sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"Crimes de honra"

Na Turquia, uma menina de 16 anos foi enterrada viva pelo pai e pelo avô. Motivo? Conversava com meninos.
Pelo mundo afora, ainda existem muitas situações que nos causam estarrecimento, mas que estão atreladas a matrizes comportamentais tradicionais, como esta ou como os casamentos arranjados de crianças, que acontecem, p. ex., entre os ciganos. Como um dos cânones do Direito Internacional é a autodeterminação dos povos, lutar contra tais práticas não é tão simples. Não se pode simplesmente impor os valores do Ocidente. Mas como, na tal aldeia global, poderíamos suportar comportamentos tão drásticos?
E não venha dizer que, evidentemente, matar a adolescente foi um ato de barbárie. Nós pensamos assim. Mas os ascendentes da menina talvez acreditassem em algo maior. E, se assim for, hão de se sentir muito injustiçados, como acontece com os fundamentalistas religiosos.
Viver neste mundo poderia ser mais fácil...
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6 comentários:

Helena Chermont disse...

A tentativa de respeitar é tão angustiante quanto a de pensar em impor os valores ocidentais.

Ana Miranda disse...

Dizer o quê??????
Honra????????
Sem comentários.

Polyana disse...

Perceba como no artigo referem-se à região onde a família mora como uma região "atrasada" da Turquia. E, além disso, colocam a palavra honra e infeliz entre aspas, como se o sentimento não fosse real. Bem, é real, só não é justificável para nós. A notícia é de se lamentar. Triste.

Yúdice Andrade disse...

Verdade, Helena. Essa é uma das dificuldades do respeito à diversidade. Prazer te ter por aqui.

Não é fácil de processar a informação, Ana.

Quero crer, Polyana, que a referência a atraso implique em uma mudança de mentalidade entre os turcos. Quando mais limitado esse tipo de comportamento for, melhor. Seja como for, os dois responsáveis foram presos.

Anônimo disse...

Por favor... não há como falar em relativização de direitos devido a cultura de um povo, quando o primeiro e mais importante direito humano é violado...

Yúdice Andrade disse...

O problema, das 10h46, é que a vida como "primeiro e mais importante direito humano" é, também, um elemento cultural, que nunca foi e continua a não ser universal, embora predomine maciçamente. Daí que continuamos na mesma situação: o dilema versado no caso sob comento não é nada simples de resolver.