No capítulo "Louco por dinheiro" de
1822, o jornalista Laurentino Gomes começa relatando uma visita oficial feita pelo então presidente da República José Sarney à famosa Abadia de Westminster, em Londres. O visitante pisou com desprezo numa lápide no chão, chamando de "corsário" ao dono do nome inscrito na mesma. Posteriormente, em uma entrevista, Sarney admitiu ter pisado "com gosto", por se tratar da sepultura de um sujeito pelo qual não tinha "nenhuma simpatia".
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Único Marquês do Maranhão
(1775-1860) |
A sepultura pertence a Thomas Alexander Cochrane, ou simplesmente Lord Cochcrane, mercenário escocês contratado por D. Pedro I para combater as tropas portuguesas, na luta pela independência do Brasil. Seu papel foi decisivo, mas Cochrane era, acima de tudo, um soldado de si mesmo. Lutava pelo próprio enriquecimento e, além da crueldade no trato com o inimigo, notabilizou-se também pelas pilhagens que fazia. Essa a razão pela qual os maranhenses odeiam com todas as forças a dita figura. Após recuperar São Luís para o império brasileiro, ele desembarcou na cidade e passou a régua em tudo que pode em matéria de bens materiais, uma colossal dilapidação.
Declaradamente, era contra isso que protestava Sarney. Mas como dizia alguém que não me lembro quem,
acho-te muita graça! Quando visitei a cidade maranhense de Alcântara, há poucos anos, eu e meu grupo fomos cercados por um monte de meninos, que se oferecem como guias turísticos. E todos eles têm na ponta da língua a história de um certo sino, localizado numa antiga fortaleza, que você deveria badalar após fazer um pedido. Detalhe: originalmente, eram
dois sinos. Mas um foi retirado para virar adorno na fazenda de um certo coronel, o mesmo que se teria adonado, também, do belo portal que guarnecia a entrada da antiga igreja da mesma Alcântara. Ele sacou a estrutura da parede!
É, meus e minhas, a coisa é fazer o que eu digo, mas não o que eu faço...
O pior é que essa praga nem sequer morre, para dar aos demais maranhenses o direito de pisar em sua lápide.
5 comentários:
Aos paraenses também caberia o direito de pisar em tão ilustre lápide.
Afinal de contas, grande parte da miséria e da criminalidade, urbana e rural, do nosso Estado se deve à política Sarney de "vão para o Pará que lá é onde tem terra e emprego".
E aqui, nas cidades, esses vagabundos roubam e matam noite e dia, sem qualquer chance de deportação. No campo, eles vêm com sede de causar arruaça e roubar o patrimônio alheio, com bispos e missionárias da pastoral da terra ansiosos por recebê-los, pagando-lhes a passagem.
No mais, ainda são receptores de desapropriações de terras por origem quilombola, apesar de essas comunidades serem só de maranhenses que moram no Pará.
Isto posto, vejo pleno direito de qualquer cidadão paraense de bem em pisar nesta lápide. E pelo levantamento de um muro, fechando a fronteira com o Maranhão e um tratado de extradição, mandando todos esses vagabundos de volta para lá, desde os políticos aos miseráveis.
Os iguais se conhecem e se admiram, no fundo o que o "el bigon" tem é uma grande admiração pelo chamado corsário que conseguiu saquear a sesmaria do Maranhão, sob a atual posse da família Sarney , antes do próprio, causando-lhe prejuizos de grande monta, o que ele não tolera.
(Comentando o comentario) Putz. Paraense nao suporta ver a xenofobia dos manauaras ou do "Sul Maravilha" para consigo e, como brasileiro, por vezes nao compreende as confusoes etnicas mundo afora, mas alguns pensam similarmente em relacao a maranhenses.
Mas concordo que, no fundo, o bigodudo deve admirar, nem que seja por inveja, o Cochrane. Afinal, o que falta ao Sarney e' um titulo de nobreza oficial do Estado, coisa que so' o gringo teve...
Das 13h47, compreendo a sua revolta. Mas não é do meu feitio repudiar pessoas por sua miserabilidade e muito menos tratá-las desde logo como criminosas. Sabemos que a migração de maranhenses para o Pará nos trouxe inúmeros problemas sociais, mas a solução é apenas impedir o acesso e discriminá-los? Não somos todos um só país? Não devemos agir com solidariedade, uns em relação aos outros? O desenvolvimento da nação não traria benefícios para todos?
Com efeito, Caio, também pensei em empatia. Talvez o motivo do ódio do bigodudo tenha sido o despeito por não ter podido saquear tanto quanto Cochrane.
Parabéns, amigo Yúdice, pelo texto lúcido e civilizado com que objetastes ao anônimo neonazista que pretende erguer muros e derrubar convicções. Esse tipo de pensamento anacrônico não merece guarida neste espaço.
Abraços,
André Carim
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