Já cansei de dizer, aqui no blog, que sou plenamente favorável ao exame de Ordem, mas contrário ao modo como ele é aplicado. Sempre se disse que a OAB usava o exame como forma de segurar a grande quantidade de bachareis lançados no mercado, principalmente depois que o Ministério da Educação decidiu que o parecer do nosso colegiado de classe não tem poder vinculante. Ou seja, mesmo que a OAB emita parecer contrário a um curso, o MEC pode liberá-lo. Como retaliação, afirmava-se, a Ordem aplicava um te pego na curva que atingia os bachareis, não as instituições (diretamente), muito menos o MEC.
Seja como for, a OAB sempre jurou que seu único compromisso é com a qualidade da formação dos novos profissionais. E até onde sei, nunca respondeu à altura as acusações que recebe. E assim chegamos ao fato de que sempre houve problemas na realização do certame. Eu mesmo sofri isso, quando precisei recorrer de uma nota 8,0 que me fora dada na prova subjetiva, tendo que adivinhar o motivo pelo qual sofrera o desconto. Aparentemente, fora punido por esquecer uma preliminar no recurso, mas a preliminar estava lá! Identificada em letras garrafais. Pelo menos, o erro foi corrigido, mas deixou claro o pouco caso com que as provas estavam sendo corrigidas.
Também houve aquele ano em que alguns alunos trocaram farpas acidérrimas com o então presidente da OAB/PA, hoje presidente nacional, através da imprensa, inclusive. E sempre, sempre houve severos questionamentos sobre erros e abusos na elaboração das provas.
O tempo passou e o exame foi nacionalizado. Vieram então os embates com o quase onipresente CESPE/UNB e suas provas irritantes, com cartões-resposta absurdos. Questões estranhas, respostas malucas e a permanente hostilidade aos recursos dos candidatos foi minando a credibilidade do processo. A gota d'água foram as suspeitas de fraudes, anulação de provas e milhares de pessoas prejudicadas. O CESPE foi então substituído pela Fundação Getúlio Vargas e... não adiantou nada. O exame em andamento já está provocando as suas polêmicas e a nova é uma trapalhada, expressa pelo comunicado abaixo:
O "erro material" pode fazer com que candidatos aprovados com 50 acertos caiam para 49. Dormiram na segunda fase e acordaram eliminados. E o pior é que não poderiam alegar nenhuma espécie de direito de prosseguir, tendo que suportar o revés com cara de tacho.
Eu realmente acho incrível como instituições tão respeitáveis, que fazem esse tipo de trabalho há tanto tempo, conseguem cometer erros tão primários. Tudo bem, erros acontecem, mas esses? Cadê a preocupação com a revisão dos documentos, antes de sua divulgação, ainda mais em se tratando de uma seara tão espinhosa?
O exame de Ordem 2010.3 já começou bem. Vamos ver como ele termina.
2 comentários:
Bom,
Comecemos pelo exame 2010.3 ser realizado em fevereiro e março de 2011.
Realizei o 2010.2 e percebi erros primários, que uma mera revisão de 5 minutos daria conta. O que é pior, ao invés de admitir o erro, elaboraram uma tese como padrão de respostas altamente absurdo beirando à situações de que o reclamado, em audiência, alegara prescrição de um contrato de de trabalho que se encerrou dois anos APÓS o ajuizamento da ação. Ou ainda, alegava o Reclamado que o Reclamante era "mais veloz" que o paradigma e que portanto não caberia equiparação.
Erros notórios e primários e que infelizmente não foram corrigidos, fazendo com que muitas pessoas deixassem de exercer a profissão por mero preciosismo.
Abraços
Jean Pablo
Caro Yúdice,
um blog que eu costumo ler fez uma postagem sobre o exame de ordem merecedora de destaque.
São propostas concretas, e que, se levadas a sério e encabeçadas politicamente deveriam ter espaço na mudança da atual maneira como se processa o exame, por isso merece a divulgação.
Posso até estar sendo ingênuo em acreditar na proposta, mas até hoje foi uma das melhores que li, portanto, segue o link:
http://politicajustica.blogspot.com/2010/12/sugestoes-de-mudanca-no-exame-de-ordem.html
Grande abraço,
Vitor Martins Dias
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