Considero Ney Matogrosso um dos maiores cantores brasileiros, por sua voz, afinação e presença de palco. Curiosamente, jamais vi um show dele. O último que ele realizou aqui em Belém, neste final de semana, me passou completamente despercebido, já que não vejo televisão nem ouço rádio. Hoje, deparei-me com matéria entusiasmada no Diário do Pará online. O motivo do entusiasmo não era o trabalho do cantor, mas ele ter caminhado na Praça da República altamente interessado em conhecer melhor o brega.
Um dos maiores medalhões da música brasileira dando trela ao brega é tudo que a imprensa ufanista e popularoide destas bandas poderia querer. Faz-se um esforço diuturno e permanente por vender esse produto como algo musicalmente bom e, pior, como expressão de uma cultura verdadeiramente autóctone do Pará. Mas já falei sobre isso em outras ocasiões e, confesso, já ando sem paciência. É uma guerra perdida: quem gosta de brega não verá seus defeitos; que não gosta, jamais admitirá que tenha alguma qualidade.
Compreendo a curiosidade de Ney Matogrosso. Ele é um artista e um experimentador. Se um dia colocar o brega no palco, decerto que não será essa mesma baboseira que aturamos por aqui, com sua batida invariável e letras estúpidas cantadas por gente que se esforça por manter um timbre fanho e esganiçado, principalmente as mulheres, que choramingam como gatos sob tortura. Será um brega estudado, digamos assim. E que pode ser muito ruim, com certeza. Mas será coisa do Ney e acabaremos perdoando. Notem, contudo, que ele se interessou pelos nossos tambores. Quem sabe no final das contas perceba que o brega não é exatamente o que ele busca.
Sem maiores valorações, leiam a matéria e tirem suas conclusões.
PS — A foto que ilustra esta postagem está sem o crédito porque a matéria original não informava o nome do autor.
5 comentários:
Coisas da vida: imagina você andando pela Praça da República e dando de cara com o Ney Matogrosso? Putz... nem sei o que faria, mas certamente ficaria enormemente feliz.
"Será um brega estudado." Ah, Yúdice, rsss..., assim tu me matas de rir.
Quem sabe não sai um gato preto na estrada a 78 rotações por minuto... rssss...
Eu também gostaria de encontrá-lo, Fernando. Não sou de tietagens, mas faria questão de dizer a ele de minha admiração. Até porque o fato de sair do hotel e se meter em meio ao povo já diz muito sobre o caráter e o temperamento do artista. Fosse outro, jamais chegaria perto do populacho.
Realmente, Fred, é engraçado. Tu me fizeste lembrar de um antigo LP do Secos & Molhados que tínhamos em casa. Sem dúvida, já era brega o bastante...
Yúdice, também não gosto do brega. Mas descobri que é por causa da péssima qualidade dos músicos, compositores, figurinistas etc. Se tem algum brega bem cantado ou executado, perdoem-me, mas ainda não ouvi. Mas confesso que acho o ritmo muito divertido! :^)
Gostaria de um dia ouvir uma música de brega feita por algum compositor de qualidade, com músicos de qualidade... Pode ser que fique bom. De verdade.
Por falar em música, mas em boa música, você já ouviu a Juliana Sinimbu e o Arthur Nogueira? Estão cantando com uma qualidade muito boa e com repertório muito legal. Vale a pena conferir.
Abraços,
Vlad.
Obs: Não é jabá! Não conheço nenhum dos dois! heheheheh
Obs: Tem uma música do Pearl Jam (banda de rock americana, no estilo grunge) que tem uma música que é um verdadeiro brega! Hahahahaha. Dá pra dançar brega direitinho ouvindo essa música! Heheheh. Dá uma conferida no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=tRUZOFbwfV8
Ahhh... Esqueci de dizer que eu acho que a música Soldier of Love é dos Beatles, mas a versão feita pelo Pearl Jam é que ficou no ritmo de brega.
Abraços.
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