sexta-feira, 6 de outubro de 2006

O cortejo fúnebre do Círio

Dias atrás postei sobre as causas que conduziram ao cancelamento do Auto do Círio, que deveria percorrer as ruas da Cidade Velha hoje à noite. A Inês já estava morta, mesmo, e o espetáculo não ocorrerá por falta de patrocínio.
Os artistas, que deveriam prestar a homenagem a N. Sra. de Nazaré, contudo, não desistiram de todo. Desde o anúncio oficial do cancelamento do evento, já foram realizados alguns protestos, sob a forma de velórios do auto e, por extensão, da cultura popular em nossa cidade. Esta noite haverá mais um desses velórios, contando com um cortejo pelo trajeto que deveria ser seguido. Mas não é só: a TV Cultura promoverá hoje, na Praça do Carmo, ponto de partida do cortejo, o lançamento de um vídeo de 17 minutos chamado Olhares sobre o Auto, de autoria da jornalista Luana Lima — que, é bom que se diga, é carioca.
O vídeo ajudará a lembrar que o Auto do Círio foi declarado patrimônio imaterial da Humanidade, assim como o próprio Círio, de modo que competia ao poder público assegurar a sua existência, sem jamais haver solução de continuidade. Mas isso se o Brasil fosse um país sério. Ou o Pará. Ou Belém.
Infelizmente, o Brasil não tem presidente. O Estado não tem governador e Belém, então, nem sabe mais o que é ter prefeito.

5 comentários:

Anônimo disse...

E a Vale do Rio Doce deixa mais que buracos ao retirar tanta riqueza para os bolsos de seus "proprietários"(??), deixa o desprezo pela cultura do Estado que explora sem vergonha e sem respeito; deixa a propaganda mentirosa que afirma ser a empresa que mais investe no Brasil; deixa claro que só investe na iniciativa privada, principlamente quando submetida à chantagem, como foi o caso do Arte Pará, evento auto-glorificante do grupo Maiorana.
Aquilo que é caro ao povo paraense, como é o caso do Auto do Círio, que se dane.

Yúdice Andrade disse...

Já tinha ouvido falar nessa história de chantagem que mencionaste. E, sim, o tal Salão Arte Pará, que normalmente premia o que há de mais agressivo para minha sensibilidade inculta, serve mesmo para aquela família se sentir a própria síntese do mecenato dos reis de outrora.

Anônimo disse...

Estive no tal cortejo de hoje e vou publicar minhas impressões no meu próprio blog.
Passa lá e convida teus amigos para lerem também.
Quanto ao curta, adianto que é realmente muito bom, bonito e emocionante. 17 minutos que neste ano de orfandade, quase (se não fosse uma "ravia") me levaram às lágrimas!
E, propaganda pávula e gratuita, dos seis textos apresentandos (mesmo sem os créditos) no filme, quatro são meus!
Viva Nossa Senhora de Nazaré (3x)

Anônimo disse...

Pô, Hudson, já que fazes propaganda, faça completa - cadê o endereço de teu blog? Afinal os amigos do Yúdice querem saber o que achaste da manifestação contra a interrupção do Auto do Círio!

Anônimo disse...

Desculpa aí, não-sei-quem! Foi um lapso. Podes passar no endereço http://curiadarte.blogspot.com/ e ler na íntegra o texto QUANDO EU MORRER QUERO UMA FITA AMARELA.

O Auto do Círio é uma celebração da vida!
Vida que é a fé do povo paraense na devoção à Maria.
Vida que é o ofício do ator. (sobretudo numa terra sem política cultural.)
Vida que é o canto, a dança e a performance do artista em louvor à Virgem de Nazaré. (...)

Muchas gracias pelo interesse!