segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Esclarecimentos acerca de postagem sobre composto emagrecedor

No dia 26 de dezembro do ano passado, publiquei a postagem "Se é natural, não faz mal", criticando a mania de magreza das mulheres de hoje e o consumo de medicamentos por esse público. Acabei de tomar conhecimento da resposta da farmacêutica responsável pelo produto que mencionei. Nem sei com ela me encontrou. Educadamente, ela me desancou. Como quem fala o que quer ouve o que não quer, publiquei o seu comentário e agora o reproduzo, para lhe dar a devida publicidade.

Boa tarde
Infelizmente eu só tomei conhecimento do seu comentário a respeito da minha farmácia de manipulação na data de hoje. Gostaria de aproveitar o seu blog para poder prestar alguns esclarecimentos básicos. Em primeiro lugar todos os medicamentos, sejam eles plantas, minerais, ou produros químicos precisam passar por testes regulamentados por orgãos nacionais e internacionais. Sendo assim novidade ou não precisa ser eficiente e seguro. Em segundo lugar, a garantia de qualidade de um medicamento manipulado se dá pela compra de matérias-primas de fornecedores qualificados, os quais precisam estar em dia com a ANVISA (Agencia nacional de Vigilancia Sanitária) e pelo processo de manipulação adequado, ou seja, que siga a legislação vigente, que conte com profissionais capacitados e com farmacêutico responsável presente e atuando em todas as etapas do processo de manipulação.
Portanto é de uma irresponsabilidade sem tamanho o seu comentário a respeito da garantia dos medicamentos manipulados na minha farmácia. Afinal o senhor não é nosso paciente, e presumo que nunca tenha nem entrado na Poções da Ilha, como o senhor pode falar a respeito de algo que não conhece?
Um medicamento só é manipulado a partir de um receituário, sendo assim mesmo que as ou os pacientes queiram utilizar Hoodia, qualquer fitoterápico, ou qualquer medicamento, precisam passar por uma consulta médica, e neste ponto realmente a reportagem é falha.
Concordo plenamente com a sua indignação a respeito da banalização da saúde para conseguir "um corpo perfeito" a qualquer custo, contudo este medicamento fitoterápico apresenta-se como excelente alternativa a vários tipos de tratamentos para emagrecer muito mais prejudiciais a saúde. Críticas sempre são bem-vindas, e um dos deveres do farmacêutico é prestar esclarecimentos aos leigos sobre todos os tipos de medicação.
Portanto quero me colocar a sua disposição para qualquer esclarecimento a respeito de qualquer tipo de medicação.
Atenciosamente,
Juliana Chaves Taffarel Rolla
CRF/SC 6429
juliana@pocoesdailha.com.br

Publicada a resposta, direito assegurado constitucionalmente, tenho a dizer o seguinte:

1. A nota, de fato, não afirma que o produto era manipulado sem receita. Ao tomar isso como premissa, pequei e por isso reproduzo a nota inclusive com o "irresponsabilidade sem tamanho". Afinal, quem me é próximo sabe que uma das coisas que mais detesto é gente que fala do que não sabe. Por isso, sou forçado a me redimir publicamente.

2. Admito que minha errônea suposição se originou do fato notório de que tais remédios são consumidos aleatoriamente. Assim, escrevi impulsivamente. Porém, se a manipulação sem receita não ocorre na Poções da Ilha, ela ocorre em toda parte. Peço desculpas, apenas, por não ter feito ressalvas.

3. À exceção do item 5 do meu texto, em que pequei, todas as minhas demais opiniões ficam ratificadas. Reputo-as justas.

4. Sugiro à farmacêutica responsável que seja mais exigente com o que se publica sobre o seu trabalho, assim como fez comigo. Uma publicidade como a que critiquei pode induzir outras pessoas a erro. Pior do que isso, é induzir incautos a consumir produtos inseguros ou, se confiáveis, de forma insegura.

5. Se meus amigos médicos puderem opinar a respeito, agradeço.
Saúde a todos nós.

7 comentários:

CJK disse...

Prezado Yúdice, eu havia lido algo a respeito do Hoodia, mas decidi confirmar. Não sou médico, como você sou um militante operário do Direito.
Avise a sua amiga farmaceutica que desde o dia 15/02/2007 está PROIBIDA a manipulação e a propaganda da substância Hoodia Gordonii. A Anvisa determinou, em todo o país, a proibição da manipulação de todos os medicamentos à base de Hoodia Gordonii, um extrato vegetal originário da África, e tem sido utilizado popularmente como inibidor de fome e sede, mas que NÃO possui registro na Anvisa. A determinação foi publicada no Diário Oficial da União de 16/02/2007.
O referido produto não possui registro como medicamento em nenhum país do mundo, e os estudos científicos a que foi submetida a substância Hoodia-Gordonii não constataram sua eficácia e segurança. Não há como assegurar a ação do produto, tampouco a ausência de riscos para quem consumir o vegetal.

