Quando tomei conhecimento de que o jornalista Laurentino Gomes lançara o livro 1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil — um país que tinha tudo para dar errado (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010), fiquei preocupado que ele se tivesse deixado seduzir pelo sucesso do antecessor (1808), um surpreendente best seller num país que não gosta de ler e não valoriza sua própria História, e produzido uma obra mais focada no êxito editorial, no mercado, do que na capacidade de abrir os olhos desse mesmo povo inculto.
Fiquei ainda mais preocupado ao saber que o livro foi escrito em apenas sete meses, de novembro de 2009 a junho de 2010, como informa o próprio autor. Mas ele assegura que pesquisou durante três anos e, nessa empreitada, fez diversas viagens, inclusive a Portugal, onde teve acesso a documentos oficiais. Menos mal.
1822, ao menos até onde li (98 páginas), segue a qualidade da obra antecedente, que mereceu esta postagem aqui. Lá está a linguagem ágil e a capacidade de prender a atenção do leitor. Comecei a leitura esta manhã e ela prosseguiu de forma bastante incipiente e, mesmo assim, foi possível avançar. Para um apaixonado por História, como eu, decerto que será rápido vencer as suas 351 páginas.
Até aqui, há alguns aspectos sobre a formação do nosso país que me chamaram a atenção e sobre os quais pretendo escrever mais, amanhã. Por ora, outros compromissos me reclamam.
Boa noite por hoje e boa semana para todos.
7 comentários:
Sem querer ser metida, mas já sendo, eu tive a oportunidade de ir às palestras dele.
A primeira, quando ele lançou 1808 e ano passado com o livro 1822. Tenhos os dois livros dele autografados e meu filho o entrevistou para o caderno "Ilustrada" da Folha e ganhou dele o 1822.
Eu aprendi muito mais sobre a história do Brasil nas palestras dele do que nas salas de aula...
Caro Amigo,
Ainda não tive a oportunidade de ler a obra, mas tenho a impressão que ela me fará muito gosto, como foi com 1808. À época da publicação do primeiro livro, li várias críticas, assinadas por historiadores, sobre a simplicidade do livro. No entanto, após ler a obra, constatei que a sua grande virtude era justamente a clareza – e não simplicidade – das suas ideias, coisa não muito comum na leitura dos historiadores.
Aliás, fico impressionado com o poder de clareza na redação dos jornalistas (nem todos são assim, é claro). Confesso que tenho enorme inveja quando leio um texto como o de Laurentino, com uma precisão e concisão incríveis.
Enfim, a obra desse jornalista traz, sem dúvida, uma contribuição inestimável para o resgate da real história do Brasil.
P.S.: Gostaria de indicar, a ti e aos teus inúmeros leitores, uma obra excelente, de autoria de Roberto DaMatta, chamada O que faz do brasil, Brasil?. Nesse livro, o antropólogo e historiador faz apontamentos acerca da formação da personalidade do brasileiro a partir de alguns traços da formação histórica do país, tentando explicar a nossa brasilidade. É obra de fácil acesso, com editoração da Rocco.
Abraço.
Pode esperar então Yudice, porque na bienal do livro de 2013, o Laurentino Gomes vai lançar o 1889, narrando historicamente o período da proclamação da república.
yudice, jÁ LESTE A PARTE QUE ELE INFORMA QUE NO GRITO DA INDEPENDENCIA D.PEDRO ESTAVA MONTADO EM UM BURRO, NADA NAIS SINTOMÁTICO.
A abordagem é essencial para a aprendizagem, Ana. Um dos grandes desafios da educação brasileira, hoje, é encontrar mecanismos de diálogo com o corpo discente, ainda mais num mundo que privilegia a comunicação rápida e eficiente. Quando essas vias são encontradas, acontece isso que mencionaste: aprende-se com facilidade, rapidez e prazer.
Arthur, o livro, tal qual o seu antecessor, é dinâmico sem ser raso. Gosto das informações que apresenta e me sinto seguro em relação às fontes pesquisadas. Realmente considero um trabalho de valor.
Procurarei o livro que recomendaste, porque me interesso demais pelo tema.
Já conto com o lançamento dessa terceira obra, das 16h16. Se mantiver a qualidade, será muito bem vinda.
Sim, já li, das 17h20. Há outras coisas sintomáticas naquele acontecimento.
Deve ser a caganeira que acometia o príncipe.
Eu que não tenho simpatia por História também gostei dos livros dele.
Alexandre
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