quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Exercício de futurologia

No blog Espaço Aberto, o jornalista Paulo Bemerguy especula sobre o destino que será dado ao terreno onde desabou o Edifício "Real Class". Diz ele:

E aí?

O que vão fazer na área onde desabou o Real Class?
Outro edifício, seguramente, não será.
Ou alguém acredita que uma construtora qualquer terá peito de erguer uma nova obra naquele mesmo terreno?
Moradores das redondezas estão se organizando para propor duas alternativas.
Uma delas: a construção de uma praça ou de uma área de lazer.
A outra: a construção de uma capela.
No caso da praça, se vier mesmo a ser construída, o Poder Público terá que desapropriar o local.
Mas se a construção começar no governo de Duciomar Costa, o huno, não acabará nunca; ou pelo menos não acabará durante o governo dele.
Se Duciomar passa três anos para construir uma calçada de 900 metros, imaginem quanto tempo não passará para construir uma praça, digamos, mais caprichada!
Aliás, a ser verdade que a Real Engenharia quer mesmo livrar sua barra da melhor forma possível, por que não ela mesma tomar a iniciativa de doar o terreno ao município e de ela mesma construir uma área de lazer no local?
Está bem que isso não recobraria a vida das três pessoas que morreram na tragédia que foi o desabamento do Real Class.
Mas pelo menos seria um gesto voluntário que demonstraria um mínimo de senso de humanidade num setor como o do mercado imobiliário, de onde só ressoa o barulho das caixas registradoras.

Escrevi-lhe um comentário, que compartilho aqui:

Meu amigo, sejamos sensatos: a Real não vai doar um terreno em área nobre, que lhe custou alguns milhões de reais (porque é na casa dos milhões que custam esses imóveis hoje em dia). Ainda mais considerando o tamanho do prejuízo que precisará indenizar.
Quanto a desapropriar o imóvel, não creio que a medida se justifique considerando apenas o interesse público. A indenização do imóvel desapropriado custaria aos cofres públicos muito mais do que a obra em si e uma praça não traria benefícios que justificassem tamanho investimento. Se ainda fosse para construir um espaço para prestar algum serviço público, vá lá, mas nem assim temos justificativa no campo da economicidade, pois seria possível construir em outro local, por menor preço.
Peço que ninguém me demonize: não estou fazendo juízos de valor pessoais, apenas comentando sob uma ótica jurídica.
Meu palpite é que a Real vai segurar o imóvel um tempo, as pessoas vão esquecendo, como sempre esquecem e, no futuro, será erguido um edifício lá. Comercial. Prédio residencial não, porque as pessoas se recusarão a morar ali. Mas as salas comerciais surgirão, construídas pela própria Real ou por outra empresa. E assim será para que a Real dê viabilidade ao investimento feito na compra do imóvel.

Esqueci de dizer, no comentário acima, que o Edifício "Raimundo Farias" desabou na Doca e ela foi se enchendo, cada vez mais, de espigões. Lá estão, inclusive, as duas torres mais altas da Amazônia, com seus 40 andares.
Então anotemos aí: estou apostando na construção de um edifício comercial, nos próximos anos. E como o tempo hoje é muito mais rápido para tudo, penso que dentro de cinco anos ele estará lá. Pode até ser que não inaugurado, mas estará. O tempo dirá se acertei.

3 comentários:

Arthur Laércio Homci disse...

Será?

Concordo contigo quanto ao fato de que em pouco tempo as pessoas nem se lembrarão mais da queda do edifício. Eu, por exemplo, que sou de 1986, jamais tinha escutado falar do tal edifício Raimundo Farias, que caiu na Doca. Mas ainda creio na possibilidade de transforação daquela área para algum fim público ou social. É que os moradores do local, que são os maiores interessados, não irão deixar que outro espigão (comercial ou residencial) seja ali erguido, e considerando tratar-se de área nobre, talvez eles tenham algum tipo de influência política e mesmo midiática para impedir a construção de um novo prédio.

As saídas encontradas é que me parecem difíceis, conforme anotado na postagem: doação ou desapropriação. Creio mais na realização de uma parceria público-privada, que talvez trouxesse prejuízos financeiros imediatos à construtora, mas que poderia garantir o retorno da credibilidade da marca, ainda que saibamos que qualquer tipo de iniciativa não vai substituir as vidas perdidas e os transtornos causados pela tragédia. Mas, como o povo (nós) se satisfaz com pouco, creio que a construtora acabará cedendo à sua sede de dividendos positivos para limpar o seu nome.

Anônimo disse...

O que existe hoje no espaço do prédio raimundo Farias?

Yúdice Andrade disse...

Acho complicado afirmar que os moradores não deixarão que surja outro espigão no local, Arthur, simplesmente porque não lhes cabe essa decisão e os brasileiros não são exatamente bons em políticas comunitárias. Quando o fazem, as lutas são com os governos, não com a iniciativa privada, sempre de olhos fechados para qualquer clamor que não seja o próprio interesse financeiro.
Neste momento, existe a influência política e midiática, mas daqui a alguns meses ela se terá dissipado. Isto é certo como depois do dia vir a noite.
A melhor opção seria, mesmo, a empresa realizar alguma ação meritória para reconstruir sua imagem, mas duvido que o faça pagando um preço tão elevado.

Das 11h48, o "Raimundo Farias" não ficava exatamente na Doca, mas na Antônio Barretto, ali onde hoje estão o Pizza Hut, uma Extrafarma e uma concessionária da Suzuki.