Um padre romeno foi condenado nesta segunda-feira a 14 anos de prisão pela morte de uma freira durante um ritual de exorcismo. Quatro madres receberam sentenças mais brandas por participação nos eventos que levaram à morte de irmã Irina Maricica Cornici, de apenas 23 anos.
A jovem freira cristã ortodoxa morreu em junho de 2005 no isolado convento da Santíssima Trindade, estabelecido em Tanacu, um vilarejo do norte da Romênia. Cornici passou vários dias amarrada, sem poder comer nem beber, e chegou a ser presa a uma cruz durante um ritual de exorcismo promovido pelo padre Daniel Petru Corogeanu, de 31 anos, um monge que atuava como capelão no convento. Além de Corogeanu, quatro freiras participaram do ritual. O tribunal da cidade nortista de Vaslui condenou o padre e as freiras pelo crime de manter Cornici em cárcere privado, durante o qual ocorreu a morte da religiosa.
Uma das freiras, Nicoleta Arcalianu, foi sentenciada a oito anos de prisão. As demais envolvidas - Adina Cepraga, Elena Otel e Simona Bardanas - foram condenadas a cinco anos de reclusão. Os advogados dos réus manifestaram a intenção de recorrer. Para eles, a sentença foi rigorosa demais. A morte de Cornici chocou a Romênia e levou a Igreja Ortodoxa a prometer reformas, inclusive testes psicológicos para aqueles que ingressam nos monastérios do país.
Será que a Igreja não precisa, antes de mais nada, repensar a sua liturgia e as suas práticas, antes de adequar as pessoas a elas? Nestes tempos, ainda há espaço para práticas medievais fundadas, apenas, na autoridade da fé?
A notícia lembra o filme O exorcismo de Emily Rose, que trata justamente da morte de uma jovem católica durante um processo de expulsão do demônio. O filme, que não é de terror, mas de tribunal, merece ser visto e discutido. Aliás, é justamente o ponto central que me inquieta. A Igreja quer testar a aptidão mental de seus membros? Pois a minha pergunta é ainda mais profunda: afinal, quem acredita que a prática do exorcismo seja realmente eficaz para expulsar demônios, admitindo essa nomenclatura para algo que não vai além de "maus Espíritos"?
8 comentários:
Muito melhor o novo lay-out. A cor preta cansa a vista e afasta o leitor
em texto um pouco mais lentos, mesmo os seus ótimos textos.
Você deve medir as visitas ao blog após a mudança e constatar cientificamente o que digo.
Abs e parabéns pela medida.
Yúdice,
É prática medieval, de verdade.
Tô com saudades de ti.
Um abraço,
Pedro
Adorei as cores do blog. Parabéns!
Abraços, Cris Moreno.
Yúdice, o ato de repensar os procedimentos da Igreja, em especial da Católica, passa pela necessidade de repensar o conceito de tempo. A este respeito, a discussão ainda parte das idéias de Santo Agostinho, o famoso e genial bispo de Hipona.
Efetivamente, o tempo não se move, para a Igreja, como para o mundo laico. A interpretação medieval da Bíblia chamou a atenção para este fato, ao tratar do tema dos milenaristas, que pugnavam pelo fim dos tempos na chegada do ano 1000, a partir da leitura literal do Apocalipse.
Mesmo sendo uma advertência tão antiga, ainda somos submetidos a tal interpretação: quem não lembra da febre de anúncios do fim do mundo, no crepúsculo do século XX?
Mas, apesar do apego ao misticismo, o rebanho católico também clama (como você mesmo bem expôs no post) pela adaptação da Igreja aos tempos modernos. Aliás, creio que ninguém discorda que se trata de um clamor muito válido. Por isso afirmei - mas claro que posso estar enganado - que a globalização e a conseqüente concretização do conceito de "aldeia global", preconizada por McLuhan nos anos 60/70, acabam por exigir do catolicismo a reconstrução da idéia de tempo. Acredito que a Igreja deva focar o objetivo de formar novos "doutores", com olhos voltados à realidade pós-moderna (internet, riscos de epidemias mundiais, mudança nos padrões de sexualidade, etc.), visando adaptar os dogmas aos tempos de hoje.
Val-André, grato pela aprovação e, principalmente, pelo "ótimos textos".
Cris, agora que o Blogger ficou civilizado quanto à personalização do blog, pude mexer, como há tempos queria, mas não sabia. Escolhi esses tons de azul porque me pareceram suaves. O conjunto ficou bonito, embora eu preferisse outras cores.
Nelito, eu é que sinto falta dos papos elevadíssimos que me proporcionavas na sala dos professores.
Francisco, isso não é um comentário: é uma aula. Eu deveria substituir o meu texto pelo teu.
Abraços a todos.
Yúdice, fico lisonjeado pelo elogio, mas o que expus são só pensamentos de quem, na realidade, não entende quase nada do assunto. Neste campo, a curiosidade é minha maior virtude.
Abraços.
P.S.: Faço meus os elogios dos demais comentaristas ao novo lay-out do blog. Ficou realmente muito mais agradável, apesar da tendência nefasta à cor de certo time de 3a divisão do nosso Estado.
Francisco, as divagações e curiosidades moveram os filósofos e, depois, os cientistas. São salutares e, quando bem conduzidas, trazem grandes benefícios.
Quanto ao novo visual do blog, esclareço que não gosto de futebol, por isso a opção pelo azul não teve relação com as cores de qualquer time. Por isso, podes me visitar despreocupado. Nesse campo, nada direi que possa te incomodar.
O que sempre importa, do ponto de vista de "webdesigners", é texto escuro em fundo claro. O contrário é pouco recomendável, como apropriadamente afirma o Val Mutran.
Parabéns!
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