Li no jornal O Liberal de hoje a matéria "A capital da arquitetura brasileira", muito boa, basicamente uma entrevista com o arquiteto Flávio Sidrim Nassar, que traçou uma análise precisa, embora concisa, de alguns problemas que afligem a nossa Belém. Seus focos foram o problema do transporte coletivo e o descaso com o patrimônio histórico.
O excesso de bicicletas nas ruas, usadas como meio primordial de locomoção da massa trabalhadora, revela a inoperância do transporte público. Além de que os trajetos longos não são saudáveis (a Organização Mundial da Saúde recomenda 20 minutos diários), há o risco de atropelamentos. Enfim, não é para a bicicleta ser o veículo número um do cidadão.
Isso me remete a minhas férias. Houve um dia em que comentei sobre a quase inexistência de bicicletas em Florianópolis. Vi raras delas, sempre na Avenida Beira Mar, em atividades de lazer. E olha que o sistema de transporte público lá é um dos raros defeitos da cidade. Em minhas outras viagens, observei o mesmo fenômeno. Nas cidades do interior, o veículo oficial é a motocicleta, que qualquer um pilota, sem preocupações com habilitação ou capacete.
Quanto ao desprezo pela preservação do patrimônio artístico, histórico, arquitetônico, há tanto a dizer que eu não poderia sequer iniciar neste texto. Sem dúvida, é um problema crônico, que merece a nossa reflexão.
Alguém já parou para olhar a beleza das fachadas dos prédios no centro comercial? Se fizermos um esforço, em meio aos fios elétricos, às placas de lojas, às descaracterizações, teremos ao menos uma pálida noção do que a cidade está perdendo. Perdendo no sentido literal da palavra, pois conseguir o título de Patrimônio da Humanidade, concedido pela UNESCO, seria essencial para obter financiamentos que tornassem a cidade mais bela.
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