Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11.7.1836 — Belém, 16.9.1896) dispensa apresentações como expoente da música erudita brasileira. Sobre ele, direi apenas que teve uma vida muito sofrida, perdendo a mãe ainda criança e sendo criado por um pai pobre, com 26 filhos para sustentar. Esse pai criou uma banda com os filhos e, graças a isso, Gomes um dia pode tornar-se o primeiro brasileiro a ter obras suas apresentadas no Teatro Alla Scala de Milão. Gomes, após sua jornada pela Europa, voltou ao Brasil ressentindo-se por haver abandonado o pai, mas este o perdoou e mandou que seguisse adiante em sua carreira. Uma história pessoal bonita, que merecia ser conhecida, além de sua obra musical.
Ainda jovem, enamorado de Ambrosina Correia do Lago, inspirou-se nela para compor uma de suas famosas modinhas, legando ao mundo a maravilhosa Quem sabe?, que mesmo os aversivos à musica erudita conhecem.
Saudoso de minhas amadas, escuto a modinha, numa bela versão de Ney Matogrosso, integrante de seu projeto Pescador de pérolas, lembrando que o avô de Polyana, o Maestro Isoca, tocava essa em seu piano. Que privilégio!
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento?
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento?
Quisera saber agora
Quisera saber agora
Se esqueceste, se esqueceste
Se esqueceste o juramento
Quem sabe se és constante
S'inda é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Da saudade, da saudade
Agro tormento
Vivendo de ti ausente
Ai meu Deus, ai meu Deus
Que amargo pranto!
Suspiros, angústia e dores
São as vozes, são as vozes
Do meu canto
Quem sabe, pomba inocente
Se também te corre o pranto?
Minh'alma cheia d'amores
Te entreguei já neste canto!
6 comentários:
Olá, Yúdice:
O maestro Carlos Gomes, que faleceu em Belém, em 1896, tem ligações musicais com a nossa família.
Meu avô paterno - José Agostinho da Fonseca (1886-1945) -, então integrante da conceituada Banda do Instituto de Educandos e Artífices (depois, Instituto Lauro Sodré, que funcionava no prédio atualmente ocupado pelo TJE-PA), tocou requinta ou clarineta nas exéquias de Carlos Gomes. Meu avô o conheceu pessoalmente, quando o maestro comparecia naquele Instituto ou quando meu avô ía ao Conservatório (atual "Carlos Gomes"), dirigido pelo maestro campineiro (Campinas-SP).
Meu pai, Wilson Fonseca (Isoca), não só tocava, com freqüência, a bela modinha "Quem Sabe?", de Carlos Gomes, como também escreveu diversos arranjos para outras músicas do autor da ópera "O Guarany", inclusive um arranjo para coral a 4 vozes mistas, justamente para a modinha "Quem Sabe" (veja no 3º Volume da Obra Musical de Wilson Fonseca, p. 148-149).
Já escrevi no jornal "Urua-Tapera" sobre esses fatos.
Dê lembranças à Polica.
Abraços.
Vicente Malheiros da Fonseca.
Grandes almas merecem ser lembradas.
Já tive a oportunidade de reproduzir "O Guarani", deste nosso ilustre artista, ao piano.
Dizem que a música é a língua da alma.
Abraços,
Alexandre (Cps/SP)
Meu saudoso pai (Wilson Fonseca) escreveu um arranjo da protofonia (abertura) de "O Guarany", para piano a 4 mãos. Ele mesmo tocou o "secondo" (lado esquerdo) e a minha tia (Annnita), sua irmã, tocou o "primo" (lado direito).
Trata-se de música genial.
Abs,
Vicente Malheiros da Fonseca.
Alegra-me saber, caro tio Vicente. Mas será que posso ter a expectativa de ouvir essas composições ao vivo? Um abraço.
Alexandre, então também tens dotes musicais? A Júlia campineira tem mesmo muita sorte!
Sempre admirei a cultura, Yúdice. Em especial a música. E quando pequeno tive a oportunidade de estudar música com uma vizinha, que me passou seu amor pelo piano.
Estudei por 3 anos, aproximadamente. Troquei de Professor. Tive bons resultados como estudante. Amava (amo) a música, treinar minhas habilidades, estudar a história e biografia dos compositores, preparar uma peça... Ficava cerca de 8 horas/dia ao piano. Bons tempos!
Me apresentei algumas vezes em algumas escolas, num Hotel (o Nacional Inn) e no teatro Carlos Gomes de Campinas, reproduzindo a Polonesa em Lá Bemol Maior, Op. 53, de Chopin, conhecida como "Polonesa Heróica", ou "Polonaise Héroïque", em francês.
Quem sabe Julinha não tenha talentos para esta riqueza, não é mesmo? Irei passar meu amor pela música a ela, com certeza.
Falando nisso, precisa vê-la, está uma graça sem fim!
Um abraço,
Alexandre (Cps/SP)
Vou mandar o e-mail para ver as fotos, meu caro. Um abraço.
PS - Parabéns por ter no currículo essa experiência tão boa.
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