quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Campanha de resgate de Belém (parte 3)

Segundo o site da Prefeitura de Belém, são as seguintes as maiores obras realizadas no Município:
  • Praça Dom Pedro II: revitalização de detalhes arquitetônicos para resgate da história do logradouro e paisagismo com espécies regionais.
  • Cinema Olympia: preços módicos para acesso da população de baixa renda, com ênfase a produções regionais.
  • Vila da Barca: a maior favela sobre palafitas de Belém deve receber 626 unidades habitacionais até o final deste ano.
  • Cotijuba: revitalização do trapiche, construção de escola para mais de 300 crianças e autorização de obras na unidade de saúde, que deverá ganhar uma ala para cirurgia obstétrica.
  • Entroncamento: anexado ao Portal da Amazônia, programa que inclui a reurbanização da orla e a macrodrenagem da bacia da Estrada Nova.
  • Av. Duque de Caxias: 4,5 Km priorizando a qualidade de vida e o meio ambiente.
  • Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém — SAAEB: vinte milhões de reais investidos em abastecimento de água.
Como se vê, não é muita coisa, mormente se considerarmos que 25 meses já se passaram e o tamanho do orçamento municipal. Nada direi sobre a Praça Dom Pedro II (uma obrinha razoável), sobre o SAAEB (que certamente envolve recursos externos) e sobre o Olympia (que considero uma boa iniciativa). Podemos, contudo, suscitar os seguintes aspectos:
  • Foi anunciado com ênfase por O Liberal que as primeiras famílias da Vila da Barca receberiam suas casas este mês, "dentro do prazo". Porém, hoje é dia 31 e não me consta que será feita alguma entrega hoje. Além disso, existe um programa de habitação do governo federal, destinado a intervir, justamente, em áreas alagadas. Estou certo que se trata desse programa e não de uma atuação originária do Município. A publicidade dá a entender que se trata de uma iniciativa do prefeito e não menciona nem de longe investimentos externos.
  • Cotijuba tem o trapiche mais revitalizado do mundo. No entanto, é apenas um trapiche; as condições de vida por lá não melhoraram muito. Quanto à unidade de saúde, a tal obra está "autorizada", o que não significa que já tenha havido licitação, contratação e muito menos assinatura de empenhos e ordens de serviço. Ou seja, a anunciada ampliação pode nem ocorrer.
  • O Complexo Viário do Entroncamento (afinal, o nome "Eng. Aarão Reis" foi mantido?) é um projeto da Prefeitura, criado e bastante reduzido na gestão de Edmilson Rodrigues. Supostamente, sua conclusão foi garantida graças ao esforço do prefeito. Seja como for, a execução da obra era do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre — DNIT, portanto federal e sujeita a contingências externas. Especula-se que a conclusão da obra foi garantida não pela macheza do prefeito, mas pelo interesse de Lula, então candidato, de agradar eleitores da região metropolitana de Belém.
  • Quanto à Duque, a crítica é fácil de fazer. A implantação do “primeiro corredor ecológico” da cidade segue sendo a maior intervenção urbanística feita até o momento. O problema é que não se compreende como um corredor ecológico possa representar a completa devastação do enorme canteiro central, que tinha muitas árvores e agora possui umas quatro em toda a sua extensão. Foi reduzido a um simples gramado e, em vários pontos, nem isso. Obra sem planejamento, o desastre provocado no trânsito se revelou nos engarrafamentos imensos e na maior dificuldade dos pedestres para atravessar. Tacitamente, a PMB o confessa, mudando o sistema de semáforos e quebrando de novo uma obra inaugurada, para construir retornos. Patético ver representante da CTBel afirmar, pela TV, que "com certeza" fora prevista uma passarela, para a locomoção dos pedestres. Lamento informar que tal previsão é inexistente.
Houve tempo e havia dinheiro, além do compadrio com o governo do Estado. Por que Belém não se beneficiou disso? Cadê a mudança prometida? Cadê o renascimento de uma cidade que se dizia, na época, estar estagnada?

Acréscimo em 11.9.2011
O Cinema Olympia, hoje, abre muito raramente, para atividades especiais. Não existe como uma referência cultural ativa na cidade. Em suma, perdemos o cinema e não ganhamos um substitutivo.
Quanto ao projeto de urbanização da Vila da Barca, foi só mais um no qual a prefeitura foi acusada de irregularidades.
O padrão Duque de Caxias se repetiu, com ainda mais vexame, na Av. Marquês de Herval, que pelo menos oferece mais equipamentos públicos. No entanto, demorou muito mais tempo para ficar pronta. Afinal, a obra vivia parada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Yúdice, uma das piores coisas que aconteceram na gestão desastrada do diz-que prefeito foi o fim de projetos sociais como a bolsa-escola, a escola-circo e a escola-bosque - para ficar naqueles que envolvem menores.
Você já notou, por uma simples lida nos jornais, como aumentou nos últimos tempos a participação de menores nos latrocínios ocorridos em Belém?
Se os tucanos - faço-lhes menção porque foram eles os verdadeiros (ir)responsáveis pela eleição de Duciomar Costa para a prefeitura - tanto se gabavam do bolsa-escola dos governos FHC, em contraposição ao bolsa-família da gestão Lula, por que não negociaram (ou impuseram, como gostavam de fazer) sua inclusão no programa de governo do prefeito ponte-aérea?
Outra péssima ação, no meu entender, foi a desativação das casas de tratamento de deficientes mentais. Não há mais, na cidade, a menor política de saúde que garanta dignidade aos portadores de necessidades especiais.
Na realidade, as coisas boas das gestões anteriores foram todas desarticuladas, sem que nada ocupasse seu lugar. Até Hélio Gueiros foi melhor prefeito que Duciomar Costa.

Yúdice Andrade disse...

Excelente contribuição, Francisco. Transformarei em post amanhã. Preciso de contribuições como a sua, para saber de mais mazelas da prefeitura, ter informações para argumentar e, é claro, expor opiniões além das minhas. Um abraço.