domingo, 21 de janeiro de 2007

O jeito TAM de voar — Um novo sobrevoo

Publicado originalmente no dia 11 de janeiro. Modificado no dia 21, a partir das 20h58:

A TAM progrediu a olhos vistos e, com a falência da VARIG, tornou-se a maior companhia aérea do país, defendendo um modo particular de operar e de se relacionar com os clientes. Era o jeito TAM de servir. Com esse discurso de estamos-felizes-por-servir-você-plenamente, estendendo tapetes vermelhos em cada aeroporto, caprichando nos sorrisos de seus "colaboradores" (eufemismo para empregado ou funcionário), apresentando aeronaves com aparência mais sofisticada, foi ganhando terreno até chegar ao topo. Mas tudo que sobe tem que descer, certo?
O final de 2006 foi penoso para a TAM, principal envolvida na crise aérea que assolou o país. A empresa afirma que houve uma conjugação de fatores, tais como adversidades meteorológicas e panes nos sistemas de controle de voo. Certamente, isso procede, mas ninguém engoliu ainda a "manutenção preventiva" simultânea de seis aeronaves, num momento de grande necessidade delas. O discurso era o de segurança, claro, mas ainda assim é estranho.
O fato é que o padrão TAM de qualidade, antes reconhecido e merecido, caiu vertiginosamente. Basta ver aquele lanchinho medíocre que eles servem. Sandubinha sabor plástico. Um nojo.
Mas na minha viagem de retorno de Florianópolis, no dia 10 último, passei por uma situação inédita e, para mim, impensável. Como toda boa criança, só gosto de viajar na janelinha e, para conseguir uma, fui alocado com minha esposa na cozinha do avião, na última fila, a de número 29, para o trecho final do percurso. Embarcamos no aeroporto de Brasília, lotado, com uma mulher aos gritos, porque perdera o voo para Palmas devido a sucessivas mudanças de local de embarque. Meu embarque também mudou bastante: do portão 4 para o A e depois para o 2. Tudo isso em 10 minutos.
Embarcamos e atravessamos a aeronave inteira para, pasmem, descobrir que ela não possuía a fileira 29!!! Além de mim e minha esposa, outro senhor estava na mesma situação. Ou seja, como se não bastasse o overbooking, a sacanagem de vender mais passagens do que o número de vagas, a TAM inaugurou a acomodação de passageiros em assentos que não existem!! Não é demais?
Graças a Deus, como o voo não estava lotado, não tivemos problemas. Até descolei uma janelinha (para ver Belém surgir entre luzes, coisa que adoro). Mas nunca aceitarei que um erro assim aconteça. Afinal, para definir os assentos o funcionário consulta uma tela que indica cada local do avião. Como é possível que o sistema não indique que se trata de uma aeronave menor? Por favor, ninguém tente me explicar.
Está próximo o dia em que, também nos aviões, viajaremos na poltrona X. Para quem não entendeu a piada, fique em pé e faça um X com o corpo.
Precisei, então, ir a Santarém. Eu e minha esposa levávamos uma criança conosco. No check in, fomos os três alocados numa mesma fileira. Ao entrarmos no avião, encontramos pessoas sentadas em nossos lugares e ali recebemos a informação: naquele trecho, os assentos eram livres, como o comandante anunciou pela fonia. Ora, se os assentos eram livres, por que perdemos tempo no balcão, esperando a colaboradora achar três assentos juntos?
E hoje, por fim, no retorno, o atencioso colaborador se esforçou por colocar a criança junto conosco. Maravilha. Exceto porque nos alocou na fileira 13, ou seja, saída de emergência, onde crianças não podem viajar. Graças a esse lapso, nossa acompanhante ficou num corredor, minha esposa do outro lado, também no corredor, e eu na minha janelinha, filas atrás, sozinho. Uma legítima viagem em família, que me deixou a certeza de que a equipe TAM de terra simplesmente não sabe o que faz.
E a minha poltrona ainda estava com defeito: se eu me encostasse, reclinava, o que me custava a chatice do comissário me mandando colocar o encosto de volta na vertical. Que tal?
Pelo menos chegamos. Graças a Deus.

2 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Yúdice, eu te disse que não era para tu voltares de Floripa. Vai ver que 29 era o número de uma suíte em alguma pousada em Balneário Camboriú, cortesia TAM.
Agora falando sério: que falta de respeito ein mestre? Imagine se o avião estivesse lotado...!?

Yúdice Andrade disse...

Pois é, Fred. É isso que dá não te escutar.
E se o avião estivesse lotado, agora eu estaria preso pela prática do crime do art. 261 do Código Penal: atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo.