Dados do Ministério da Educação revelam que uma das causas da evasão escolar entre os jovens é a gravidez precoce. É simplesmente inacreditável como um problema tão sério, tão disseminado, tenha tão pouca atenção da sociedade, a começar das autoridades. Estima-se que, por ano, cerca de um milhão de mulheres muito jovens já sejam mães, o que as marginaliza do mercado de trabalho por afastá-las da escola.Há ações ainda isoladas (embora elogiáveis) como distribuir camisinhas nas escolas ou estimular os postos de saúde a ajudar no fornecimento de métodos anticoncepcionais. Há também programas de conscientização dentro e fora do sistema educacional.Por isso, o valor da decisão que acaba de ser tomada pelo Conselho Regional de Medicina, recomendando que se use a chamada 'pílula do dia seguinte' como mais um recurso à disposição das mulheres para evitar a gravidez indesejada.Essa decisão é mais um daqueles marcos para promover a cidadania, dando aos pobres um direito já adquiridos pelos ricos - o direito de planejar suas famílias.
Não posso concordar integralmente com o grande jornalista.
Sabemos que, há muitos anos, a gravidez precoce é um drama brasileiro, aqui abordado sob a perspectiva da evasão escolar, mas em inúmeras outras oportunidades tratado sob diversas óticas, tais como a inviabilização dos planos de futuro da jovem, os comprometimentos familiares, a perda de vínculos sociais, a exclusão do mercado de trabalho, o incremento do número de menores em situação de risco, etc. Como o problema é grave, exige intervenções importantes e rápidas.
Aprendi com uma velhinha que conheci que o único meio verdadeiramente eficaz contra a gravidez não planejada é o fechamento das pernas. Claro, não podemos ser assim simplistas. O discurso dela era essencialmente moralista e, embora indesmentível quanto à origem da gravidez, é de todo inócuo, pelo singelo motivo de que as pessoas não deixarão de fazer sexo. Logo, as ações da família e do poder público devem levar em conta, como premissa, que os jovens transarão tanto quanto puderem.
É por isso que o Ministério da Saúde tem favorecido as políticas de redução de riscos, onde se insere a distribuição de preservativos. Se não posso evitar o fato, tentarei ao menos minorar os riscos que ele representa. Já fui contra medidas assim. Hoje, não sei como poderíamos prescindir delas.
Todavia, distribuir a "pílula do dia seguinte" é demais para mim. Afinal, por meio dela não se diz, aos jovens, que é preciso evitar a concepção, mas tão somente o desenvolvimento da gestação. Se adotarmos, como adoto, a tese predominante de que a vida surge com a fecundação, tal medida conterá uma mensagem sub-liminar pró-abortamento voluntário. Recuso-me a aceitar isso como planejamento familiar.
Mais, se os jovens suprimirem de suas preocupações a possibilidade de uma gestação, certamente farão mais sexo desprotegido, acendendo o rastilho de pólvora para maior disseminação de todo tipo de doenças sexualmente transmissíveis, merecendo destaque a AIDS. Por isso, considero o preservativo melhor do que a pílula, no contexto.
O que me agasta é que, nessas políticas de redução de riscos, ninguém se lembra do fator educação. Querem dar remédios contra gravidez, mas não se investe no diálogo que mostraria que sexo só é bom quando se pode conviver com ele sem medos, culpas, remorsos e principalmente danos. Já sei que me dirão que essa idéia é utópica, de duvidosa eficiência e que demandaria muito tempo.
Pois é. Se já tivessem começado, quem sabe houvesse resultados a avaliar.
Um comentário:
Eu não entendo muito do assunto, que, entre nós, parece ter incidência muito baixa. De qualquer maneira estarei te enviando por email um artigo sobre Infanticídio. Está escrito em inglês.
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