quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Retórica

Se eu fosse um linguista, meu objeto de estudo seria a retórica. Fascina-me observar como as pessoas constroem os seus discursos, aos quais pretendem dar credibilidade, principalmente quando não merecem nenhuma. Tenho um amplo campo de pesquisas a minha disposição: como sou professor, cotidianamente atendo alunos contando estórias em curiosas versões para justificar os seus pedidos. Isso tem me ajudado a identificar a sinceridade (ou falta dela) nas pessoas que falam comigo, principalmente quando têm alguma intenção específica. A linguagem corporal é outro reforço.
Veja-se agora o publicitário oficial da tucanalha paraense, segundo notícia publicada hoje pela Folha. Afirma que precisam dos votos dos indecisos para vencer a eleição e minimiza o esforço que precisam fazer, nesse sentido, pois a adversária tem mais votos a conseguir e porque "sempre fomos eleitos em segundo turno".
Sabemos todos que os candidatos tucanos sempre foram eleitos em segundo turno. O que não sei é se o Todo Poderoso Senhor do Castelo, ora candidato a governador, ficou satisfeito com essa confissão pública de que ele e seus asseclas nunca tiveram o prestígio social que alegam ter — pois, se o tivessem, seriam eleitos mais facilmente. O publicitário disse, ainda, que desde o início do ano já sabia que a oposição se dividiria no primeiro turno para se unir no segundo. Esta afirmação fulmina a do candidato, que no último debate, ofegando, jurou de pés e muletas juntos que seria eleito no dia 1º. Estarão políticos e publicitários falando a mesma língua?
Sempre soubemos que o discurso tucano era mentiroso, principalmente para fins de autopromoção. A dúvida é: o Canceroso paroara autorizou a humildade pública do seu coordenador de campanha?
No mais, podemos re-editar aquela tão conhecida piada sobre argentinos: o melhor negócio do mundo é comprar um tucano pelo que ele vale e vender pelo que ele acha que vale.

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