quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Você conhece Belém? — Teste 3

A colonização portuguesa nos trouxe uma pesada influência do Catolicismo, que foi a religião oficial do Brasil Império, deixou de sê-lo com a proclamação da República, mas permanece predominante até os nossos dias. Por isso, perscrutar as tradições populares implica num inevitável reconhecimento de usos e costumes católicos, tais como a necessidade de utilizar elementos materiais para servir de referencial aos atos de fé. O maior símbolo católico é a cruz.
Isto explica, ao menos um pouco, porque na Belém antiga havia o hábito de construir cruzeiros. Eles eram enormes cruzes de madeira, fincados num pedestal, para onde convergiam os fieis por ocasião de suas celebrações, dias santos e congêneres. Construídos em pontos que facilitassem a reunião das pessoas, não eram locais consagrados pela Igreja, mas sem dúvida gozavam de respeito sacro pelos fieis. Afinal, na falta de uma igreja, era neles que se rezava. Chegou o dia de finados e você não pode ir ao cemitério? Acenda a vela em intenção ao seu ente querido falecido ao pé do cruzeiro que vale.
Isto faz mais sentido se nos lembrarmos que, décadas atrás, Belém era uma cidade muito diferente. Além de que não havia tantas igrejas (aliás, nem tantos habitantes), a mobilidade no espaço urbano era bastante prejudicada. Construída às margens da Baía do Guajará e do Rio Guamá, entremeada por um sem número de igarapés (boa parte dos quais nem existe mais), Belém era pantanosa. Ir de um ponto a outro podia não ser tão simples, ainda mais com um precário sistema de transporte público. Por isso, a existência dos cruzeiros aliviava as dificuldades das camadas mais humildes de chegar aos locais de celebração.
Muitos anos atrás, li (sabe-se lá onde) que, àquela altura, restavam somente três cruzeiros em Belém. Bote uns 20 anos nisso, pelo menos. Não tenho como confirmar a veracidade desta informação. Aliás, a sequência de postagens temáticas que ora se inicia destina-se, justamente, a ver se consigo aprender alguma coisa sobre este interessante assunto.
O fato é que eu conheço três e somente três cruzeiros que continuam de pé. E o mais novo desafio da série Você conhece Belém? é este: onde estão localizados os três cruzeiros de Belém?
Desta vez, não apresentarei imagens logo de saída. Quero saber se alguém realmente sabe onde eles se encontram. As imagens virão depois, para comprovar a localização.
Aliás, não serão três, apenas dois. Para facilitar a coisa, apresentarei desde logo o cruzeiro que me parece mais fácil de recordar, embora não seja o mais fácil de ver, a menos que costumemos transitar por aquelas bandas.
Quando você quer degustar um peixe saboroso, tomar uma água de coco geladinha sentindo a brisa do rio e comprar um artesanato de cerâmica, aonde vai? Icoaraci, claro. Você escolhe um lugar para ficar na bela orla, que foi urbanizada anos atrás, na época em que Belém tinha prefeito. E bem nesta ponta...
...onde foi construída uma pracinha, você se depara com isto:
Hoje em estrutura de concreto e com a finalidade religiosa minorada pela presença de uma igreja a poucos metros e, sobretudo, pelo azáfama que se forma na orla ao cair da tarde, sobretudo nos finais de semana e feriados, o antigo oratório já foi uma referência importante para a comunidade local. Basta lembrar o nome da principal praia da Vila Sorriso, que fica logo ao lado: Cruzeiro. Aliás, esse é o nome do bairro.
Então o desafio está lançado: onde estão os dois últimos cruzeiros de Belém?
Um deles me parece bem fácil, porque se localiza numa das mais importantes vias de ligação dos bairros ao centro da cidade. O outro, contudo, considero difícil, porque está erigido numa rua secundária e não pode ser visto por quem simplesmente passa. É preciso saber onde ele está. Mas, pelo menos, com isso o Fernando vai ter um pouco mais de trabalho, certo?

7 comentários:

Arthur Laércio Homci disse...

Yúdice,

Não sei se este cruzeiro está na sua contagem, mas existe um que fina no início da Rua do Una, próximo à Trav. Coronel Luiz Bentes, no bairro do Telégrafo.

Pelo que sei dessas bandas de cá, esse cruzeiro foi construído há muitos anos nesse local.

Espero ter acertado!

Yúdice Andrade disse...

Tinha que entrar na contagem, Arthur. É ele mesmo. Já vou divulgar.

Adelino Neto disse...

Bom, vou dar a minha humilde contribuição. O outro fica no bairro de Fátima, bem próximo ao início da avenida Antônio Barreto. Não sei o nome exato da passagem onde está localizado, mas é ali.

Adelino Neto

Yúdice Andrade disse...

É lá, mesmo, Adelino. Com isso, encerraste o desafio. Mais tarde farei a postagem respectiva.

Adelino Neto disse...

Êêêêêêê!!!!! :-D

Eu sabia que era ali mesmo. Sempre passava por ali com meu pai, desde quando o bairro ainda se chamava Matinha. É uma imagem que guardo na memória desde pequeno. Agora, você sabe o nome exato daquela rua (ou seria passagem?)? Apenas pra eu me situar melhor.

Forte abraço!

Adelino Neto

Anônimo disse...

Olá! Tu lançaste um desafio pra quem encontrasse os dois últimos cruzeiros de Belém, mas acho que esqueceste ou desconheces o Cruzeiro que fica no bairro da Cremação. Na avenida Alcindo Cacela esquinha com a rua São Miguel. Próximo a Feira da Cremação.


Cláudio Teixeira

Yúdice Andrade disse...

Cláudio, eu realmente não sabia. Muito obrigado pela informação. Vou dar a ela o devido destaque.