Agora o que é melhor para nós advogados, penalidades: os estabelecimentos que continuarem a oferecer a substância ou fizerem propaganda enganosa do produto cometem infração sanitária. Os responsáveis pela venda e promoção da Hoodia Gordonii estarão sujeitos a penalidades previstas na Lei n.6437/77, como multas, interdição do estabelecimento ou cancelamento do alvará de licenciamento.

Ivan Daniel disse...

Yúdice, após ter lido esse post ontem, tentei fazer um comentário a respeito da rapidez da informação na blogosfera, mas deu erro na hora de enviar. Falei de como uma simples palavra ou frase postada do outro lado do planeta pode chegar aqui, ou retornar ao seu autor, em forma de textos longos, nem sempre simpáticos ou fiéis à idéia original. O fato é que sempre há grande possibilidade de retorno direto.
Também tinha elogiado tua atitude justa ao publicar a resposta na íntegra da farmacêutica responsável pelo estabelecimento mencionado, mostrando que o Arbítrio do Yúdice é um espaço de muita dignidade e nem um pouco prepotente. O diálogo aqui é sempre aberto e claro.
Feitas as devidas retratações e as ratificações de pontos indiscutíveis pelo poster, chega a informação (via blogosfera) de que medicamentos à base de Hoodia gordonii estão proibidos pela ANVISA, o que pode ser confirmado no link http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2007/160207.htm
Com a palavra, farmacêutica Juliana Chaves Taffarel Rolla.

Yúdice Andrade disse...

CJK, importantíssimas as informações trazidas por você. Até me sinto menos culpado, agora. Já convidei a farmacêutica responsável pela Poções da Ilha a voltar ao blog e ler meus novos comentários. Agora, com os seus, tenho ainda maior expectativa de que ela o faça e se manifeste.

Carlos Barretto  disse...

À ilustre missivista, antes mesmo de tomar conhecimento da medida proibitiva da ANVISA (que o Francisco Rocha muito apropriadamente lembrou), já iria desafiá-la a mostrar os tais trabalhos científicos que reúnam nível de evidência razoável sobre seus efeitos principais (se é que existem) e de seus colaterais. Apenas isso.
Espero que na resposta inclua as referências (com base na medicina baseada em evidências) provando a eficácia e segurança. De outra forma, Yúdice, não aceite nenhum outro trabalho. Na literatura científica mundial, existem muitos trabalhinhos nada sérios ou mesmo totalmente desacreditados seja pela metodologia simplista utilizada na pesquisa, seja pela não reprodução dos mesmos resultados em outros centros, necessária para sua validação internacional e reconhecimento da comunidade científica. Em especial no tocante a produtos farmacêuticos, as exigências de "acreditação" são implacáveis. No ano passado, um importante anti-inflamatório foi retirado do mercado pelo FDA americano pois estava provocando óbitos por arritmias em seus usuários. E os produtos artesanais de origem natural, mesmo quando não provados seus efeitos principais, não estão livres de malefícios. Exemplo é o chamado chá de sacaca, antigamente recomendado no tratamento de algumas "doenças", que acabou proibido quando trabalhos mostravam que ele estava de fato levando a hepatite medicamentosa.
Parece que no final das contas quem está falando sobre o que de fato não conhece, é a autora da "resposta".
Nada contra as farmácias de manipulação e muito menos contra os farmacêuticos. Existem inúmeros exemplos de seriedade neste particular, incluindo algumas excelentes aqui mesmo em nossa terrinha, que atuam com responsabilidade, rigorosamente dentro da prescrição médica. Com a vantagem de fornecer um medicamento seguro com preço inferior ao regularmente industrializado.

Carlos Barretto  disse...

Desculpe. Acabei atribuindo ao Francisco Rocha e não ao querido CJK a autoria da notícia de proibição da ANVISA do "medicamento" em questão.
Ponto para o CJ!

Anônimo disse...

Flanar, nem deu tempo de agradecer e corrigir a atribuição do lúcido comentário. Mas, realmente, medicina e saúde não são meu forte...

Francisco Rocha Junior

Carlos Barretto  disse...

Ahahah! Ooops! Desculpe a minha falha Francisco. Mas ela é decorrente de vc ser também um ativo e lúcido participante da blogosfera, sempre com comentários extremamente equilibrados e instigantes.
A exemplo do CJK, vcs de fato fazem a alma da blogosfera.
Abraços