sábado, 13 de fevereiro de 2010

Plaquinha de "volto já" pendurada

Sempre gostei de voar. Para mim, o prazer de uma viagem sempre começou no simples fato de entrar no avião  apesar de que tal sensação se punha em conflito com a minha claustrofobia e minha inigualável velocidade de entediamento. Meia hora após a decolagem a impaciência começa a tomar conta de mim e meus olhos passam a procurar o relógio de um jeito algo obsessivo. Como, entretanto, contar os minutos torna a situação ainda mais angustiante, preciso me policiar para não fazer isso  e começam as estratégias para me distrair. Um livro, palavras cruzadas e agora o iPod. Para piorar, não consigo dormir durante o voo. Em viagens mais longas, sempre acabo um bagaço.
De outra banda, agora temos Júlia. Ela cumpre a função de manter a mente ocupada (e as mãos!), mas por outro lado produz a estressante preocupação com o seu bem estar (sentirá dor no ouvido? estranhará o local? terá problemas para dormir? ficará com saudade de casa e das pessoas com as quais se acostumou?)
Mas eis que o inesperado aconteceu. Não acreditei muito quando me disseram isso a primeira vez: com a paternidade, ficamos mais medrosos. Percebi isso nas duas vezes em que viajei de avião com minha filha (duas viagens de ida e volta). Morrer, para mim, nunca foi um problema. Mas se embarco com Júlia no colo, enfrento a ansiedade de chegar ao meu destino com ela a salvo. O estresse aumentou. E eu, abdicando da ignorância  que pode ser uma bênção , resolvi ler outro dia uma reportagem da SuperInteressante (edição 272, dezembro de 2009) intitulada "Como cai um avião", explicando os diversos tipos de incidentes que podem colocar você nos noticiários internacionais. Agora posso me estressar com conhecimento de causa. Quando, p. ex., fecharem a porta da aeronave, saberei que a pressão atmosférica interna será de 0,6 atm, abaixo do que estamos acostumados no meio exterior (1 atm), o que pode causar sonolência (não em mim), porque dificulta a respiração. Também convivo com a noção de que estamos sentados na parte do avião mais propícia à morte, em caso de acidente (entre a cabine e as asas), quando o ideal seria o fundão, para onde não fomos por uma questão de comodidade, já que hoje o acesso à aeronave sempre se faz pelas portas dianteiras.
Daqui a algumas horas, alçarei voo rumo a Santarém, a pérola do Tapajós. Vou pegar uma chuva por lá, fugindo dos blocos de sujos que atiram de tudo na cara de quem passa por eles. Por isso, o blog hibernará no período. Tudo bem que o NavegaPará já levou acesso à internet banda larga para a orla da cidade, mas viajarei sem computador  nem acho que valeria ter um, ao ar livre, sob chuva. Afora isso, os provedores particulares lá são ruins. Por conseguinte, estou me desconectando.
Desejo a todos um bom carnaval e espero estar de volta na quarta-feira de cinzas. Abraços e não se rasguem na folia!

PS - A ilustração é de autoria de Camila Fernandes e pode ser vista no blog da autora.

2 comentários:

Luciane Fiuza disse...

Também tenho medo de avião, mas vale a pena enfrentar o medo e chegar à Santarém. Um ótimo descanso para você e sua família. Abs! Lu.

Yúdice Andrade disse...

Não é exatamente medo, Lu. Mas obrigado pela gentileza. No final, foi tudo muito bem.