quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Oxímoro

Aprendi nas minhas antigas e saudosas aulas de Língua Portuguesa, que eu adorava, que paradoxo é a figura de linguagem em que uma mesma oração ou verso contém termos opostos:

"somos feitos de silêncio e sons"
(da canção "Certas Coisas", de Lulu Santos)

O oxímoro é um paradoxo extremo, no qual se faz uma assertiva logicamente impossível:

"mesmo triste eu tava feliz"
(da canção "Ainda lembro", de Marisa Monte)

Acabei de saber que a Comissão de Combate ao Tabagismo do Conselho Federal de Medicina criou dez regras a serem seguidas pelos médicos, a fim de que se tornem modelos de comportamento no combate a esse mal. Leia na íntegra aqui. São nove obrigações e uma restrição: a de não fumar. Esse conjunto de normas pode entrar para a turma do "não pegou", já que é enorme o número de médicos fumantes.
Se fumar não é a coisa que mais odeio na vida, não consigo pensar, neste momento, em outra que odeie mais. Por isso, sou inclemente com fumantes. Mas outro dia escreverei sobre minha campanha Preserve a vida: apague um fumante. Por hoje, quero dizer apenas que médico fumante é um oxímoro. A norma não tem caráter geral: diz que o profissional "NÃO DEVE fumar na presença dos seus pacientes nos consultórios, quartos, enfermarias e áreas comuns dos hospitais e instituições médico-sanitárias, reuniões, congressos e outros eventos de caráter técnico-científico, nos quais não deve ser permitido fumar, sendo modelo de comportamento".
Por mim, mesmo enveredando pela esfera de liberdade individual, a proibição deveria ser total e ilimitada.
Que tal uma professora de português que falasse "estou meia cansada"? Ou um de Física que não soubesse Matemática? Ou um advogado que respondesse a inúmeros processos? Pois é, médico fumante é um acinte, uma vergonha, uma irônica palhaçada. Ele vai me mandar cuidar da saúde, por acaso?
Nem adianta me criticar. Fumante não merece perdão.

Um comentário:

Anônimo disse...

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