Um dos primeiros textos que postei aqui no blog tratava da postura da Igreja em relação à pedofilia, sempre tíbia (e por isso mesmo tacitamente permissiva), sempre jogando a sujeira para baixo do tapete e mantendo os seus sacerdotes desviados protegidos, acobertados — inclusive para continuar a abusar de vítimas inocentes. Quem não leu, dê uma olhada lá.
Ontem a Folha publicou uma nota informando que um padre de São José do Rio Preto (SP) foi afastado de suas funções sob a acusação de revelar segredos de confissão. O padre Telmo José de Figueiredo (44) nega veementemente as acusações, mas mesmo assim foi desde logo afastado, "para o bem do povo de Deus e preservar a figura do sacerdote", segundo o assessor da diocese local, padre Francisco Rodrigues.
E assim a Igreja Católica mostra a que veio. Também acho que violar o segredo da confissão é uma violência contra os fieis, que expõem os seus dramas mais íntimos e são traídos numa fé sagrada. Mas revelar um segredo, por pior que seja, não se equipara a abusar sexualmente de um ser humano. A divulgação do segredo causa desconforto na vítima, mas pode não haver nenhuma outra consequência. Já o abuso sexual sempre deixará traumas de difícil reparação, até quando a própria vítima não se dê conta disso.
Revoltam-me os dois pesos e duas medidas. Para o erro grave, punição imediata. Para o erro de talvez insuperável magnitude, complacência. Inaceitável. E a Igreja ainda pretende manter a sua credibilidade, num mundo em que as pessoas temem cada vez mais a violência e confiam cada vez menos umas nas outras.
Um comentário:
Certamente que a Igreja Católica está cada vez mais "perdendo terreno" para outras religiões por ser uma religião marcada historicamente pela intolerância e abuso demasiados, que persistem pelo tempo num conservadorismo consciente, mas disfarçado.
Postar um comentário