da retirada da calça da escrivã, todavia, em nenhum momento vislumbrei a intenção do delegado que comandava a operação de praticar qualquer ato contra a libido da escrivã", disse o promotor no inquérito.

PROCESSO

Além de ser expulsa, a escrivã responde a um processo criminal. A primeira audiência do caso só deverá ocorrer em maio, conforme seus advogados.

Os delegados Eduardo Filho e Gustavo Gonçalves continuam trabalhando na Corregedoria da Polícia Civil. A corregedora os caracterizou como policiais "corajosos e destemidos". A Folha não localizou os dois policiais neste sábado para comentar o assunto.

Yúdice Andrade disse...

Agradeço as informações adicionais, das 13h34, embora se refiram ao conteúdo de outra postagem. Volte sempre.

Ana Miranda disse...

Minha filha está inscrita para a prova de monitoria. Ela não quer ser professora, mas sabe que isso ajuda no currículum.
Toamra que ela passe...

Adrian Silva disse...

Recomendo que estudem bastante e com longo tempo de antecedência, ao invés de deixar para estudar em cima da hora e não cobrir todo o conteúdo. Assim dificulta mais, sobretudo quando não se conhece o professor para o qual está tentando a monitoria. Às vezes, aqueles que pareciam estar quase passado por conta de um bom histórico escolar, podem simplesmente, ficar para trás. Os mais esforçados e os que já foram alunos dos professores que estão sugerindo a monitoria, acredito eu, possuem vantagens se comparando com os demais.
Força.

Yúdice Andrade disse...

Tomara mesmo, Ana. E que ela aproveite tudo de bom que a experiência pode proporcionar.

Ocorreu-me, Adrian, de considerar meio sintomática essa alusão a "cobrir todo o conteúdo". Revela uma visão tradicional da educação, marcadamente conteudista. Não é culpa tua: na verdade, nós todos nos comportamos dessa forma, mas sem dúvida isso é um problema.
Penso que, além do conteúdo, a seleção de monitoria deve privilegiar também habilidades, o que acaba remetido à entrevista, numa etapa posterior. Mas penso que elas deveriam ser testadas também na prova escrita. Até me penitencio quando o digo, porque me dou conta de que não agi dessa maneira.
Outrossim, o aluno que já se acostumou ao estilo de prova do professor, em tese, tem uma vantagem. Mas é difícil saber se ela será realmente importante no processo seletivo. O meu trimonitor, p. ex., jamais foi meu aluno e, até onde sei, quando passou pela primeira vez, jamais havíamos mantido qualquer contato, nem no corredor.

Adrian Silva disse...

Ao meu ver, trata-se de uma questão de preparação (ou em outros casos, MUITA sorte - mas essa já é uma questão mais improvável) ou de inteligência nata.

Rafaela Neves disse...

Olá prof, adorei esse post sobre Monitoria, um dos motivos é o meu grande interesse pela docência. Achei muito pertinente o comentário que o senhor fez ao dizer que aprofundamos as pesquisas e o estudo na matéria em que fazemos, pois posso dizer que nada se compara ao aprendizado tanto profissional e pessoal que tive ano passado. Foi uma experiência maravilhosa, pois além de ser orientada por um Mestre fantástico que tanto admiro, era monitora em uma das disciplinas que mais tenho apreço: IED!
Eu faria tudo de novo- a monitoria só fez eu querer ainda mais ser professora- e faço. E posso lhe garantir que seria monitora voluntariamente. Fiz prova esse ano e estou aguardando o resultado, se não passar, pode ter certeza que farei monitoria voluntária, pois não há desconto que pague o aprendizado obtido!
Quanto a questão de ser aluna ou não, irei discordar do meu amigo Adrian, pois a exemplo do Antônio e da Mayra, eles fora monitores de professores que não lhes deram aula, assim como eu espero ser monitora de um prof que só me deu aula no 2º semestre e "espero que isso não prejudique a minha avaliação"!

No mais, obrigada pelo excelente apoio Prof, precisamos de mais prof's assim!

Yúdice Andrade disse...

Toda prova tem um certo componente de sorte, Adrian (a questão de cair aqueles temas que o aluno conhece melhor ou o tipo de abordagem). Mas quero crer que a seleção de monitoria não está centrado em aspecto tão furtivo.

Rafaela, dou-te mais uma vez os parabéns pelo empenho na monitoria. Que continues repetindo a experiência.
No mais, como já disse, a vantagem de já ter sido aluno do professor que elabora e corrige a prova é meramente especulativa e depende de estar familiarizado com seu estilo. Mas isso é um tiro no escuro.