Aquele conhecido dito popular segundo o qual "ruim com ele, pior sem" sempre me incomodou. Parece uma ode ao conformismo. Mas talvez o raciocínio possa ser empregado a nossa cidade, que desde ontem se encontra desprovida de seu caquético serviço de transporte público. Viu? Pior sem ele. Porque as pessoas precisam dar um jeito de dar conta de seus compromissos, sobretudo trabalho, mas têm dificuldades enormes para se locomover. Aí vem uma série de prejuízos em cascata, inclusive a bandidagem se aproveitando para atacar a grande quantidade de pessoas largadas nas ruas, muitas distraídas, caçando com o olhar um transporte.
Ontem à noite, as instituições de ensino suspenderam as atividades. Como a greve dos rodoviários não acabou, o mesmo se espera para hoje. Com uma de minhas turmas, isso implica em perder todas as aulas da semana, complicando gravemente uma situação já delicada (conteúdo programático muito extenso para o período, já atingido por vários feriados). Ou seja, no retorno, é partir para o se vira nos 30.
Mas uma greve dessas representa exatamente isso: transferir para quem não tem culpa os ônus do desequilibrado sistema trabalhista brasileiro, sem a menor noção (e a menor preocupação) com a quantidade e intensidade dos prejuízos decorrentes. E como bandeira pouca é bobagem, uma bela chuva está se armando.
Boa sorte hoje, meus amigos.
Um comentário:
É o tal do 'direito à greve'. A nossa Constituição outorga tantos direitos a ermo e - pelo menos hoje em dia - esquece de dar direito ao cidadão de ir e vir, de andar à noite na rua com tranqüilidade. Não só Ela, mas o Estado no geral. Talvez não seja apenas o nosso sistema de transporte que se mostra defasado e sucateado.
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