"É inimaginável, para a maioria das pessoas, a dantesca realidade dos transexuais, que vivem atormentados dentro de uma anatomia física que, psicologicamente, não lhes pertence. É sensato que a Justiça cerre os olhos para o drama daqueles que, em busca da felicidade e paz de espírito, têm a coragem de extirpar os próprios órgãos sexuais? É justo que essas pessoas, que chegaram ao extremo em busca de seus propósitos, tenham negado o direito à mudança de prenome e gênero sexual em seus assentos registrários, cerceando-lhe o direito de viver com dignidade? Certamente não."
Desembargador Luciano Sabóia Rinaldi de Carvalho,
do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ao julgar recurso e autorizar que
um transexual mude não apenas o nome,
mas o gênero, em seu registro civil.
Esta decisão abre um precedente importante e mostra que a percepção social sobre os gêneros está mudando, inexoravelmente, ainda que muitos ainda se levantem em contrário, notadamente segmentos religiosos.
2 comentários:
As pessoas não fazem a menor idéia do que é desejar ser simplesmente normal, não ser olhado na rua como aberração. Tenho uma transsexual no meu convívio e, certa vez, ela me disse, aos prantos, uma frase que eu nunca esqueci: "eu sei que certas pessoas me incentivam a lutar, mas o que eu na agüento mais é ter que carregar uma bandeira todos os dias, do momento que eu acordo ao que vou dormir".
Já eu convivo, Luiza, com uma pessoa que "saiu do armário" recentemente e está adorando carregar a bandeira todos os dias. Ficou meio monotemática e é difícil avisá-la de que já está chata, porque tudo lhe parece preconceito.
Tanto num caso como no outro, fica fácil vislumbrar o sofrimento de quem gostaria de, apenas, viver a sua vida.
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