segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Depois não querem que eu fale...

Publicado hoje na coluna R70 daquele jornal que, agora, fala mal do sedizente prefeito desta desafortunada cidade:

O Setransbel quer uma audiência com o prefeito Duciomar Costa em busca de justificativas convincentes sobre o preço cobrado por uma empresa de arte, indicada pela própria prefeitura, para dar o novo visual aos ônibus de Belém. A pintura dos detalhes marajoaras é obrigatória, assim como a aceitação do serviço prestado pela firma apontada. Cada ônibus custará R$ 1.800 aos cofres das empresas, valor que os empresários consideram exorbitante. Um detalhe: o dono da empresa é casado com a chefe de gabinete do prefeito.

Pergunto:
1. Qual a justificativa para mudar o visual dos ônibus de Belém? Considerando que ato administrativo sem finalidade é ilegal, que objetivo sério se pretende obter através dessa medida?
2. Só porque a conta será paga por empresas privadas, não significa que se dispense transparência na escolha da empresa que deve fazer o serviço de pintura dos veículos. Quais critérios determinaram a escolha dessa empresa?
3. É justo impor a um empresário um ônus de R$1.800,00 (por veículo) apenas para adequá-lo a um interesse estético?
4. Tal investimento traria algum benefício para os usuários do sistema de transportes públicos?
O sedizente é uma legítima cria da tucanalha: gasta em supérfluos luxuosos, ignorando as necessidades reais da população, maltratada em sua maioria pela pobreza. Muito mais importante do que um ônibus bonito, é um ônibus limpo, higiênico, silencioso, confortável, que passe nos horários certos e não deixe ninguém no meio do caminho. E que tenha motoristas e cobradores educados.
Sou a favor de mudanças capazes de deixar a cidade mais bonita, mesmo que seja apenas isso. Mas elas devem ser adotadas sem prejuízo das reais prioridades. Por exemplo: a nova pintura poderia ser usada nos ônibus que fossem adquiridos a partir de agora, sem a obrigatoriedade de repintar o que pintado está. Ou seja, quando acontece de fazer alguma coisa, o bicho do mato faz o que o gato enterra.

PS — Uma última perguntinha: estará o sedizente na cidade, para receber o solicitante da audiência? Se não estiver, a chefe de gabinete o receberá e, se é verdade que é a verdadeira prefeita, talvez acate os pedidos. Seria um assunto tratado em família mas, a bem da verdade, essa já não é praxe, mesmo, em todo lugar?

Um comentário:

Ivan Daniel disse...

Yúdice, estou de volta à cidade! Aos poucos vou me atualizando.
Abraço!