quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nós por toda parte

Quem vive nesta cidade e a ama, como eu, sofre com a degradação da qualidade de vida de seus munícipes. Nestes últimos dias, tenho sentido isso bem de perto.
Quatro anos atrás, quando meu local de trabalho mudou para perto de minha casa, a vida melhorou sensivelmente. Eu levava menos de dez minutos para chegar, tempo que seria ainda menor não fossem os semáforos e a grande quantidade de veículos. Com a entrega das obras do "Ação Metrópole" — o Complexo Viário "Júlio Cezar Ribeiro de Souza" e a nova Av. Dalcídio Jurandir —, as coisas ficaram melhores. Mas...
Com a ida de Júlia à escola, acabou o meu sossego. Apostando na proposta educacional, nós a matriculamos numa escola distante de nossa casa. Eu sabia que isso me causaria transtornos, mas os subestimei. Sigo pela Av. Pedro Álvares Cabral numa lentidão irritante. Não consigo entender o que fizeram na "nova" Arthur Bernardes, que além dos engarrafamentos de quem sai, agora sofre com engarrafamentos formados por quem entra naquela via. Todo santo dia.
Não suportando mais a agonia, hoje decidi mudar o trajeto. Mas Belém não é uma cidade que permita fugir do engarrafamento. Você, no máximo, escolhe qual engarrafamento enfrentar. Aumentei consideravelmente o percurso em nome da agilidade, mas mofei na Bernal do Couto, ao lado da Santa Casa. No final das contas, não houve ganho de tempo, mas admito que me irritei um pouco menos. Entre dois aborrecimentos, o trajeto de hoje ficará como a minha opção. Entristece-me profundamentente, contudo, a perda da qualidade de vida.
E o que fazer? É importante destacar que esses transtornos todos não são causados apenas pela insuficiência da malha viária, quantidade de veículos em circulação e falta de racionalidade na distribuição das linhas de ônibus. Outros fatores precisam ser destacados, pois são aspectos fáceis de impedir e que teriam um impacto positivo imediato no trânsito:
1. Entulho na rua. Como ninguém respeita o Código de Posturas e não há fiscalização, entulhos são lançados sobre as calçadas e acabam no leito carroçável, reduzindo o espaço para pedestres e veículos.
2. Grandes canteiros de obras. Caminhões manobrando para entrar ou sair das obras (construção de espigões), chegam a bloquear completamente a rua. Fazem isso em pleno horário de pico. Deveria haver regulamentação de horário para esse tipo de atividade (na verdade, acho que existe), para que os bloqueios em horários de menor tráfego.
3. Funcionamento de autônomos e estabelecimentos comerciais. Belém é uma cidade em que o moderno ainda convive com carrinhos de mão e carroças. E neles trafegam frutas, peixes, caranguejos, que são largados em qualquer lugar na hora da venda. Pequenas padarias, fruteiras e até mesmo butiques recebem cargas a qualquer hora, em qualquer lugar.
Soma-se a tudo isso a notória e inesgotável incivilidade e falta de solidariedade do belenense, que faz questão de bloquear cruzamentos (com o engarrafamento, o sujeito sabe que não vai passar, mas mesmo assim avança e retém quem está na transversal), manobrar perigosamente, desrespeitar a sinalização, parar em fila dupla-tripla-quádrupla, etc.
Como sempre, vemos que o maior problema não é a cidade, mas quem vive nela.

6 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Amigo,
A saída e entrada de alunos na escola onde matriculaste a Júlia é um dos piores exemplos de incivilidade da nossa Belém. A D. Romualdo, nos horários de início e fim das aulas da Santa Emília, fica simplesmente intrafegável, no melhor estilo frente do Colégio Nazaré. Dada toda preocupação que a escola expressou, para ti e Polyana, sobre educação para a cidadania dos pequeninos, não seria possível que ela fizesse algo para mudar essa realidade, que macula sua própria imagem?
Não sei se terás espaço para esse tipo de discussão, mas fica a sugestão.
Abraço.

Yúdice Andrade disse...

Meu amigo, em reunião que tivemos antes do início das aulas o assunto foi mencionado pelas professoras, na perspectiva de que essa questão seria trabalhada. Pelo menos foi o que entendi, pois mencionaram como fica a rua na hora da entrada e da saída e foi justamente aí que introduziram o tema da cidadania.
Mas podes deixar que anotarei na agenda a minha reclamação e o pedido para que as crianças sejam instruídas a instruir seus pais.

Edyr Augusto disse...

Caro Yúdice, inclua também os milhares na contramão, entre motos, bikes, carrinhos de super mercado, carrinhos de mão, fruteiros e carros. Inclua também decisões de flanelinhas adotando estacionamento em diagonal em diversas ruas, sem qualquer razão, mas diminuindo o espaço para o trânsito fluir. Terra sem lei. Até onde iremos nesse regresso à selva?
Abs
Edyr

Anônimo disse...

Professor Yudice,
Seguindo o comentário do Edyr, inclua também as centenas de pontos de táxis clandestinos.
Em qualquer esquina taxistas colocam cones, pintam faixas e se dizem donos do pedaço.

Felipe Andrade

Ana Miranda disse...

Yúdice, você não colocou meu comentário sobre esse assunto.
Buááááááááááááááááááááááááááá...

Yúdice Andrade disse...

Edyr e Felipe, podem deixar que estou tomando nota de todos esses percalços. É bom tê-los compilados, para dar mais clareza à discussão.

Ana, mais uma vez te digo: jamais deletei um comentário teu. Houve algum problema na transmissão dos dados. Sou inocente, juro!