quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Adoção frustrada?

A imprensa online divulgou há pouco a seguinte notícia:

Um bebê, do sexo masculino, foi encontrado morto, na manhã desta quarta-feira (31), em uma calçada no conjunto Vinhais, em São Luís, no Maranhão. A criança ainda estava com indícios de parto recente, caracterizado pela presença do cordão umbilical e sangue. Os corpo coberto de formigas estava debaixo de uma palmeira. Os moradores que encontraram a criança, próximo a uma panificadora do bairro, na rua 81, acreditam que a criança foi abandonada viva. Nara Gomes, dona da casa onde fica a calçada em que a criança estava, disse ter ouvido um choro na noite de ontem por volta de 21h, mas pensou que fosse de alguma criança da vizinhança. Ela acredita que a mãe tenha deixado o filho lá porque sabia do interesse dela em adotar, já que esta não pode ter mais filho e disse que adotaria se ela estivesse viva. Junto ao corpo foram encontrados uma toalha pequena de rosto, que estava embaixo da criança, uma mochila vermelha vazia e um papel. O material continuou intacto até a chegada do Instituto Médico Legal.

Semana passada publiquei sobre um possível caso de infanticídio. Agora, temos este infeliz acontecimento. Naturalmente, não disponho de informações para formar um juízo seguro sobre o caso, por isso o que falarei a seguir é apenas e nada além de uma especulação.
A testemunha dá a entender que as pessoas ao seu redor sabiam de sua intenção de adotar um bebê, daí que a mãe do bebê pode ter agido sob essa motivação. Logo, seria alguém das redondezas ou que teve contato com pessoas próximas, para ter essa informação. O fato é que o modus operandi não sugere, em princípio, um infanticídio ou homicídio, já que a mãe, aparentemente, apenas abandonou a criança. Embora não seja impossível, não é comum que a infanticida apenas exponha o filho: o usual é que pratique alguma ação fatal, tal como asfixia. Em caso de homicídio, mais ainda, teria intenção e até mesmo pressa em matar.
Se apenas a abandonou e ainda tentou protegê-la (como indica a toalhinha), o mais provável, num primeiro momento, é que a mãe tenha passado pelo parto e, logo em seguida, posto a criança na mochila, para levá-la ao local onde supunha que seria encontrada pela futura mãe adotiva. Seria o papel um endereço anotado ou, ao menos, indicação de como encontrar o local para depositar o bebê?
Se esta especulação proceder, a mãe pode ter agido para assegurar um futuro melhor para seu filho. Ao saber de sua morte, pode entrar em desespero. Mesmo que tente ocultar-se, a fim de ficar impune, seu comportamento anormal pode denunciá-la como sendo a pessoa agora procurada pela polícia. Afinal, alguém devia saber de sua gestação. Além disso, certamente se trata de pessoa sem recursos financeiros e de pouca ou nenhuma educação formal, que agiu num impulso (abandonou a criança ainda com evidências do parto), o que a tornará incapaz de construir meios de autoproteção.
Lamento muito o ocorrido e espero que as autoridades elucidem o fato o quanto antes.

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