Eis aí abaixo o cartaz da última temporada de Lost, que me desperta alguns devaneios semióticos. Vejamos.
Assim como um título se presta a ser a menor definição de uma obra, os cartazes de obras audiovisuais são elementos valiosos para entender a que elas se propõem. E, no caso específico de Lost, a leitura deve ser mais acurada, já que, devido ao universo atordoante que ele representa, toda e qualquer parte da imagem representa uma informação.
Aviso de spoiler! Não prossiga a leitura se não viu a quinta temporada na íntegra. Se prosseguir, a escolha foi sua.
Nas primeiras temporadas, os cartazes mostravam os personagens na ilha. Depois, quando parte deles retornou à civilização convencional, passaram a ser mostrados em ambiente urbano e os demais, na ilha. Agora, eles não estão em nenhum lugar específico. Dizer que estão na ilha é apenas um impulso, algo estimulado pelo fato de que os personagens exibidos realmente encerraram a quinta temporada lá. Contudo, o cenário é apenas de nuvens espessas e escuras (referência óbvia a distúrbios e conflitos íntimos) e de uma escuridão, justamente o que não permite que saibamos onde estão os pés dos personagens. Pode até ser o monstro de fumaça, que já nos foi apresentado como uma espécie de juiz de nossas consciências.
O cartaz destaca personagens novos ou que ganharam importância ou um novo sentido na quinta temporada (Miles, Lapidus, Ilana e o próprio Richard Alpert), traz de volta Claire (cujo status é oficialmente indefinido, mas todo mundo crê que esteja viva) e mostra quatro pessoas olhando para baixo: a própria Claire, Kate, Jin e, no maior destaque, aquele que aparenta ser Locke, mas que na verdade é o Inimigo, já que o verdadeiro Locke morreu. Como eu queria saber o que significa esse olhar para baixo! Ao contrário da leitura apressada feita pela matéria cujo link aparece no fim deste texto, apenas Jin parece triste. Natural, considerando a sua busca desenfreada pela esposa. Kate não parece triste nem preocupada; talvez algo irônica. Claire me sugere um ar de superioridade e o falso Locke parece estar apenas concentrado, pensando. Difícil cogitar algo mais, já que se trata de um personagem novo e desconhecido.
À exceção destes e de Lapidus e Miles, todos os demais estão olhando para a frente, diretamente para nós. Ninguém está feliz, com certeza, mas nem Jack aparenta tristeza. Quanto a preocupação, é um sentimento genérico demais e todos ali têm motivos de sobra para isso.
Duas coisas me chamaram a atenção: a ausência de Juliet (é cada vez mais certo que tenha morrido, de fato — sabemos que Faraday morreu e ele igualmente está ausente) e o avião entre as nuvens tempestuosas. Um avião inteiro, frise-se. Enfim, como era de se esperar, o cartaz mais instiga do que informa. Cumpre bem a sua finalidade: deixar os fãs ávidos pela conclusão da trama.
E eu já nem posso afirmar que faltam apenas 26 dias, porque Barack Obama está a fim de acabar com a festa.
5 comentários:
Eu nunca assisiti a nenhum episódio de Lost. Não sei o por quê, mas nunca assisti.
Logo quando a série veio ao ar no Brasil, tentei assistir a um episódio, mas não entendi muito aquele negócio de fazer o telespectador tremer de medo só com o som. O cara morre, a tela fica preta e só se ouve o estampido. E a gente fica: "o quê? que houve? o que aconteceu?".
Fica parecendo a tv Bandeirantes, que quando exibe algum filme mais violento em horário nobre, corta todas as cenas de impacto, metendo um comercial no meio delas. Enfim, é lost mesmo. Não me sinto muito atraído por histórias de ilhas perdidas, onde os perdidos estão sempre bem-vestidos e penteados, mesmo com aquele vento todo e os monstros que habitam o local; mas nunca aparecem. Spilberg os abandonou. Égua da ilha...
Maldito seja Barack Obama!!!!!!
Inicia, no próximo final de semana, a maratona Lost, na AXN. Uma temporada por final de semana.
Obviamente, não dá para ver tudo. Mas, pelo menos, dá para rever alguns episódios!
Abraços!!!
Tem que experimentar, Ana. Admito que não é fácil gostar, Mas quem gosta, vicia.
Mas, Fred, não se trata de um programa jornalístico. A finalidade é provocar emoções fortes e inquietação. Então o negócio é relaxar e aproveitar.
A propósito, se houvesse dedo do Spielberg em "Lost", eu nem teria começado a assistir.
E não é, Francisco? Por que esse porra não muda a data do pronunciamento dele? Questão de prioridades!
Não dá para ver tudo, Rita? Então tenho que te apresentar a minha esposa...
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