terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Dura lex na velha bota


Você confiaria neste cara?
Legenda: "Italianos, não me deixem só!"
Mais uma da série "Lá e cá". No Brasil, algo assim é simplesmente inimaginável, mas na Itália a máxima autoridade do Poder Executivo, o premiê Silvio Berlusconi, sofreu um revés hoje, quando o Tribunal de Milão decidiu julgá-lo imediatamente por fazer sexo com uma prostituta menor, prevalecendo-se de seu cargo.
O escândalo — as palavras "Berlusconi" e "escândalo" um dia serão dicionarizadas como sinônimas — ficou conhecido como "Rubygate", em alusão ao apelido da garota pivô do caso.
O milionário líder italiano não se abalou com a notícia, "já esperada". Como político é tudo igual, sua tese é de que está sendo vítima de uma conspiração motivada por interesses políticos. Tese por sinal curiosa, considerando que o próprio já admitiu diversas vezes "não ser santo", nestes termos. Até as mais secas parreiras da Toscana sabem que o dito cujo é obcecado por mulheres e usufrui de seu dinheiro e poder para viver festejando.
O fato de a vítima ser uma prostituta não muda o contexto de exploração sexual, como entende qualquer pessoa bem intencionada. A leniência com comportamentos desse tipo é a mola do sucesso do tráfico internacional de pessoas, para fins de exploração sexual — um dos crimes mais repugnantes que se pode conceber.

Berlusconi e a causa
de muitos de seus
atuais problemas
 Enquanto isso, no Brasil, nem precisa ser presidente da República. Qualquer deputadinho escapa de acusações muito mais graves (ou pelo menos tão graves quanto). Antes que vocês pensem que este comentário tem destinatário certo, porque não tem, refiro-me à impunidade generalizada no país. Afinal, por aqui abuso de poder é rotina e quase ninguém é punido por isso. Quando acontece, são as otoridades que caem na rede.
Outra coisa que não existe no Brasil é essa história de via do "processo acelerado", mencionada na reportagem.
Aguardemos, enfim, o desenrolar dos fatos. Berlusconi tem muita munição para gastar.

7 comentários:

caio disse...

Será que dessa vez vai?

Pelo que sei, Don Berlusconi, além de chefe de governo da Itália, é presidente das três maiores redes de televisão privadas de lá. E também dono do time de futebol de maior projeção internacional, além de terceiro clube mais popular na Itália.

Costumo brincar que é como se o Roberto Marinho fosse também presidente do Brasil, do SBT, da Record e do São Paulo FC. Tendo ainda o jeito deslavado de um Renan Calheiros.

PS: Ri muito com a segunda legenda. Lembrou-me até da minha pré-adolescência embalada pelos Raimundos...

Daniel Scortegagna disse...

Sr Iúdice, pelo que me consta minha parca cultura, na língua italiana, tedesco faz referência a qualquer coisa de origem alemã, inclusive sendo por lá utilizado como gentílico das terras germânicas...
Ou seja: ou não entendi o título do post ou houve um leve engano seu, correto?

abraços de alguém que acompanha o blog há tempos

Yúdice Andrade disse...

Caio, alheio que sou a futebol, não sei se a referência ao São Paulo como time assim tão popular procede. Mas compreendo a relação.
Quanto à segunda legenda, não podia perder essa piada!

Caríssimo Daniel, a questão é muito simples: cometi uma ratada horrorosa e você fez a gentileza de me corrigir. Agradeço por evitar que eu passe esse vexame perante um número maior de pessoas.

Daniel Scortegagna disse...

Yúdice, desculpe, mas no primeiro comentário escrevi o seu nome com "I"!!

abraços

Anônimo disse...

Esse seu humor…

Alexandre

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice,

É esse o país a quem acusam de nazifacista e cujo Poder Judiciário o Executivo brasileiro desrespeita, no caso Battisti.
A solução para Berlusconi, portanto, é pedir asilo político ao Brasil.
Abs.

caio disse...

Eu não acompanho o São Paulo. Mas lembro-me de mais de uma pequisa recente mostrando que, estereótipo de elitista à parte, é o clube que tem a terceira torcida mais numerosa no Brasil, tal qual o Milan na Itália. A analogia entre eles também se estende às cores.

(Também vi algo de estranho em "tedesco", hehe. A Alemanha talvez seja a terra que mais versões para si tem nos diferentes idiomas; cada povo bárbaro que ficou por lá batizou um...)