sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Histórias terríveis

Clicando aqui, você toma conhecimento de uma lamentável história de vidas que se vão perdendo pelo abandono parental e falta de valores éticos, que leva à sensação de vazio, às drogas e ao crime. Crime que não é sinônimo de violência, mas que a cada dia se confunde mais com ela, devido à banalização de ambos.
É tudo tétrico. Mas tétricos mesmo são os comentários que se seguem à reportagem, revelando uma sociedade em níveis absurdos de intolerância, insensibilidade e desumanidade. E estes são os cidadãos de bem. Imagine se não fossem.
Meninos e comentaristas: personagens de um mesmo drama, não se reconhecem como parceiros de desgraça. Contudo, estão mais nivelados do que pensam.

PS Felizmente, a reportagem foi redigida num tom humano que vemos cada vez menos. Pelo incomum, vale um elogio.
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4 comentários:

Ana Miranda disse...

Caro Yúdice, eu não vou criticar os comentários.
Acho que os "cidadãos de bem" estão cansados da violência que assola esse país e, erroneamente, acham que punir os menores infratores com mais rigor seria a solução do problema, mas todos nós sabemos que não é bem assim.
O que eu mais queria é que essa revolta dos "cidadãos de bem" servisse de motivo para cobrar do poder público uma atitude em relação a essas crianças sem esperança nenhuma na vida.
Que essa revolta servisse para que se escolhessse melhor as pessoas que vão governar nosso país, nosso estado, nosso município.
Com o dinheiro que é desviado por esses filhos de uma boa p**a, daria para solucionar parte do problema.
Essas crianças querem pelo menos ter a chance de sonhar, de imaginar que se elas estudarem, forem melhores pessoas, serão recompensados com um emprego e um salário digno, mas esses monstros que governam para si e para os seus, não estão nem aí, e quem "paga o pato" somos nós, cidadãos comuns que estamos à mercê de toda essa violência.
Eles, os verdadeiros bandidos, (todo político corrupto, para mim, é um bandido, um assassino em potencial, pois ele financia a violência ao tirar a oportunidade das pessoas) estão protegidos em suas casas cheias de alarmes, em seus carros blindados, com suas vidinhas cor de rosa perfeita.
Desculpe-me o desabafo, queria falar (escrever) por mais umas 2 horas...

Yúdice Andrade disse...

Ana, quando me vires falando em "cidadãos de bem", podes ter certeza que é um deboche. Porque em geral esses moralistas de plantão cobram dos outros uma ética que eles mesmos não possuem. Querem ver morta uma criança que furtou um Playstation, mas sabem enganar o consumidor quando vendem alguma coisa, sabem fraudar o serviço que realizam, sabem dirigir embriagados, sabem brigar em boate, etc.
Calhordas. Não lhes tenho o menor respeito. Pessoas sensatas, munidas de críticas justas, sempre se expressam de modo mais coerente e racional.

Anônimo disse...

Será que posso invocar algum deus para demonstrar mnha surpresa com essa matéria? Aqui começo a compreender que a justiça do "dar porrada, prender, humilhar" não tem resultado nenhum.
Como socializar, educar, ensinar uma criança nessa situação? (não se pode nem utilizar o termo RE-educar, pois nunca ocorreu de fato algo nesse sentido).
O roubo não foi de um playstation realizado por uma criança, foi de algo muito mais valioso: a infância foi roubada, e por uma sociedade que se proclama civilmente organizada.
Talvez organizada demais, como disse Ana Miranda, em suas "vidinhas cor de rosa perfeita", somente...
Leonardo

Ana Miranda disse...

Nisso eu concordo plenamente contigo.
Aceitar pagar uma cervejinha para o guarda para não ser multado, comprar pela metade do preço um produto que não se sabe a procedência, entre outras coisas, é tão corrupção quanto o que os políticos fazem.
E detalhe: São feitas pelas pessoas, "ditas" de bem...

Como socializar, educar, ensinar uma criança nessa situação? (não se pode nem utilizar o termo RE-educar, pois nunca ocorreu de fato algo nesse sentido). Leonardo, você disse tudo.