quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Com os meus não!

A imprensa noticia, hoje, que um coronel (que tal a patente?) da Polícia Militar teria hostilizado um jornalista, tentando impedi-lo de fotografar o cabo PM Jeferson Lobato Santos no momento em que era "consolado pela esposa, na Delegacia Geral, antes da prisão e transferência para o presídio Anastácio das Neves". Se não ligou o nome à pessoa, o cabo vem a ser o cidadão que, após ser rechaçado por uma jovem, socou-lhe a face e deu-lhe três tiros pelas costas, deixando-a paraplégica.
O interessante, o engraçado, o curioso é que quando o preso não pertence à corporação, quando é um desses zé ninguéns que a todo momento são presos, os policiais civis e militares não apenas permitem como obrigam o sujeito a se deixar fotografar pela imprensa policial, aquele setor do jornalismo que sobrevive do gosto por sangue que boa parte da sociedade tem. Como policiais e repórteres policiais são amigões, ajudam-se mutuamente. São comuns as fotografias, nos jornais, de agentes segurando o rosto do preso, obrigando-o a olhar para a câmera. Sem falar naquelas simulações ridículas, em que o preso, algemado, tem que posar segurando a arma ou o produto do crime. Situação similar e ainda mais grave ocorre em programas televisivos.
A exposição desautorizada da imagem de uma pessoa viola os seus direitos de personalidade. Mas preso não tem direitos, certo? Muito menos de personalidade, já que se lhe nega a condição de pessoa. Isto, é claro, se ele não for colega de farda. Ou de farra, de copo, etc.

3 comentários:

Ana Miranda disse...

Acho que o que mais me chocou foi o "consolado pela esposa, na Delegacia Geral, antes da prisão e transferência para o presídio Anastácio das Neves".
Se o filho da p**a fosse meu marido, estaria capado uma hora dessas.
Que ele mofe na prisão comum.

Alan Wantuir disse...

Caro professor, não somos tão amigos assim. Dia 10.01 do corrente ano, eu sendo policial civil, fui espancado por um PM e quando cheguei na Seccional da Sacramenta pra registrar ocorrência policial, ainda virei acusado lá. Não é tão assim como voçê explicitou!

Yúdice Andrade disse...

Acredito, Ana, que a minha ética pessoal me faria repudiar um membro da família que cometesse um crime bárbaro. Ao elucubrar sobre tal hipótese, sempre me vejo empenhado em assegurar a condenação do sujeito.

Alan, essas distorções existem, mas penso que a exceção confirma a regra. Além do mais, não se trata de amizade, e sim de interesses comuns.
Lamento pelo que te aconteceu. Há muitos sujeitos completamente desequilibrados soltos na rua, armados e uniformizados, expondo a perigo todos nós. Se agridem um outro policial, imagine o que não farão contra uma vítima indefesa?
Minha solidariedade. Espero que o culpado seja punido.