O Brasil subterrâneo deu uma prova de sua força, ontem: os 74 deputados federais que são investigados pelo Ministério Público ou estão sendo processados pela Justiça foram consagrados no Congresso. O País — viu-se — escancarou a porteira da censura moral: os foras-da-lei (ou acima-da-lei) não precisam mais forrar a cara para fazer pose. Esfolam e se locupletam e são eleitos e festejados. Pobre Brasil!Antes das desculpas de compromisso partidário e de governabilidade, nossos parlamentares deveriam abrir os olhos para a questão ética, se é que eles conhecem ou ainda são sensíveis a isso, escolhendo um nome decente para conduzi-los ou presidi-los.
Não foi nenhum cientista político, ativista social, brasilianista estrangeiro ou mesmo um cidadão comum indignado que proferiu o desabafo acima. Foi o "Repórter 70", de O Liberal. Isso mesmo, aquele insuspeito periódico local, que vive um momento de inferno astral por ter perdido a simbiose com os Poderes Executivo e Legislativo.
As palavras ásperas acima são uma sábia verdade. O problema é que falar as verdades que todo mundo quer ouvir/ler fica mais fácil quando não estamos no privilegiado círculo dos que se locupletam das imoralidades combatidas. É por isso que todo mundo fala mal dos políticos. Por isso é fácil tacar pedra nos juízes e seus vultosos vencimentos. Se o crítico estivesse no lugar, agiria diferente?
Por isso, a ironia da mensagem acima não é seu conteúdo, mas apenas a sua oportunidade. Bastaria que a tucanalha continuasse no poder para que a pauta do R70 fosse sobre qualquer coisa irrelevante ou, se tratando de política, menosprezando os vencidos e ratificando a glória dos vitoriosos.
Nada como não ter credibilidade. Nem a maior das verdades vale nada numa boca dessas.
2 comentários:
Calma, amigo!
Há profissionais de bom-senso por lá. Podem até ser poucos mas há. Obedecem ordens. Precisam sobreviver. Ou você acha que o silêncio do grupo em relação ao caso Funtelpa não causa desconforto em alguns jornalistas sérios. Aliás, em todos, até nos do grupo adversário.
Será que ao atacarem o ladravaz não prestam um serviço de utilidade pública? De esclarecimento ao eleitorado?
Edifiquemos as verdades e malhemos as maldades do dono e seu grupelho. Alguém que expressa repulsão aos corruptos reeleitos é digno de aplausos.
Ademais, pense em como seria se o grupo em questão definhasse. Quanto poder estaria nas mãos do adversário, o ladravaz dos ladravazes, agora aliado do PT e com as chaves do estado nas mãos?
Devemos malhar para reequilibrar as forças políticas de nosso estado. É o que está acontecendo agora.
Eles vão deitar a arrogância com essa pá de terra que estão levando.
De toda forma, que paguem o preço.
Não esqueçamos de que o outro faz a mesma coisa. Sempre fez. O passado revela e o futuro clareará. Apenas no momento é mais simpático.
Lembre-se: se mantivermos as velas enfunadas incondicionalmente, o breve vento da história pode nos deixar de quilha para o ar.
Isso é política.
Essa é a idéia.
Um abraço
É claro que há profissionais decentes lá. Mas eles obedecem a ordens. Fazer o quê?
Mas o post foi escrito considerando que a coluna R70 expressa o pensamento do jornal. Logo, o que aparece ali deve ser a doutrina de que pretendem nos convencer. Aí fica duro engolir.
Quanto aos bons jornalistas, resta tremer.
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