segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Veja bem

Sempre acho muito engraçado quando alguém se aproxima de mim perguntando "Você já leu a Veja desta semana?"
Não farei aquelas críticas manjadíssimas sobre a Veja ser um dos principais veículos de comunicação da elite branca do Centro-Sul brasileiro. Limitar-me-ei a lembrar que todo comunicador, inclusive uma pessoa física, emite opiniões baseadas em seus próprios referenciais, capacidade de compreensão e objetivos. Um veículo de comunicação leva isso a níveis mais elevados e eu, definitivamente, não sou muito simpático à linha editorial da revista em apreço. Por causa de inúmeros precedentes.
O que realmente me impressiona na pergunta é que ela passa a impressão de que ler a Veja (e toda semana!) seria uma atitude natural e esperada das pessoas em geral. Ou , talvez, de pessoas com um perfil no qual o questionador acha que pode me inserir, hipótese que me deixa bem mais preocupado. Por isso, quero esclarecer, de uma vez por todas, que lá em casa somos assinantes de apenas três periódicos: SuperInteressante, Mundo Estranho e Quatro Rodas, sendo as duas primeiras de interesse comum meu e de minha esposa. A revista automobilística é interesse meu, porque gosto de saber das novidades no setor mas, principalmente, dicas de cuidados com o veículo, manutenção, seguro — essas coisas de quem precisa evitar prejuízos.
Vez por outra, adquirimos um exemplar avulso de outras publicações, que nos chamam a atenção. Somos habitués de bancas de revista. Por causa dos volumes que compramos para a Júlia pintar, gibis e Turma da Mônica Jovem. Sim, temos a coleção completa da TMJ. Mas utilizo sobretudo a Internet para me manter mais ou menos informado sobre o que acontece no mundo, por isso realmente não sou consumidor assíduo de revistas.
Por isso e por outras coisas mais, não li a Veja desta semana. Antes que alguém me pergunte, também não lerei a da próxima, a menos que seja contingência de alguma sala de espera de consultório médico.

9 comentários:

Daniel Giachin disse...

Por isso que eu gosto desse blog.

Cada um é livre para ler a revista que quiser, tem gosto para tudo e falta de filtro crítico para tudo também... agora, professor de direito perguntar para seus alunos:
- 'Vocês leram a última reportagem da Veja sobre o caso tal?'
- 'Não leram? Vocês não se informam do nosso dia a dia jurídico/político?'

Ai é sacanagem... procurar informação imparcial nesse periódico é perda de tempo.

Anônimo disse...

Eeeeeeeeiiiiii... mas nem a da semana passada?????

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

É engraçado como os parciais adoram falar que Veja é parcial. Aliás, qual revista semanal não tem uma linha editorial "parcial"? Talvez para os hoje, "ecologicamente-politicamente-socialmente-chatamente-enganamente" corretos falar mal de Veja é ser inteligente, de vanguarda social democrata... quanta iniquidade! Realmente nem Turma da Mônica pra esses resolve.

Luiza Montenegro Duarte disse...

Anônimo das 23:02, o que se depreende do texto é que o Yúdice não lê a Veja porque não concorda com a sua linha editorial, ou seja, entende que ela é parcial, como todas as outras, e se reserva ao direito de ler algo cuja linha editorial (também parcial) ele aceite. Não precisa se ofender pessoalmente.

Yúdice, como meus pais tem a assinatura da revista, desde sempre me habituei a ler. Com a idade, tomei consciência da "linha editorial" e procurei contrabalancear com uma abordagem totalmente diferente, como a Carta Capital. Procuro manter uma opinião critica sobre cada uma.
Por exemplo, na mesma semana em que Veja noticiou que a Policia Federal tinha concluído o inquérito que confirmava todos os envolvidos e as conexões do "mensalão", a Carta trouxe na capa algo como "a verdade sobre o mensalão, segundo a PF". Achei enriquecedor ler as duas matérias panfletárias. Se é pra ser enganado, que seja pelos dois lados, para poder tentar extrair uma opinião própria.
Ainda leio a Veja, especialmente pelas entrevistas com pessoas importantes e pelas matérias não políticas, mas admito que fiquei bem incomodada desde a penúltima edição, quando ela claramente vendeu a reportagem de capa e, irresponsavelmente, fez apologia ao uso de um remédio contra diabetes, que supostamente leva à perda de peso sem nenhum esforço e sem NENHUM DANO À SAÚDE. Como o medicamento prescindia de receita, ele esgotou em questão de dias, para desespero dos médicos e da ANVISA.
Paulatinamente, estou substituindo-a pela Época, que também tem a sua "linha editorial" (a das organizações Globo). As reportagens em geral são de muito boa qualidade e, quanto às políticas, é só manter aquele distanciamento que mencionei.
No mais, entendo que somente quiseste dizer que, especialmente nos dias de hoje, há outras formas de se manter informado que não por revistas, o que é obviamente verdade, mas não funciona comigo, porque eu simplesmente adoro revistas, desde a época em que meu pai abriu uma "conta" com o jornaleiro vizinho para que eu pegasse todas as revistas da Turma da Monica que eu quisesse. :)

Frederico Guerreiro disse...

Leiam Caras, e não esquentem a cabeça. Ela é particularmente intrigante depois que se lê Dostoiévski e Kant ao mesmo tempo.

Yúdice Andrade disse...

Daniel, você conhece algum professor que tenha dito isso? Um professor assim não pode queixar-se quando o aluno se fundamenta na Wikipedia, a menos que se refira a questões estritamente factuais e sem interesse político-econômico. E olhe lá.
Grato pela habitual gentileza com o blog.

Deixe-me pensar, das 16h58.
(Pensando...)
Não, também não li a da semana passada!

Das 23h02, a Luiza já lhe deu resposta suficiente. Só acrescento que a leitura do meu texto demonstra que eu, deliberadamente, fugi de maiores críticas à revista, que classifiquei como "manjadíssimas". Uma pessoa com razoável capacidade de interpretação de texto teria percebido que o foco da postagem não é a Veja e seus (de)méritos, mas sim a mensagem subjacente ao discurso. Falei difícil? Se falei, perdão, mas a coisa parecia clara para mim.
Quanto aos parciais, TODOS o somos.

Luiza, minha querida, já pensaste na carreira docente? Tua explicação foi tão clara e didática que, suponho, até o crítico anônimo será capaz de, enfim, entender. Ou não.
Foste maravilhosa, como de praxe.

Yúdice Andrade disse...

Mas Caras é muito feminina, Fred. Podemos colocar uma segunda opção. Placar, pode ser?

Luiza Montenegro Duarte disse...

Acho que eu não levo jeito pra docência. Sempre que vou falar em público, meu corpo me trai e eu fico vermelha. É ridículo! Haha

(Só não é mais ridículo do que repetir "revista" três vezes, em um único parágrafo! Odeio ler um texto assim, imagine escrever! Relevem, por favor!)

Yúdice Andrade disse...

Luiza, isso se resolve com treinamento, devagar, com paciência e dedicação. Insisto na impressão que tive. Saber comunicar é uma arte que nem todos possuem, mesmo quando já são professores.